Nathalia Garcia/Folhapress
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu em decisão unânime nesta quarta-feira (13), no último encontro de 2023, a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 11,75% ao ano.
Quanto aos próximos passos, voltou a sinalizar cortes da mesma intensidade nas “próximas reuniões”, ou seja, pelo menos dois encontros à frente em janeiro e março de 2024. Disse também que os membros avaliam de forma unânime que esse é o ritmo apropriado para o processo desinflacionário.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial [convergindo parcialmente em direção às metas] e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, disse o comitê no comunicado.
O novo corte levou a Selic ao menor patamar desde março de 2022, quando a taxa básica estava fixada em 10,75% ao ano.
Essa foi a quarta redução seguida na mesma intensidade, dando sequência à estratégia adotada pelo colegiado do BC desde o início da flexibilização de juros, em agosto. O comitê disse entender que a decisão é “compatível com o plano de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante [que inclui 2024 e 2025]”.
Antes, a Selic ficou 12 meses estacionada em 13,75% ao ano depois do ciclo de aperto mais agressivo desde a criação do sistema de metas para inflação, em 1999.
A decisão do Copom veio em linha com a expectativa unânime dos economistas. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica era a projeção consensual do mercado financeiro.
Desde o Copom anterior, em novembro, houve redução dos riscos externos, o que colaborou para um câmbio ligeiramente mais favorável, continuidade do processo de desinflação e materialização da desaceleração da atividade econômica o que deu respaldo a um ciclo de corte de juros gradual.
No acumulado em 12 meses até novembro, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 4,68%.
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano caiu de 4,7% para 4,6% dentro do teto da meta (4,75%). Para 2024, a estimativa baixou de 3,6% para 3,5%. Para 2025, se manteve estável em 3,2%.
Já o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil perdeu força no terceiro trimestre deste ano, mas ainda apresentou leve variação positiva, de 0,1% em relação aos três meses anteriores.
O BC se manteve firme mesmo sob pressão do governo para reduzir os juros. Enquanto o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse na véspera do Copom que o país tem “gordura para queimar”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é preciso “mexer com o coração” do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
“Reduz um pouco o juros que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado. Os governadores podem ajudar”, disse o chefe do Executivo em evento sobre investimentos de bancos públicos nos estados.