A Arquidiocese de Belém tem um novo arcebispo. Dom Júlio Endi Akamine tornou-se o 11º Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará oficialmente nesta quarta-feira (6), após o Papa Leão XIV aceitar o pedido de renúncia de Dom Alberto Taveira Corrêa. A transição, automática, não implica cerimônias formais, mas representa uma mudança significativa na liderança da Igreja. A solicitação de Dom Alberto foi feita em 26 de maio de 2025, conforme previsto no Código de Direito Canônico, que orienta bispos a apresentarem sua renúncia ao completarem 75 anos de idade.
Em coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (6), na Cúria Metropolitana, no bairro de Nazaré, Dom Júlio afirmou que sua gestão será marcada pela continuidade do trabalho pastoral, escuta do povo e presença nas comunidades, destacando que “não se governa uma arquidiocese de um escritório”. Ele agradeceu a missão desempenhada por Dom Alberto e reforçou o espírito de continuidade e de unidade na nova etapa da Igreja em Belém.
“Gostaria de aproveitar esse momento para agradecer todo o trabalho realizado pelo Dom Alberto. A gente não pode esquecer de reconhecer todo o trabalho, o esforço, suas canseiras, suas alegrias e também seus sofrimentos em favor da Arquidiocese de Belém do Pará. Este é um dia também de a gente rezar e levar a Deus a nossa prece de agradecimento”, começou o comunicado.
Ele destacou ainda que Dom Alberto permanece na mesma casa, exercendo seu ministério episcopal normalmente, além de continuar à frente da organização do Círio de Nazaré e da Comissão Arquidiocesana da Santa Sé para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
Ao assumir a nova missão, Dom Júlio garantiu que sua prioridade é conhecer profundamente a realidade local e manter a engrenagem da Igreja em pleno funcionamento. “As primeiras ações são, de fato, dar continuidade ao trabalho que está sendo realizado, à rotina do nosso serviço aos fiéis da Arquidiocese de Belém. Por isso, uma das primeiras providências vai ser confirmar todos nos seus ofícios, uma vez que eu não faço nada sozinho. E é necessário contar com a colaboração dos padres nas suas responsabilidades”, explicou.
Essa permanência das equipes também visa garantir estabilidade e evitar rupturas, conforme Dom Júlio, já que “quando vem um novo arcebispo, todos os ofícios caem, exceto o vigário judicial”. “Confirmo todos no seu ofício. Oportunamente, quando forem necessárias mudanças, vamos fazê-las, sem dúvida nenhuma; mas, para que a gente possa garantir um bom serviço ao povo de Deus, confirmo todos nos seus ofícios”, frisou.
Para Dom Júlio, o dia é ainda mais importante porque “estamos hoje no Dia da Festa da Transfiguração do Senhor; esta festa é bastante oportuna, essa coincidência ou talvez providência é bastante oportuna, porque mostra para nós qual é o caminho a ser seguido na Arquidiocese de Belém. Todo o nosso programa de ação, toda a finalidade de todos os nossos esforços e canseiras é um só: é chegar até Cristo”.
Ao finalizar o comunicado, ao vivo, Dom Júlio proferiu: “Vamos caminhar juntos, vamos contemplar, de fato, o rosto transfigurado de Cristo e ser também este rosto transfigurado para a Arquidiocese de Belém, para a Amazônia e para o mundo”.
Posse e Prioridades
Dom Julio pontuou que sua forma de governar não será distante e, além de dar continuidade úao trabalho que está sendo realizado, deverá ser marcada pela escuta e pelo contato próximo com as comunidades. “Também aquilo que já tenho feito durante este tempo em que estou aqui em Belém, ou seja, visitar as pessoas, os serviços, movimentos, comunidades, paróquias, tomar contato com as realidades aqui da Arquidiocese, e também receber as pessoas para que a gente possa conhecer. Não dá para governar do escritório”.
Círio de Nazaré e COP 30
Sobre os próximos passos da Igreja diante da realização da COP 30 em Belém e da grande festa da fé dos paraenses, o Círio de Nazaré, Dom Júlio reforçou a confiança no trabalho de Dom Alberto. “Com relação ao Círio de Nazaré, estou numa situação bastante tranquila, no sentido de que Dom Alberto já vinha acompanhando todos os preparativos e vai continuar à frente. Nós estaremos juntos. Aproveito também para aprender, para que, de fato, no próximo ano, eu possa estar à frente”.
No que diz respeito à participação da Igreja na COP 30, ele explicou que o envolvimento será tanto institucional quanto pastoral: “A participação da Igreja se dá em alto nível, porque a Santa Sé, o Vaticano, participa como membro da COP, mas também as dioceses e igrejas particulares da Amazônia estão diretamente envolvidas”.
“Pretendemos fazer com que a COP não seja só um evento entre grandes dirigentes, mas que ajude também as pessoas a debaterem, refletirem sobre as mudanças climáticas e, principalmente, mudar os hábitos pessoais”, continuou.
Lema e Missão Pastoral
Com o lema que carrega como bispo, “Não vos canseis de fazer o bem”, Dom Júlio reforçou que pretende vivê-lo no cotidiano da missão pastoral. “Mesmo que a gente não seja reconhecido e retribuído por isso, mesmo que sejamos votos solitários a fazer o bem, a gente não desanima. Deus não deixa cair no vazio nenhum esforço de bem. Eu espero e desejo que isso também seja partilhado com todos os nossos fiéis”.