Even Oliveira
Nos últimos dias, os moradores de Belém têm enfrentado uma onda de calor intensa, com temperaturas acima da média e sensação térmica elevada. Durante a manhã e parte da tarde, o sol, sem a habitual companhia dos ventos e das chuvas, tem gerado um desconforto significativo. De acordo Adriróseo dos Santos, coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Pará, os dados médios para o mês de junho, em Belém, indicam chuva de aproximadamente 205,8 milímetros, com a temperatura máxima chegando a 32,5ºC nas primeiras horas da tarde e mínima de 23ºC à noite. No entanto, a sensação térmica pode ultrapassar os 35ºC, atingindo picos de até 39ºC.
O calor que é sentido na capital paraense é característico do período menos chuvoso da região, é o que explica Adriróseo. Segundo ele, por causa do verão amazônico, que ocorre de junho a novembro, quase não há registros de chuvas durante o dia. No horário de pico durante a tarde, geralmente no horário de 15h, os termômetros marcam aproximadamente 33ºC; no final dela, como resultado da alta temperatura, tende-se a haver chuvas.
“As chuvas que normalmente ocorrem no fim da tarde são resultado da formação de umidade que entra do oceano, levadas principalmente para o norte e nordeste paraense – vindas do estado do Maranhão. Com a superfície muito quente, essa umidade provoca instabilidades com nuvens altas, típicas do período, e pancadas rápidas de chuva acompanhadas de vento forte”, detalhou.
As regiões sul e sudeste do estado paraense precisam de cuidados redobrados, porque conforme o coordenador do Inmet, diferente da região norte e nordeste, são os territórios que possuem menos umidade do oceano.
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é uma região onde os ventos alísios do hemisfério norte e do hemisfério sul se encontram, causando forte convecção e precipitação, além de desempenhar um papel crucial na distribuição de chuvas tropicais e na regulação do clima em áreas equatoriais.
Adriróseo destaca que a ZCIT está nas baixas latitudes do hemisfério norte, contribuindo para o clima atual. “Essas chuvas se formam no litoral e avançam para o continente, ocorrendo de forma localizada e acompanhadas de ventos fortes no período da tarde ou início da noite”, complementou.
Trégua
Apesar do calor, há uma esperança de alívio no fim do dia. “O que dá uma trégua no calor são as chuvas do fim da tarde. A temperatura do Oceano Atlântico está alta, o que gera mais evaporação e, consequentemente, mais chuvas à tarde”, comentou Adriróseo, destacando que a fase da La Niña que estamos entrando não terá muita influência na inibição dessas chuvas. Para enfrentar esse calor, o especialista do Inmet recomenda hidratação constante e proteção contra o sol, como roupas de mangas cumpridas, por exemplo, assim como o filtro solar.
“A radiação solar é muito intensa, com raios ultravioletas muito incidentes. É importante ficar atento às ventanias localizadas e pontuais, e não se expor durante essas ocorrências por causa das descargas elétricas, que podem ser fatais, especialmente em praias”, alertou.