VANDALISMO

Depredação da rua da ladeira por “grafiteiros” revolta Belém

Há pouco mais de uma semana após a reinauguração da Feira do Açaí e da Rua da Ladeira, em Belém, o que deveria ser motivo de orgulho virou alvo da destruição. Veja!

Depredação da rua da ladeira por “grafiteiros” revolta Belém Depredação da rua da ladeira por “grafiteiros” revolta Belém Depredação da rua da ladeira por “grafiteiros” revolta Belém Depredação da rua da ladeira por “grafiteiros” revolta Belém
Foto: Mauro Neto
Foto: Mauro Neto

Da esperança à indignação: a depredação logo após a inauguração da rua da Ladeira, a primeira de Belém, por “artistas de resistência” (contém ironia) – que assinam como “PTCK” e Sauros – indignou a população e permissionários da Feira do Açaí.

Há pouco mais de uma semana após a reinauguração da Feira do Açaí e da Rua da Ladeira, em Belém, o que deveria ser motivo de orgulho virou alvo da destruição. Foram mais de R$ 60 milhões investidos na revitalização de um dos pontos mais emblemáticos da cidade, patrimônio tombado pelo Iphan, parte viva da memória cultural da capital paraense. A reforma trouxe novos boxes, iluminação moderna, rampas de acessibilidade, guarda-corpo metálico, bancos orgânicos e sinalização renovada. Tudo cuidadosamente planejado para valorizar o espaço e devolver dignidade aos trabalhadores e frequentadores do local.

No entanto, logo vieram as marcas do descaso: os bancos e placas foram pichados, a rampa de mobilidade e o guarda-corpo arrancados, como se nenhum esforço tivesse sido feito. Um ataque à cidadania, ao patrimônio coletivo, à história da cidade. É revoltante ver o espaço público ser tratado com tamanho desprezo, como se não tivesse dono, quando na verdade ele pertence a todos nós.

O episódio lembra uma passagem bíblica, quando Jesus expulsa uma legião de demônios de um homem e os envia para uma vara de porcos. Possuídos, os animais enlouquecem e se jogam num penhasco. É essa imagem que vem à mente diante da destruição injustificável do que foi feito com tanto cuidado: um “espírito de porco” – expressão popular para quem, por espírito de contradição ou simples maldade, atrapalha o que é bom, zomba do que é sério e estraga o que é de todos.

Não é possível tolerar esse tipo de conduta. A depredação do patrimônio não é arte, nem protesto. É crime. E por mais legítima que seja a resistência em contextos de opressão, não pode haver resistência contra a limpeza urbana, contra o dinheiro público investido com critério, contra a preservação do bem coletivo e, principalmente, contra a urbanidade.

A pretexto de uma arte de resistência, o patrimônio de Belém foi maculado e vilipendiado em emnos de 15 dias. Resistir é necessário, sim — mas nunca contra o que é público, coletivo e essencial para a dignidade de uma cidade.

E que Deus nos proteja dos demônios, dos espíritos de porcos e de pessoas que não respeitam e nem zelo pela cidade onde vivem.

VEJA!

Mauro Neto, jornalista