PERIGO

Rodovia Arthur Bernardes é um risco de vida

Imprudência e falta de respeito ao trânsito são comuns na rodovia, já que não há fiscalização, segundo os moradores.

Caminhões estacionam impunemente na ciclofaixa e obrigam os ciclistas a se arriscarem em meio ao fluxo de veículos da via

 Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Caminhões estacionam impunemente na ciclofaixa e obrigam os ciclistas a se arriscarem em meio ao fluxo de veículos da via Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Duas pessoas morreram em colisão entre duas motocicletas na Rodovia Arthur Bernardes, bairro da Pratinha, por volta das 6h do último sábado (05). No trecho do acidente, moradores relatam situações de perigo constante devido à falta de respeito no trânsito e ausência de sinalização adequada. Uma equipe do DIÁRIO DO PARÁ percorreu a extensão da rodovia e registrou infrações envolvendo carretas, carros particulares, motocicletas e ônibus.

O autônomo Álvaro Dias, 67, relata que ele mesmo já foi vítima de um motociclista na rodovia Arthur Bernardes há cerca de três anos. A caminho do trabalho, ele tentou atravessar a via, onde há escassas faixas de pedestres, momento em que um motoqueiro o bateu e ele foi jogado de cara no chão. Mostrando a marca da cicatriz na sobrancelha, Álvaro afirma que a travessia sempre foi muito perigosa, principalmente para pedestres.

“Eu tenho muita dificuldade de atravessar. Eu já tenho 67 anos e é bastante perigoso se arriscar nessa rodovia. Já fui acidentado uma vez quando tentava atravessar. Sempre é essa loucura, ninguém tem respeito pelo trânsito. Quem mais faz imprudência são os motoqueiros, andam em alta velocidade e não respeitam o pedestre”, conta.

Há 24 anos trabalhando em frente à rodovia, Edilson Mesquita, 52 anos, já presenciou diversos acidentes de trânsito, a maioria envolvendo carros e motos. Segundo ele, o horário de pico é o mais crítico, já que os condutores trafegam em alta velocidade. Na área comercial da Pratinha, próximo ao local do acidente de sábado, os motoristas não respeitam uma das poucas faixas de pedestres, o que dificulta a travessia principalmente de idosos e pessoas com deficiência.

“Os moradores querem atravessar, mas eles não param. E quando param é capaz de acontecer um acidente porque o da frente quer parar, mas o de trás não. É muito comum acidente entre carro e moto, no horário da manhã, naquela correria para chegar ao trabalho”, diz o vendedor de refeições.

Problemas

Ao longo de 15 quilômetros de extensão, a via que liga Belém ao distrito de Icoaraci apresenta tráfego pesado de caminhões, carretas, carros, motos, ônibus de linha urbana, ciclistas e pedestres, que disputam um espaço mal sinalizado e perigoso para a população. Em um perímetro da rodovia, próximo à Base Aérea de Belém (Babe), um carro de passeio foi abandonado após colidir com a mureta de demarcação da ciclofaixa, indicando mais um acidente na rodovia.

Falta de sinalização da faixa contínua, faixa de pedestre e ciclofaixa são alguns dos problemas de sinalização de trânsito. A pintura asfáltica só está presente próximo às áreas militares de Belém, como no Comando do 4º Distrito Naval, no Ciaba, além das proximidades do Hospital Sarah. Por outro lado, o estacionamento indevido de carretas na ciclofaixa e ultrapassagem perigosa nas curvas são algumas das infrações não fiscalizadas pelo órgão municipal de mobilidade urbana.

Trafegar pela ciclofaixa se torna uma tarefa difícil e arriscada. É o que diz o madeireiro Ailson dos Santos, 36, que trafega diariamente pela Arthur Bernardes de bicicleta. Isso porque o espaço reservado aos ciclistas não é respeitado por outros condutores, principalmente caminhoneiros, que estacionam as carretas com líquido inflamável na via. Por isso, a simples tarefa de se locomover de casa até o trabalho é de grande risco.

“Além das carretas, tem motociclistas que pegam essa ciclofaixa. Nós temos que nos arriscar sempre, tentando passar na pista entre os carros e o caminhão estacionado. A gente tem que contar com a sorte e Jesus Cristo”, finaliza o trabalhador.

Nota

A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou, através de nota, que mantém fiscalização regular com agentes de trânsito em rondas diárias na cidade nos principais corredores, inclusive na avenida Arthur Bernardes, além de blitz.

Em relação à sinalização, a Semob informou que a avenida Arthur Bernardes conta com pontos de fiscalização eletrônica. Além disso, está sendo elaborado projeto de sinalização vertical e horizontal da via.

Segundo a Semob, a implantação de sinalização viária em Belém é executada mediante a realização de estudos técnicos, criação e análise de projeto.