Centro de memória celebra a música paraense

Wal Sarges

São 25 anos de existência do projeto Musicaparaense.Org, e para comemorar a data, será realizada uma festa hoje e amanhã em locais distintos. O evento, viabilizado pelo Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura, nesta sexta-feira, 8, começa às 20h, no Núcleo de Conexões Na Figueredo, com os rappers paraenses Bruna BG e Bruno B.O. Já no sábado, 9, às 21h, a programação traz o grupo de carimbó Sativos do Mangue, no Espaço Cultural Apoena.

O projeto Musicaparaense.Org foi idealizado pelo produtor cultural e DJ Edvaldo Souza, em 1998, e propõe o mapeamento de artistas e a ampliação das ações de pesquisa da musicografia paraense já feitas pelo blog Música Paraense. Com essa proposta, há uma divulgação de trabalhos dos mais variados estilos, gerando oportunidades de contatos e preservando a história dos que fizeram e fazem a música no Pará. “É um acervo digital que se tornou um banco de dados, mas eu também não faço uma distribuição. A maioria do que está disponibilizado e que possui link para download são materiais que estão autorizados”, explica.

Edvaldo Souza, conhecido no meio cultural como Azul, está atualmente à frente da produtora Realizador Cultural, pela qual idealiza e faz a produção executiva de diversos projetos de artistas da música paraense. Um interesse que motivou o surgimento do Musicaparaense.Org. “Sempre tive muito apreço pela música paraense e a música autoral. Naquele momento era uma novidade ter blogs para distribuir as músicas entre os amigos, mas principalmente entre pessoas de fora. O blog começou a tomar uma dimensão muito rápido, até que alcançou estudiosos e pesquisadores musicais, que buscavam ritmos como o carimbó, a lambada, o brega. Com esse interesse, musicólogos, entraram em contato comigo para colaborar e dialogar com a música paraense”, explica Edvaldo Souza.

São mais de 5 mil títulos digitalizados, de vários estilos, das décadas de 1970 e 1980, em especial, o movimento do rock paraense de 1990 a 2000. “As pessoas não tinham ideia de como fazer o registro de obras e fonogramas, eu cataloguei todos os discos que eu ganhei e digitalizei. São obras que não foram lançadas em CDs e DVDs, em sua grande maioria. Então, ela é uma plataforma necessária porque, além da fruição, ela dá suporte para musicólogos, pesquisadores, doutores, contratantes e pessoas que escrevem sobre a música paraense autoral. Também considero que o Música Paraense foi uma ferramenta que deu, de certa forma, um apoio nessa visibilidade da nossa cultura”, destaca Azul.

O blog continua ativo em meio às redes sociais, disponibilizando links para download a partir do interesse das pessoas. “Geralmente, as pessoas que não encontram informações e músicas nas plataformas digitais, me mandam e-mail, ou mensagem por WhatsApp pedindo links desses materiais.”.

PROGRAMAÇÃO

Os artistas que integram a programação do evento deste final de semana são pessoas estão com Azul em seu cast. “Essa parceria inclui a Guitarrada das Manas, Bruno B.O., Bruna BG, pessoas que a gente tem uma relação de trabalho dentro do Música Paraense e da minha produtora. Nada mais justo do que eu fazer uma comemoração com eles”, justifica.

Azul também é quem comanda os sets nos intervalos das atrações convidadas. “Vou fazer uma discotecagem só de música paraense. Sexta terá a abertura de Bruna BG, e Bruno B.O. É uma noite para celebrar o rap.”