Nesta quarta-feira, dia 28, a Arquidiocese de Belém promoveu uma coletiva de imprensa na Cúria Metropolitana, em Nazaré. Estiveram presentes o arcebispo metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, o arcebispo coadjutor, Dom Julio Endi Akamine, e o bispo auxiliar Dom Paulo Andreolli.
Foram abordados assuntos importantes sobre a vida eclesial da Arquidiocese de Belém, como os 75 anos de Dom Alberto Taveira, a missa de apresentação de Dom Julio como arcebispo coadjutor e o progresso das ações da Arquidiocese relacionadas à COP30.
Durante a coletiva, Dom Alberto Taveira Corrêa, confirmou que enviou sua carta de renúncia ao Papa Leão XIV após completar 75 anos, no dia 26 de maio, conforme versa o protocolo da Igreja Católica. No entanto, ele explicou que isso não significa que vai deixar suas funções imediatamente; é apenas o começo de um processo, mas ele continuará atuando normalmente por enquanto.
“É claro que muitas pessoas acorreram a mim pelo fato de que, tendo completado 75 anos, eu apresentei ao Papa a minha renúncia às funções de arcebispo metropolitano de Belém, como devo fazer. Só que muitas pessoas entendem isso como se fosse uma aposentadoria, mas não é”, pontua.
O arcebispo metropolitano explicou que o processo segue o tempo e a decisão do Vaticano. Ele afirmou: “O Papa recebe o pedido, que é a minha disposição de deixar o cargo, e ele escolhe o momento oportuno para tomar a decisão. Por isso, não deixarei agora o governo da Arquidiocese”, afirmou Dom Alberto, deixando claro que continuará exercendo suas funções normalmente.
Ele também destacou a importância de trabalhar junto com o recém-chegado Dom Julio Endi Akamine, que vai atuar como arcebispo coadjutor. “É muito importante. Quando conversamos, Dom Julio e eu, pedimos à Santa Sé — na época, ao então prefeito da congregação responsável pelos bispos, que hoje é o Papa Leão XIV — e recebemos uma resposta de acordo que nós ficássemos alguns meses juntos, e isso foi muito inteligente da parte de Dom Julio, de nós passarmos as coisas com serenidade, todas as responsabilidades do governo dessa nossa grande Arquidiocese. Eu achei um gesto muito bonito da parte do Dom Julio”, ressaltou.
Além disso, Dom Alberto reafirmou seu compromisso com a Igreja. “Eu continuo bispo normalmente e vou ajudar naquilo que for possível, naquilo que for necessário e estarei à disposição do Dom Julio. Ele já manifestou que nós três, bispos, continuaremos a residir juntos na residência episcopal, fazendo essa bela experiência de uma comunidade de bispos, o que faz muito bem para nós três”, reiterou.
COP30 e a Igreja de Belém
O bispo auxiliar, Dom Paulo Andreolli, também faz parte de uma comissão nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que está preparando a participação da igreja nos eventos relacionados à COP 30. Ele comenta que a Igreja de Belém recebe com muita alegria os bispos de todo o Brasil para que possam participar das atividades planejadas, incluindo as várias ações paralelas que acontecerão durante a COP30.
“Nós, aqui, estamos acolhendo na nossa estrutura eclesiástica a delegação do Vaticano, além de outras delegações que virão de diferentes partes do mundo. Sempre que possível, e dentro das vagas disponíveis, receberemos com muita satisfação esses grupos. A Igreja de Belém está organizando quatro polos de atividades, onde vamos abordar os temas principais para que o povo possa participar e se sensibilizar sobre questões tão importantes relacionadas ao meio ambiente, que também serão discutidas na COP”, explica.
Ele destaca que a Igreja de Belém, ciente de sua responsabilidade ética e pensando na COP30, está se organizando em quatro polos de formação entre os dias 11 e 16 de novembro. O objetivo é fortalecer a conscientização das pessoas sobre os problemas relacionados ao clima, aprofundando o entendimento das encíclicas Laudato Si e Laudato Deum, do Papa Francisco.
“Os eventos da Arquidiocese de Belém serão divididos em quatro polos para facilitar a participação de todos, levando em conta a proximidade de cada local. Assim, no centro de Belém, teremos o polo do Colégio Santa Catarina de Sena, em Ananindeua o polo da Faculdade Católica de Belém, em Icoaraci o polo da Juventude no Santuário de São João Batista, e em Santa Bárbara o Polo da Paróquia Santa Bárbara”, explica.
Dom Andreolli, ressalta que serão eventos de formação que estão sendo planejados com muita criatividade, pensando em fazer com que todos se sintam acolhidos. “Teremos momentos de celebração, rodas de conversa, caminhadas, troca de experiências e uma programação bastante diversificada, feita especialmente para você que nos acompanha. Sua participação é importante e também ajuda a divulgar essa iniciativa da Igreja. Além dessas atividades, no dia 12 de novembro, acontecerá um simpósio internacional no Colégio Santa Catarina de Sena, organizado principalmente pela presidência da CNBB”, diz.
“Durante a COP, a arquidiocese se colocou à disposição para receber os bispos do Brasil que desejarem participar, assim como acolherá a delegação do Vaticano e de outras delegações religiosas do mundo. Além disso, acontecerá a Cúpula dos Povos, na Universidade Federal do Pará, de 12 a 16 de novembro, com foco em Justiça Climática e na Defesa dos Povos Tradicionais. Entre os dias 12 e 15 de novembro, também será realizado o Tapiri Ecumênico Inter-religioso na Catedral Americana de Santa Maria, cujo objetivo é amplificar as vozes das pessoas que mais sofrem com as violações de direitos humanos e socioambientais, especialmente devido às graves consequências da crise climática no Brasil e no mundo”, detalha.
Expectativas e o Círio de Nazaré
Na noite do último dia 19, Dom Julio Endi Akamine foi recebido oficialmente no Aeroporto Internacional de Belém, marcando o começo de uma nova fase. Sua apresentação oficial à Arquidiocese acontecerá no próximo sábado, dia 31 de maio, às 9h, na Catedral Metropolitana de Belém, com a presença de bispos e do presbitério.
Sobre suas expectativas para o primeiro ano em Belém, que incluirá dois eventos importantes, o Círio de Nazaré e a COP 30, ele comentou: “O Círio de Nazaré é a maior procissão católica do mundo. Então, às vezes me perguntam se estou preparado. Não, eu não estou totalmente preparado. Quem é que realmente está? Mas, na minha experiência, eu nunca me senti totalmente preparado para nada. Sempre encontrei pessoas que ajudaram, colaboraram e pessoas mais competentes que também contribuíram para que as coisas acontecessem. Claro, é importante não fugir das nossas responsabilidades e fazer aquilo que nos cabe. Mas isso não quer dizer que precisamos fazer tudo sozinhos. Felizmente, em todas as situações que vivi, sempre encontrei pessoas valiosas para colaborar comigo, assim como tive a oportunidade de ajudar e aprender com outros também”, disse.
“Quanto ao Círio de Nazaré, a expectativa é participar de forma completa, intensa, profunda e fiel ao auxílio de Nossa Senhora Nazaré. Já na questão da COP 30, a Arquidiocese de Belém não terá uma representação oficial como nação, mas como igreja. Essa questão está sendo organizada pela Secretaria de Estado do Vaticano. Nosso compromisso é colaborar em tudo e participar da melhor maneira possível”, finaliza.