
O Complexo Viário do Entroncamento, porta de entrada de Belém, é uma rota de ligação entre as avenidas Pedro Álvares Cabral, Almirante Barroso e Augusto Montenegro. Tendo como ponto principal o Monumento da Cabanagem, inaugurado no ano de 1985, a região se consolidou como importante entreposto comercial entre os bairros ao redor e o Distrito de Icoaraci, dispensando um trajeto mais longo até o centro da cidade. Além de uma rota de intenso fluxo de veículos, o local revela histórias de comerciantes que enxergam uma oportunidade valiosa de empreender.
Segundo o artigo acadêmico escrito pelo doutor em geografia Luiz Augusto Mendes, as ocupações espontâneas e conjuntos habitacionais no eixo da avenida Augusto Montenegro têm início a partir de 1968, com a criação da “Nova Marambaia”. Testemunha desse crescimento, o bar restaurante do Louro foi fundado na via no ano de 1970. “Mesmo com as mudanças por aqui, estamos indo, inclusive com os clientes mais antigos”, conta Maria Neves, uma das sócias do espaço. Ao lado dela, José Carlos, conhecido como Carlinhos, também comanda as atividades do bar. “Aqui sempre tem uma cerveja, além de abrir para o almoço também. Esse Entroncamento tem muita história”, brinca.

As primeiras ocupações deram origem à feira, na confluência da Augusto Montenegro com a Pedro Álvares Cabral, ainda na década de 70. O crescimento do comércio deu origem a supermercados, lojas de roupas, material de construção, armarinhos, lojas de doces e uma diversidade de empreendimentos criados levando em consideração a localização estratégica de entrada e saída de Belém. Altemes Silva é um desses comerciantes. Ele é dono de uma tabacaria e começou a trabalhar no Entroncamento em 1996, passando por mudanças de ponto até se estabelecer em loja própria, sempre na região. “Os pontos são pequenos, mas muito valorizados, pois tem gente que compra principalmente para revenda”, relata.
Oportunidades
O entreposto entre os bairros do Castanheira, Marambaia, além da proximidade com Ananindeua e o Distrito de Icoaraci é uma janela de oportunidades em diversos segmentos. Há 20 anos a Camplast, presente em diversos estados, encontrou na região uma possibilidade exitosa para os negócios. O gerente da loja, Ronildo Silva, tem 35 anos e começou a trabalhar na loja com 20, ainda como balconista.
“Vem muita gente de fora comprar. Vendemos sacolas e descartáveis, como pratos, talheres, copos, e outros produtos”, relata. Para a COP30, a expectativa é aumentar o fluxo de vendas e para isso, a loja também se adequou aos novos tempos com itens biodegradáveis.
Mesmo as miudezas encontram um local privilegiado, a exemplo do armarinho Santa Brígida, que tem duas unidades no entorno para atender a diversidade de público. A filial na Augusto Montenegro, no sentido Icoaraci, é menor e direcionada aos moradores próximos. “Já estamos aqui há 4 anos. As pessoas compram e revendem nos comércios, é mais o pessoal do bairro mesmo”, conta o vendedor José Luis. O espaço é procurado para itens como fitas, alicates, alfinetes, colas, além de artigos para personalização e acabamento como zíperes e fechos, e material escolar básico, como lápis de cor, cola branca e canetas.