
Belém e Pará - Com o trânsito cada vez mais intenso e um crescimento acelerado da frota de motocicletas, Belém dá um passo inédito na região Norte e adota, em fase experimental, a Faixa Azul, um modelo de sinalização preferencial para motos. A capital paraense iniciou o projeto na avenida Pedro Álvares Cabral em uma extensão de cinco quilômetros, com o objetivo de reorganizar o tráfego, reduzir acidentes e oferecer mais segurança a todos os condutores.
O projeto faz parte do programa ‘Belém em Ordem’ e acompanha experiências exitosas já implementadas em cidades como São Paulo. Segundo Igor Normando, prefeito de Belém, em vídeo divulgado no próprio perfil da rede social Instagram, até o domingo (3) as faixas devem estar todas pintadas. A extensão segue até a avenida Visconde de Souza Franco (Doca), com adaptações na Ponte do Galo e áreas com limitações estruturais. Durante o período experimental, a Prefeitura de Belém não aplicará multas.
Na tarde desta terça-feira (29), Igor detalhou o projeto piloto. “Já acontece em algumas cidades como São Paulo e Aracaju com muito sucesso. Nós resolvemos seguir essa tendência em caráter experimental. São cerca de 5 km, para que os motociclistas e condutores possam não só se acostumar, mas também se reeducar no trânsito”, afirma. Além disso, ele ressalta que a proposta trará uma “redução significativa nos acidentes e vai melhorar a fluidez do tráfego na cidade”.
A escolha da avenida Pedro Álvares Cabral não foi por acaso. De acordo com o prefeito, a largura da avenida possibilitou a instalação da faixa sem prejudicar o fluxo dos demais veículos. “Foi uma escolha que fizemos em detrimento da espessura da via. Então, tínhamos possibilidade de construir esse caminho sem estrangular o trânsito, pelo contrário, fazendo com que ele pudesse ter mais fluidez. A realidade de outras capitais nos deu a segurança de que era algo viável”, destacou.
Normando frisou ainda que, após esse primeiro teste, outras vias como a rodovia Arthur Bernardes, avenida Senador Lemos e Almirante Barroso estão em estudo para receber o projeto.
Regulamentação e Expectativas
Regulamentação – No momento, a implantação segue em caráter educativo. “Após a regulamentação, nós vamos poder multar. Nesse primeiro momento, estamos educando. A gente espera que a própria população compre a ideia e não precise de multa para cumpri-la”, reforçou. A expectativa da gestão é que a regulamentação federal da Faixa Azul aconteça até o primeiro semestre de 2025, quando então o desrespeito passará a ser fiscalizado com penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro.
Motivações e Detalhes do Projeto
Motivação – O secretário de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém (Segbel), Luciano de Oliveira, destacou que alguns dados motivaram a decisão; deles, dois foram fundamentais: a ocorrência de acidentes com motos, que geralmente resultam em lesões mais graves, e o crescimento acelerado da frota de motocicletas. “As estatísticas do nosso Hospital Metropolitano, de trauma, indicam isso e o aumento da frota de motocicleta que tem sido muito maior do que o de veículos quatro rodas. Enquanto o número de veículos de quatro rodas cresce de 4 a 5% ao ano, o de motos chegou a ultrapassar os 40% no último ano”, explicou.
O projeto começou a ser pensado desde o segundo mês da atual gestão. “A gente começou a estudar, pesquisar dados, os critérios técnicos e começamos a trabalhar, na última sexta-feira, para a faixa começar a ser implementada”, lembrou. Luciano esclarece que “até a Doca não vai mais haver aquele final duplicado. E ela [faixa] vai ser complementada ainda com sinalização vertical, placas com braços estendidos para auxiliar a pintura de solo e orientar melhor o condutor”. “A faixa é autoexplicativa. Pela pintura, ela indica onde você deve transitar”, diz o secretário.
O secretário também lembra que outras sinalizações já existentes, como a ciclofaixa, continuam válidas e podem gerar multa em caso de desrespeito. A Faixa Azul, por sua vez, dependerá da regulamentação da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para que passe a ser passível de autuação. “Em contato com a Senatran, eles informam que a expectativa deles é que a partir de março do ano que vem essa legislação venha ser implementada”.
Nos próximos seis meses, a prefeitura pretende monitorar os resultados do projeto e, a partir de janeiro de 2025, iniciar um plano de expansão. “A gente vai ter uma ideia da aceitação da população e também da importância do projeto nos próximos seis meses. A ideia é que, a partir de janeiro, possamos fazer um grande projeto de expansão. Belém vai deixar de ser uma Índia do trânsito para ser uma cidade com ordem e organização”, finalizou Normando.