A um mês da grande procissão do Círio de Nazaré, em 12 de outubro, a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, já recebe grande público em preparação para o evento religioso.
Lucilene Rocha, 51 anos, professora, conta que a devoção acompanha sua vida desde a gravidez da filha, Domitila, hoje com 20 anos. “Quando fiquei grávida, entreguei minha filha para Nossa Senhora. Pedi que viesse com saúde e sob a proteção do manto dela. Na hora de entrar na sala de parto, meu marido disse: ‘Está entregue a Nossa Senhora, vai nascer bem’. E nasceu uma menina linda e saudável”, relembra.
Edilsa Ferreira, 54, estudante de Administração, destaca a companhia constante da padroeira. “Eu frequento muito as missas aqui na Basílica e o Círio é o momento mais importante do ano para mim. Ela me dá um conforto e uma proteção muito grande. Sempre que recorro, sou atendida”, afirma.
A expectativa para a grande procissão também move Edinelson Almeida, 29, administrador. Em 2021, logo após a morte da mãe, Rosemary Almeida, ele decidiu fazer uma homenagem especial. “Fiz o percurso de joelhos. Era período da pandemia, então foi ainda mais difícil: de máscara, desde a Sé até aqui. Não foi nada fácil”, lembra.
Para ele, a fé em Nossa Senhora é sinônimo de milagres. “Uma grande amiga foi diagnosticada com câncer em janeiro e, há exatamente um mês, operou. Tivemos a notícia de que está curada. Ela foi minha intercessora”.
A promessa, garante Edinelson, será renovada. “Mais uma vez vou fazer o percurso de joelhos e depois volto para ir com os amigos na corda pela segunda vez. É muita fé. Sem fé a gente não consegue. Vir da Sé até aqui de joelhos e depois voltar para a corda de novo é inexplicável. Só a fé justifica.”
A dona de casa Andréia Rodrigues, 40, também afirma ter recebido uma graça pela intercessão de Maria. “Tive um problema grave na mão e ela me curou. Foi um acidente, mas hoje não sinto mais nada. Todo ano participo do Círio de Nazaré e neste não vai ser diferente”, diz.
Oficina Luz de Nazaré
Rafael Rocha
No ritmo das festividades do Círio, ontem (12), foi realizada a oficina “Luz de Nazaré”, no Tangerina Estúdio – Artes e Oficinas, no bairro do Marco, em Belém. No evento, as participantes aprenderam a personalizar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré com técnicas de decoração e pedrarias.
Ministrada pela professora Karla Fontenelle, a oficina teve como base uma imagem em gesso para despertar habilidades artesanais associadas à devoção do público participante, tendo como fonte de inspiração o Círio de Nazaré. “É estimular a criação por meio da técnica. O artesanato é um produto único. Cada pessoa coloca uma identidade própria, uma dedicação. Nesta oficina, juntamos a devoção das participantes com a técnica do artesanato”, frisa Karla Fontenelle.
Além da imagem de gesso, cada participante recebeu os materiais necessários para executar a técnica da decoupagem, que consiste em cobrir a peça com recortes de papéis, guardanapos ou tecidos, utilizando uma cola especial para dar um visual decorativo próprio. “Cada oficina é um convite para expressar a fé com as próprias mãos, transformando devoção em memória afetiva. É tradição e modernidade caminhando juntas”, explica Valéria Brandt, gestora e idealizadora do Tangerina Estúdio.
Expressões de fé e arte
A aposentada Maria José Maciel, 73, gosta bastante de artesanato e aprender algo novo como hobby. Devota de Nossa Senhora de Nazaré, a aposentada afirma que a atividade faz bem para a saúde dela, pois une duas paixões: a padroeira dos paraenses e o artesanato. “Eu nunca tinha feito algo com gesso. É algo que aprendi e gostei bastante. Para mim, além do aprendizado, é uma terapia.”
Para a servidora pública Ellen Mendes, 54, que já tinha feito atividades de artesanato anteriormente, a oficina é uma forma de não apenas experimentar técnicas manuais, mas também representa um momento de socialização com outras pessoas. “Eu perdi meu pai e estou de luto. Então, vejo o artesanato como uma forma de me distrair e adquirir habilidades práticas, além de compartilhar experiências com outras pessoas”.
Nossa Senhora de Nazaré tem uma carga simbólica grande na vida da advogada Amanda Junes, 32. “Eu pedi muito para passar na UFPA e cursar Direito. Eu consegui. Depois pedi a ela para ser aprovada no Exame da Ordem, que é o teste da OAB, e também consegui”, afirma a devota. Para a advogada, participar da oficina é algo inspirador na vida dela, tanto no quesito devocional como também para uma pausa na rotina corrida. “É um hobby que faz muito bem.”