POLÊMICA

Fafá revela ameaças e filha sai em defesa da Varanda de Nazaré

A cantora paraense relatou ter sido ameaçada de apedrejamento e expulsão este ano por membros do Terço dos Homens

Foto: Irene Almeida
Foto: Irene Almeida

A cantora Fafá de Belém, idealizadora do projeto Varanda de Nazaré, que há 14 anos traz pessoas famosas de outros estados – cantores(as), atrizes e atores, etc – para conhecer e assistir as principais romarias do Círio, relatou ter sido ameaçada de apedrejamento e expulsão este ano. O plano teria sido arquitetado por membros do Terço dos Homens, grupo vinculado à Basílica de Nazaré.

A denúncia foi feita por ela mesma durante uma coletiva de imprensa realizada na Varanda, armada na Estação das Docas, no domingo, 13, logo após a passagem da berlinda. Fafá contou que o planejamento incluía o espalhamento de cartazes com mensagens difamatórias e ainda ataques divulgados em grupos de WhatsApp. A ideia era incitar que as pessoas a constrangessem a abandonar o local de onde assistia a romaria.

“Neste ano eu sofri uma violência muito grande. Dentro da Basílica, um grupo do Terço dos Homens convocou que eu fosse apedrejada na minha varanda, ou que fosse constrangida a ponto de me retirar. Espalharam cartazes, mandaram em grupos de WhatsApp, só que Nossa Senhora é tão maravilhosa que eu me preparei para isso ”, relatou Fafá.

Nesta terça-feira, 15, a filha da cantora, Mariana Belém, postou em seu perfil do Instagram fotos e vídeo mostrando pessoas apontando em riste o dedo do meio em direção à Varanda bem na hora que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré passa em frente a Estação das Docas.

“Alguém já viu ‘cristão’ ao lado de uma Santa mandando dedo do meio (sic) pros outros e fazendo discurso de ódio?”, questiona a legenda de uma foto publicada por Mariana destacando pessoas vestidas inteiramente de branco, e uma delas com a mão direita levantada em direção a Fafá, que aparece no canto da imagem.

Ela postou outros vídeos em tom de indignação, lembrando que todo o projeto da Varanda de Nazaré é executado via Lei Rouanet, e se dedicou a explicar como funciona a captação de recursos. “A gente apresenta o projeto, o projeto é aprovado e então vamos atrás de patrocínio. Toda a parte de prestação de contas é absolutamente ferrenho, existe um cachê determinado para o artista, um cachê determinado para as pessoas, se há uma vírgula fora do lugar sobre o dinheiro que foi empregado no projeto, a gente perde a Lei Rouanet”, detalhou.

Em seguida, Mariana dá informações sobre o tamanho do projeto, que inicia ainda na terça-feira da semana do Círio, com realização de fóruns, e fala sobre a logística que o projeto exige – locomoção por via aérea, terrestre e fluvial, hospedagens, contratação de pessoas, aluguel do espaço da Estação das Docas, transmissão em tempo real, dentre outros.

“Dito isso, vou apenas complementar: a minha mãe criou a Varanda de Nazaré porque quando ela ligava a televisão durante o segundo fim de semana de outubro, só se falava em quantos fieis tinham ido a Aparecida (SP), tipo 110 mil. E ela não entendia porque um evento que reúne três milhões de pessoas no domingo, a maior procissão mariana do mundo, não tinha visibilidade nacional. Então ela quis retribuir à terra [natal] o que a terra deu a ela”, destacou Mariana Belém.