Encontro+B Amazônia 2025

Evento reúne representantes de mais de 20 países em Belém

A capital paraense se transformou, nesta quarta (3), em palco de debates sobre sustentabilidade, negócios de impacto e futuro inclusivo

A Universidade Federal do Pará (Ufpa) abriu as portas para a sexta edição do Encontro+B Amazônia 2025, evento que reúne mais de 750 participantes de 20 países sob o lema “A raiz do futuro”. Foto: Antônio Melo
A Universidade Federal do Pará (Ufpa) abriu as portas para a sexta edição do Encontro+B Amazônia 2025, evento que reúne mais de 750 participantes de 20 países sob o lema “A raiz do futuro”. Foto: Antônio Melo

A capital paraense se transformou, nesta quarta-feira (3), em palco de debates globais sobre sustentabilidade, negócios de impacto e futuro econômico inclusivo. A Universidade Federal do Pará (Ufpa) abriu as portas para a sexta edição do Encontro+B Amazônia 2025, evento que reúne mais de 750 participantes de 20 países sob o lema “A raiz do futuro”. O evento finaliza no dia 5 de setembro – Dia da Amazônia.

A proposta é clara: conectar saberes ancestrais, empresas, governos e organizações para construir soluções concretas diante dos desafios sociais e ambientais, em um movimento que antecipa a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), também sediada em Belém.

O encontro, considerado o mais transcendental do movimento global – do Sistema B – na América Latina e Caribe, é descrito como um marco histórico, afinal, a edição 2025 é a primeira a acontecer na Amazônia, além de Belém sediar a COP 30. Francisco Murray, conhecido como Pancho, diretor executivo do Sistema B Internacional, destacou que “‘A Raíz de Futuro’ busca tornar visíveis as contradições que temos no mundo e encontrar os pontos de confluência”.

“Não podemos construir um futuro se não nos conectarmos com nossas raízes. Por isso, no primeiro dia, o foco principal é se conectar com o território e reconhecer o que significa Belém; e 70% das pessoas que vêm hoje aqui não a conhecem, é a primeira vez delas aqui, e não podemos construir nada se não sabemos onde estamos”, frisou sobre o território como ponto de partida. 

O encontro, que acontece a cada dois anos, permite que, “no Sistema B, como movimento, estamos mudando e revisando nossos padrões, a forma como fazemos a medição de impacto. E hoje vamos anunciar isso aqui. (…) é gerar possibilidades de conexão entre as pessoas, e buscar permanentemente as confluências entre todos os que estão aqui”, continuou.

Na programação desta quarta-feira, as discussões giraram em torno de ancestralidade como inspiração para negócios, diversidade, justiça social, direitos humanos, gestão ambiental e novas formas de medir impacto empresarial, é o que explica Jéssica Silva, co-diretora do Sistema B Brasil. Diante de todos os aspectos, a Amazônia é o centro de debates urgentes. 

“A Amazônia é o epicentro das discussões que precisamos ter sobre sociedade, meio ambiente, como a gente pensa a regeneração. Então, é a partir daqui, reconhecendo os saberes ancestrais, o que já vem das discussões pragmáticas e práticas sobre aspectos ambientais e sociais, a gente vai para o segundo dia – que é essa chamada por uma ação coletiva, mas não é uma ação qualquer – é aquela que reconhece as necessidades, sobretudo os espaços e territórios como esses que estamos aqui na Amazônia”, reforçou.

Ela lembra que a expectativa do encontro, a priori, era de receber 600 pessoas, mas havia sido superado cerca de 800 inscrições de participantes. “Assim como o Rio Negro e o Rio Solimões se impontam para transformar-se em Rio Amazonas, a gente possa aqui, também, fazer essas confluências”, ressaltou Jéssica. 

INTELIGÊNCIA COLETIVA À COP 30

A expectativa é de que o encontro gere um documento oficial a ser levado à COP 30, detalha Cinthia Gherardi, co-diretora do Sistema B Brasil, sobre coletar tudo o que vai acontecer ao longo dos dias, como “uma grande inteligência coletiva”. “Porque a nossa ideia é que esse evento não seja algo que acontece e aqui acaba. Então a gente quer coletar tudo isso, que vai ser transformado em um documento formal, uma carta que vai ser entregue, inclusive, à presidência da COP com propostas concretas”, ponderou sobre a atuação voltada para uma perspectiva de nova economia e propostas de mudança.

Gherardi pontua que o evento não pode ser visto como um “oportunismo de ser um pré-COP”, mas uma “grande oportunidade e também uma grande responsabilidade”, e é para além da COP “com o legado que quer deixar daquelas mudanças que a gente entende necessárias como movimento”.

A relevância do evento também foi reforçada pelo reitor da Ufpa, Gilmar Pereira da Silva, que deu as boas-vindas aos participantes destacando o papel da universidade e os desafios amazônicos. “A Amazônia é grande. Nós somos um pedaço da Amazônia. Só para vocês terem ideia, a Amazônia brasileira tem um território que a gente arredonda para 60%, mas é 59% do Brasil”, iniciou. 

“Qualquer coisa para se fazer a Amazônia já é um grande desafio. Fazer ciência e produzir conhecimento na Amazônia é diferente de todo o resto do país. A Ufpa, que acaba de completar 68 anos, está presente em 82 municípios, com ensino, pesquisa e extensão, em diálogo com os setores governamentais e produtivos”, continuou.

O Encontro+B terá painéis, plenárias, rodas de conversa e imersões no território. Neste dia 4, a pauta é a “ação coletiva – uma mensagem para o mundo”; e, para finalizar,  no dia 5 de setembro, será celebrado o Dia da Amazônia com experiências imersivas na cidade para viver a Amazônia na própria Amazônia.

MINISTRA

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, enviou uma mensagem especial para o evento, ressaltando a Amazônia como pilar vital para um futuro sustentável. “A maior floresta tropical do planeta merece toda a atenção e aproveitamento inteligente e sustentável de tudo o que nos oferece”, disse.

Marina também destacou a importância de um compromisso coletivo. “É muito importante quando um setor da nossa economia se lança a fazer sua parte”, ressaltou, destacando a aliança entre empresários e a comunidade ao acolher o convite da COP30 e do Círculo do Balanço Ético Global, que promove uma escuta ética e planetária sobre a crise climática, unindo lideranças sociais, culturais, espirituais, empresariais, científicas e políticas em diálogos intercontinentais e em eventos independentes organizados pela sociedade.

Ao finalizar sua mensagem, a ministra desejou um encontro produtivo a todos os participantes, incentivando-os a levar propostas à COP 30 sob o direcionamento do Balanço Ético Geral (BEG). Reforçando o compromisso com a proteção ambiental e justiça social, o seu objetivo é garantir que a edição brasileira se torne um marco de referência em sustentabilidade global.