
Belém já respira o clima do Círio de Nazaré. Com a festa se aproximando, as ruas no entorno da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, no bairro que carrega o nome da santa, se transformam em corredores de fé e tradição, movimentando o comércio de artigos religiosos. A expectativa é de que as vendas cresçam em até 30% em relação ao ano passado, segundo estimativas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belém, impulsionadas tanto pelo turismo religioso quanto pelo engajamento local.
Nas lojas, a preparação começa cedo. A auxiliar de loja Josina Santos, 49, da tradicional Lírio Mimoso, explica que o movimento já se intensifica meses antes da procissão. “Eu sempre digo que o Círio, para a gente, já começa no final de maio, quando é o lançamento do cartaz. A partir daí, as pessoas começam a procurar imagens e já a se preparar para receber o Círio. Então, desde esse período, já começamos a repor produtos decorativos e cartazes”, conta.
Segundo ela, as imagens de Nossa Senhora de Nazaré são os itens mais procurados, especialmente no tamanho de 25 centímetros, usadas em peregrinações e novenas, mas a demanda pelos tamanhos menores também é alta, pois são os que podem ser decorativos e presenteáveis. “Essa imagem está no valor de R$ 59, mas temos também a menorzinha, de 12 centímetros, que custa R$ 20. Muita gente leva como lembrança ou presente. Além disso, os terços, medalhinhas, chaveiros e bottons são bastante procurados, porque são presentes acessíveis”, disse. Para dar conta da demanda, a loja contrata funcionários temporários a partir de agosto, e Josina ainda destaca que “as camisetas do cartaz oficial, vendidas a R$ 45, chegam a ter uma saída de 50 unidades por dia às vésperas da festa”.
Mas não são apenas as lojas tradicionais que aproveitam a movimentação. Vendedores ambulantes, muitos com décadas de experiência, transformam o entorno da Basílica em um grande corredor de fé e comércio. Maria de Lurdes Ferreira, de 67 anos, está há 40 anos vendendo artigos religiosos na frente da igreja. “O que mais tem saído aqui é o terço, a imagem e as fitas. No período do Círio, a procura dobra e o faturamento também melhora bastante”, relata
“As fitas custam 50 centavos, os terços variam de R$ 20 a R$25 e as imagens de R$15 a R$25. Consigo faturar o dobro do que em dias normais. Chego por volta das 7h30 da manhã e fico até umas 19h, conforme o movimento”, acrescenta.
Ao lado dela está o filho Mizael Alves, 40 anos, que também montou uma venda. Ele confirma que a festa transforma a renda da família. “O que sai muito mesmo é o terço de caroço de açaí e as fitas do Círio, que ainda vendemos três por R$1. Nesse período, dá para faturar bem mais do que o normal. Só no mês do Círio, a gente consegue fazer vários mils; isso ajuda muito”, brincou.
Entre os consumidores, a tradição se renova a cada edição. O vigilante Itamar Galhardo, de 51 anos, foi verificar os artigos na manhã desta segunda-feira (8). “Estou procurando a Nossa Senhora de Nazaré para minha cunhada, que não mora em Belém. Todo Círio tem um significado muito grande, eu costumo comprar o banner do Círio, imagens e terços. Esse ano ainda não comprei camisa, mas nem que seja na véspera, vou comprar sim”.