Belém -
A comunidade católica do bairro de Canudos deu continuidade, ontem (20), aos ensaios para a tradicional encenação da Paixão de Cristo de 2025. Com uma história que atravessa décadas, o evento se consolida como uma das mais importantes manifestações culturais da região, envolvendo cerca de 90 participantes, entre elenco, produção cênica, músicos e equipe técnica. Este ano, a temática abordada é “Vida” e busca provocar reflexões sobre a vida e a preservação ambiental, relacionando os ensinamentos cristãos com os desafios impostos pelas mudanças climáticas, especialmente as queimadas.
“É incrível pensar que já estamos há 42 anos fazendo essa encenação. Todos os anos temos uma preparação intensa, que começa com a convocação dos participantes em janeiro e segue com oficinas e montagem das cenas. Temos uma parceria com a Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA), o que permite integrar atores experientes e pessoas da comunidade, formando um elenco diverso e os jovens vão chegando. É um trabalho de inclusão”, destacou Aluízio Freitas, 60, coordenador e diretor-geral do projeto.
As atividades começaram em janeiro no espaço da Comunidade da Aldeia, localizada na Passagem Aldeia – na travessa Francisco Monteiro com a Dr. Américo Santa Rosa –, e em fevereiro foram direcionados a Paróquia de São José de Queluz, e atualmente retornaram ao local inicial, onde são produzidos os figurinos, cenários e adereços utilizados nas apresentações.
Saindo do bairro da Cremação, para o estudante de ciências sociais Juan Moraes, 26, que interpretará Jesus pela primeira vez, o papel “não é apenas uma representação, é uma vivência. Desde o primeiro ensaio, a responsabilidade é imensa, porque sei que muitas pessoas se emocionam e se conectam com a história”.
Emoção
O estudante de teatro Fernando Gomes, de 68 anos, que interpreta um sacerdote, ressalta a emoção de participar da encenação. “Cada ano é uma experiência nova. O público se envolve e sente a intensidade da história. É uma grande responsabilidade e um privilégio fazer parte disso”, afirmou.
Já a assistente social Mariluza Barata, 43, desde 2020 faz parte da comunidade e este ano dá a vida a Maria Madalena pela primeira vez, depois de ter interpretado Maria. “Para mim, é muito significativo, é aprendizado, é um contato comigo mesma, é muito profundo, até mesmo na pesquisa da personagem. Cada personagem tem seus desafios, e a gente sabe do nosso comprometimento. As duas me ensinaram e me ensinam muito”, diz.
APRESENTAÇÃO
A encenação se inicia com as cenas da última ceia e da condenação de Jesus. Em seguida, as cenas da via-crúcis ganham as ruas do bairro, culminando na crucificação e ressurreição; com as apresentações marcadas para os dias 16 e 18 de abril.
No dia 16, quarta-feira, a pré-estreia acontece no ginásio da igreja, às 18h30, com uma versão reduzida e ingresso simbólico de R$5, priorizando o público idoso. Já no dia 18, sexta-feira Santa, a encenação completa ocorre a partir das 17h, percorrendo as ruas do bairro.