Os deputados estaduais do Pará aprovaram o Projeto de Lei nº 274/2024, de autoria do deputado Elias Santiago (PT), que declara oficialmente as “Erveiras do Mercado do Ver-o-Peso” como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado. A medida reconhece a importância histórica, social e cultural dessas mulheres, que há décadas mantêm viva uma tradição popular profundamente enraizada na identidade paraense.
Segundo o parlamentar, a iniciativa é um marco para valorizar figuras e práticas que moldam a cultura amazônica. “As nossas queridas erveiras já são, há muito tempo, patrimônios vivos do nosso estado. Agora, o Estado reconhece oficialmente essa importância. Elas levam alegria ao mercado, divulgam a cultura amazônica com talento e preservam saberes ancestrais”, afirmou Santiago.
O Legado das Erveiras do Mercado do Ver-o-Peso
As erveiras utilizam plantas, raízes, ervas e cipós da Amazônia para produzir banhos, pomadas, óleos e perfumes. Com conhecimento passado de geração em geração, elas preservam práticas ligadas às culturas indígenas, negras e ribeirinhas, atuando na cura de enfermidades físicas, emocionais e espirituais. O ofício é marcado pela oralidade, intuição e sabedoria tradicional, sendo praticado, em sua maioria, por mulheres.
No Mercado do Ver-o-Peso, considerado a maior feira a céu aberto da América Latina e tombado pelo Iphan desde 1977, o setor de ervas é um dos pontos mais visitados por moradores e turistas. Ali, as bancas das erveiras oferecem produtos que misturam medicina popular, religiosidade e tradição cultural, fazendo do espaço um verdadeiro símbolo da resistência e da diversidade amazônica.
Reconhecimento como Patrimônio Imaterial
Com o novo status de patrimônio imaterial, que ainda terá que ser sancionado pelo Governo do Estado, a expectativa é de que as erveiras ganhem ainda mais visibilidade e políticas públicas que valorizem e preservem esse saber tradicional tão essencial à identidade paraense.