No bairro Satélite, em Belém, um campo de futebol improvisado se tornou ponto de encontro para mais do que apenas treinos: ali, nascem sonhos. É onde funciona o Botelho FC, um projeto social que transforma paixão em oportunidade, revelando talentos da bola e, principalmente, mudando o rumo da vida de adolescentes de diferentes regiões do Pará.
O projeto nasceu em agosto de 2021, a partir de uma parceria entre Eder Botelho e o professor Rodrigo Chagas, que treinava crianças no bairro do Guamá, em Belém. Começou com apenas seis inscritos, ainda com treinos de futsal. Logo a ideia cresceu, migrou para o campo e ganhou identidade própria. “Nosso objetivo sempre foi transformar vidas por meio do esporte, trazendo qualidade de vida e oportunidade para quem muitas vezes é invisível”, explica Eder, fundador e mantenedor do projeto.
Mais do que jogadores, cidadãos
Hoje, o Botelho FC atende 120 jovens, com idades entre 13 e 17 anos, vindos de diferentes municípios do Pará. O principal critério para fazer parte do time é simples, mas essencial: estar estudando. “Aqui, cobramos disciplina e frequência escolar. Queremos formar atletas, mas principalmente formar cidadãos”, afirma Botelho.
A equipe atualmente treina no campo do bairro Satélite, após o fim de um contrato com o antigo campo no Hospital da Aeronáutica. A estrutura é modesta, e não há patrocínio ou apoio oficial. “O projeto é custeado por mim e, às vezes, com ajuda de alguns pais dos atletas. Mesmo sem grandes recursos, seguimos acreditando no potencial desses meninos”, diz o idealizador.
Do bairro para o Brasil
Um dos maiores orgulhos do projeto é o jovem João Henrique, revelado pelo Botelho FC e hoje atleta do Desportivo Brasil, onde disputa o Campeonato Paulista. Mas ele não é o único a chamar atenção. Outros jovens também vêm sendo monitorados por clubes maiores. “A cada menino que consegue trilhar esse caminho, outros se inspiram. E isso muda vidas”, destaca Eder.
A seleção de novos atletas é feita por meio de observação em campeonatos, parcerias com escolinhas e indicações, sempre buscando garotos com potencial e, principalmente, vontade de vencer. “Temos parcerias que nos ajudam a filtrar talentos. Não queremos deixar ninguém de fora por falta de oportunidade”, completa.
Futuro promissor, mesmo com desafios
Apesar dos avanços, os desafios seguem grandes. A falta de apoio financeiro e estrutura limita o crescimento do projeto, mas não abala a vontade de fazer a diferença. Entre os planos para o futuro estão a criação de categorias femininas e a transformação do Botelho FC em um centro de excelência na formação de base no Pará.
“Nosso sonho é que mais meninos consigam sair daqui e seguir carreira no futebol. Mas, mesmo que isso não aconteça, queremos que eles estejam preparados para a vida”, resume Eder Botelho.
Enquanto isso, os treinos seguem firmes no campo do Satélite, ao som de apitos, gritos de incentivo e muita determinação. Porque, para esses jovens, o futebol não é apenas um esporte. É a chance de escrever um novo destino.
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