CAPACITAÇÃO

Cursos de inglês treinam para a COP30 policiais e funcionários de bares de Belém

Com a realização da COP30, escolas de idiomas e instituições de Belém, como a Uepa, criaram cursos de inglês específicos para o evento.

Com a realização da COP30, escolas de idiomas e instituições de Belém, como a Uepa, criaram cursos de inglês específicos para o evento.
Com a realização da COP30, escolas de idiomas e instituições de Belém, como a Uepa, criaram cursos de inglês específicos para o evento. Foto: Agência Pará

Com a realização da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em novembro deste ano, escolas de idiomas e instituições de Belém, como a Uepa (Universidade do Estado do Pará), criaram cursos de inglês específicos para o evento.

“Houve um aumento na procura pelo idioma de cerca de 35%, principalmente pelos cursos de seis meses”, conta Fabiano Castro, diretor nacional da Minds English School, que lançou, em agosto do ano passado, o curso “Hospitality – COP30”, de duração de um semestre, voltado para funcionários dos setores de bares, restaurantes e hotelaria, “de comunicação básica para atendimento”.

Segundo Castro, o curso conta atualmente com 25 turmas, de 7 a 12 alunos cada uma, nas três unidades da escola em Belém e na unidade de Barcarena, na região metropolitana. “Nós fechamos parcerias com diversos restaurantes e bares da cidade, e os colaboradores recebem uma ajuda de custo dos empresários”, conta.

O gerente do restaurante Engenho, Mateus Ribeiro, iniciou o curso em dezembro e diz que já começou a colocar em prática o que aprendeu. “Já sentimos um aumento na quantidade de clientes estrangeiros, então já uso o inglês para dar as boas-vindas, me apresentar e apresentar o cardápio.”

O sócio-diretor do restaurante, Sidnei Dutra, diz que o atendimento em inglês vai propiciar uma experiência mais acolhedora para os clientes. “Nós já temos o cardápio em inglês, mas também nos importamos com a hospitalidade. Muitas vezes, o cliente quer conversar, saber da cidade. E, quando a gente faz isso, ele se sente abraçado.”
O restaurante paga 50% do valor do curso para os funcionários.

O sucesso do curso da Minds para a COP30 fez com que a escola, que tem mais de 70 unidades em todo o país, lançasse cursos similares em outras capitais, como Rio de
Janeiro, Belo Horizonte e Campo Grande, também voltados para atendimento em bares, hotéis e restaurantes.

Giselle Ramalho, professora e proprietária da escola Life & Job English Center, que teve um aumento de 40% no número de alunos, foi adaptando os cursos para a COP30 de acordo com o tempo que faltava para o evento.

“No início de 2024, lançamos o curso regular, de um ano e meio. No segundo semestre, o semi-intensivo, de um ano. No início deste ano, lancei o intensivo, de seis meses. E agora, em maio, lançamos o ‘pocket English’, de um mês, que eu chamo de curso de sobrevivência na COP“, afirma.

Nesse curso compacto, o vocabulário é direcionado para atendimento em restaurantes, café, hotéis e transportes, entre outros serviços. “Então, a cada unidade, tratamos de um tópico específico, uma conversação mínima e simples, uma sobrevivência mesmo.”

Entre os alunos da Life & Job, há cabeleireiro, artesãs, empreendedores da área de gastronomia e “jovens estudantes, de 16 ou 17 anos, que querem fazer alguma coisa de bom na COP30”, conta a professora. “Eles nem sabem o que vão fazer, só dizem que querem estar minimamente preparados para fazer alguma coisa”, afirma Giselle.

Iniciativas Educacionais e a COP30

A Minds também incluiu temas ambientais no curso específico para a COP. “Uma vez por mês, fazemos uma aula temática, falando sobre mudanças climáticas e outros assuntos que vão ser abordados no evento”, diz Castro.

Já o governo do estado, por meio do programa Capacita COP30, oferece um curso de inglês gratuito nas modalidades online e presencial.

“Tem sido uma iniciativa transformadora. Com a COP30 se aproximando, essa capacitação se torna ainda mais estratégica, preparando nossos jovens e profissionais para um evento de grande impacto global”, afirmou Victor Dias, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica, em comunicado da gestão Helder Barbalho (MDB).

Curso de Inglês para a Polícia Militar do Pará (PMs)

Curso para PMs
Na Uepa (Universidade do Estado do Pará), um convênio com a Polícia Militar paraense deu origem a um curso de inglês para os agentes, voltado para a COP30. Ele é dividido em três módulos, de quatro meses cada um: básico, intermediário e avançado.

“Nós fizemos essa divisão por questões pedagógicas e de planejamento. Essa nomenclatura não se dá como nos cursos livres normais. Eles não saem proficientes para falar sobre qualquer assunto. Tanto as situações quanto as interações em sala de aula são todas direcionadas para o que eles vão fazer durante a conferência da ONU“, explica o coordenador André Monteiro Diniz, professor do curso de licenciatura em língua inglesa.

A coordenadora da graduação em letras – língua inglesa, Josane Freitas Pinto, que também lidera o projeto, dá exemplo de algumas situações exploradas em sala de aula. “O turista estrangeiro pode estar perdido ou ter sido furtado, então o policial vai estar capacitado para, nessa interação, saber o que aconteceu, direcionar.”

O curso, que começou em abril do ano passado e termina no próximo dia 17, é ministrado por alunos do quarto ano ou recém-formados, chamados de instrutores, e supervisionados por professores da faculdade. São 17 turmas presenciais, com aulas na Uepa, e 4 online (para PMs de fora de Belém), com uma média de 16 alunos cada uma.

O cabo Jorge Bittencourt, aluno do curso, conta que já se sente confiante para atender uma ocorrência em inglês. “Por exemplo, se um turista comunicar que foi roubado, já sei pedir uma descrição do suspeito e perguntar o que aconteceu”, diz. “E, depois que a COP terminar, a gente pode empregar esse conhecimento em outros eventos, no policiamento turístico.”

O soldado Bruno Marques, que não tinha nenhum conhecimento prévio de inglês, conta que aprendeu a lidar com situações de emergência, mas também a se comunicar de maneira geral. “É uma iniciativa que vai deixar um conhecimento para a corporação”, resume.

Para Josane, a avaliação do projeto é “extremamente positiva”. “No início, os instrutores tinham receio desse contato com os PMs, pela questão da autoridade, mas é sala de aula, e ali o PM é o aluno. E, nesse processo, os PMs estão sendo muito receptivos.”

Ela conta que, em Santarém (oeste do estado), PMs que fazem o curso na modalidade online já relataram situações em que usaram o idioma. “Eles já estão recebendo turistas estrangeiros. Falaram que conseguiram se comunicar, direcionar os visitantes. Então a gente chega a esse estágio final com o entendimento de que o processo foi bastante produtivo.”

AUGUSTO PINHEIRO