Com a chegada das chuvas, é comum o aumento de casos de doenças como leptospirose, dengue e viroses a exemplo de Influenza, Covid-19 e outros vírus respiratórios, avalia a infectologista do Hospital Guadalupe, Andréa Beltrão. De acordo com a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), em 2020, foram notificados 1.846 casos de dengue e 54 casos de leptospirose no Estado.
A infectologista comenta que, as doenças respiratórias, por exemplo, podem aumentar consideravelmente neste período por conta da aglomeração de pessoas nos locais se escondendo da chuva. “Aí a transmissão é facilitada, além disso também ocorre a mudança de temperatura que altera a mucosa respiratória”, alerta.
Além da vacinação contra essas doenças, ela afirma que é importante, caso a pessoa já esteja com o vírus, fazer o uso de máscaras para evitar a contaminação de outras pessoas, principalmente de imunodeprimidos – pessoas que possuem o sistema imunológico enfraquecido, tornando-as mais propensas a infecções graves. “Deve-se manter a máscara principalmente em locais fechados, com idosos. Manter um metro de distância também é importante”, diz.
Pessoas que moram em locais que costumam alagar e são forçadas a entrar em contato com a água que fica empossada também devem ter cuidados redobrados para não contrair leptospirose, transmitida pela urina dos ratos por meio do contato com a água, solo ou alimentos contaminados.
Andréa Beltrão ressalta sobre os cuidados para evitar a contaminação. “A pessoa pode pegar leptospirose, se tiver um corte, ferimento e entrar em contato com a água contaminada. Por isso deve usar sapatos fechados, galochas, que não entrem água, que não sejam de tecido. Caso tenha contato com a água, é importante lavar bem os pés e a perna após”.
No caso da dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a infectologista lembra de não facilitar o surgimento de criadouros para a proliferação dos mosquitos, não deixando água parada em pneus, vasos de plantas e fechando a caixa d’água.
POPULAÇÃO
Moradora do bairro da Sacramenta, perto do canal da Pirajá, a artesã Graça Tavares, de 73 anos, sofre com os frequentes alagamentos em dias chuvosos. Segundo ela, muitas vezes não dá tempo de colocar um sapato mais fechado, mas comprar uma galocha está nos planos. “Mas depois a gente sempre lava, limpa a casa, lava o banheiro e toma um banho também para se limpar”, comentou.
Com plantas variadas ornamentando a casa, ela afirma que evita água parada nos vasos mantendo-os secos diariamente, além de retirar qualquer outro material que facilite um criadouro do mosquito transmissor da dengue. “Tinha uma lona plástica na frente de casa que estava acumulando, até cheguei a ver as larvas, mas eu e meu filho até furamos para escoar a água”, ressalta.
Na esquina da travessa Angustura, no bairro da Pedreira, Percília Ferreira, de 37 anos, ressalta que hoje não mais, mas já precisou colocar o pé na água suja quando a rua e a casa em que mora enchiam. “Mas a gente tinha o cuidado de lavar o sapato, lavar a casa, lavar o pé, a perna, tudo. Ainda temos muito cuidado para não acumular água na parte de trás da casa, meu marido e eu estamos sempre escoando, deixando tudo sequinho para evitar a transmissão da dengue, até porque temos crianças em casa”, diz.