SEM ABUSOS

Diárias despencam! Agora é possível se hospedar com preços reais na COP30

Em meio a regulação eficaz de preços de hospedagem, aumenta o número de delegações confirmadas para a COP30.

Plataformas de aluguel de acomodação já oferecem variadas opções e com valores totalmente dentro da realidade de edições anteriores da Conferência.
Plataformas de aluguel de acomodação já oferecem variadas opções e com valores totalmente dentro da realidade de edições anteriores da Conferência. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Belém e Pará - Falta cerca de um mês e meio para que Belém comece a sediar a 30ª edição do maior evento de discussões climáticas do mundo, a COP30, marcada para novembro, e os números apontam para um evento com enorme público, como em anos anteriores. De acordo com informações repassadas pelo governador Helder Barbalho (MDB) ao jornalista Pedro Pupulim, da revista Veja, delegações de 168 países já confirmaram presença, sendo que 87 já estão com todo o trâmite confirmado, e 81 estão negociando hospedagens. Além disso, a ONU já recebeu quase 50 mil pedidos de credenciamento para o evento.

O atual cenário confirma que foi bem sucedida a estratégia conjunta do governo federal e do governo do Pará, que além de garantir a estrutura física do evento, também assumiram a dianteira para resolver um dos pontos mais delicados da preparação: os preços de hospedagem. O que inicialmente gerou preocupação, com diárias que chegaram a valores considerados abusivos, já está em uma esfera de valores praticáveis, resultado de medidas conjuntas que buscaram equilibrar a alta demanda com a necessidade de acesso justo a acomodações.

Fica inclusive o alerta para quem ainda não entendeu a única realidade possível: quem quiser aproveitar a oportunidade de tirar um extra com hospedagens neste período de alta demanda vai ter que se adequar e praticar valores reais.

A preocupação surgiu a partir das primeiras denúncias de cobranças fora da realidade, que iam desde hotéis com tarifas até dez vezes acima da média até imóveis de temporada anunciados por valores milionários para o período da conferência. 

Diante do risco de inviabilizar a presença de delegações, em especial de países em desenvolvimento, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) notificou hotéis e plataformas de aluguel para apresentar histórico de preços e justificar aumentos. Em paralelo, Helder acionou a Secretaria de Estado de Turismo (Setur) para ampliar a rede de fiscalização e orientar proprietários de imóveis sobre a necessidade de alinhar valores aos parâmetros da conferência.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a afirmar que hotéis com preços abusivos serão levados à Justiça caso não se adequem. Entre as medidas mais efetivas está a criação de uma plataforma oficial de hospedagem da COP30 – cop30.bnetwork.com -, que reúne hotéis, pousadas e imóveis particulares previamente cadastrados. 

Para integrar essa plataforma, as acomodações precisam respeitar tetos de diária: até US$ 200, ou pouco menos de R$ 1,1 mil, para delegações de países mais vulneráveis e até US$ 600 (cerca de R$ 3,2 mil) para os demais.

Valores de hospedagem e ofertas

Uma consulta bem rápida ao site oficial mostra que a grande maioria das ofertas – nos mais diversos bairros de Belém, alguns bem próximos do Parque da Cidade, no bairro Souza, onde estará concentrada a maioria das atividades da COP, outros nem tanto – as diárias estão na casa dos US$ 150, US$ 155 por pessoa, sempre estabelecendo um mínimo de dez dias de estadia.

Plataformas específicas de hospedagem, como o AirBNB, cobram valores ainda mais viáveis: em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, a poucos quilômetros do Parque da Cidade, há opções de apartamento completo para duas pessoas pelo preço de R$ 2,5 mil o pacote de 13 noites de hospedagem. Ou seja, nem precisa mais fazer uma grande garimpagem para achar uma acomodação viável para quem vem fazer parte da Conferência este ano.

A estratégia também inclui parcerias com plataformas de hospedagem, monitoramento constante e ampliação da oferta de leitos. Hoje, o governo estima que Belém terá cerca de 53 mil leitos disponíveis para a COP30, entre hotéis, imóveis de temporada e outras modalidades. Embora ainda existam anúncios com valores elevados — em alguns casos acima de US$ 500 por diária —, o preço médio já caiu em relação aos picos observados no início do ano. Segundo a Secretaria de Turismo do Estado, os valores passaram a refletir um “equilíbrio de mercado” em função do cadastramento oficial e do controle exercido por órgãos de defesa do consumidor.

Impacto da COP30 em Belém

Esse esforço para regular o setor ocorre em paralelo ao aumento expressivo do número de países confirmados na conferência. Até agora, 168 delegações nacionais já sinalizaram presença em Belém, sendo que 87 concluíram todos os trâmites e 81 seguem em processo de definição de hospedagem. Além disso, a ONU já recebeu quase 50 mil pedidos de credenciamento** para participação no evento. O volume confirma a dimensão do desafio logístico de receber milhares de representantes, incluindo chefes de Estado, lideranças indígenas, cientistas, jornalistas e organizações da sociedade civil.

Não se trata apenas de evitar abusos, mas de garantir que o maior encontro global sobre mudanças climáticas seja inclusivo e representativo. Para os governos federal e estadual, conter a especulação imobiliária e dar transparência ao processo significa reforçar o compromisso de que a COP30 será não apenas um marco ambiental, mas também um momento de valorização da Amazônia e de organização eficiente para acolher o mundo em Belém.