Torcida cobra mais ousadia
Nas redes sociais, espécie de tribuna pública desses tempos modernos, a torcida do PSC tem reagido com um misto de esperança e apreensão diante do anúncio dos primeiros reforços do clube para a próxima temporada. De maneira geral, reina uma ansiedade muito grande em face do acesso conquistado à Série B do Campeonato Brasileiro.
Em primeiro lugar, é preciso que se conceda um voto de confiança nos esforços da diretoria e do executivo de futebol, Ari Barros. O mercado está cada vez mais restrito, os bons jogadores são muito cobiçados e os custos dos salários estão inflacionados.
A preocupação em trazer jogadores que tenham nível de Série B até agora foi razoavelmente cumprida, mas falta ainda um grande nome, alguém que tenha passado pelo crivo técnico da Série A, como prometeu a diretoria. Por ora, a ousadia prometida não se concretizou.
É provável que na próxima semana os nomes mais badalados sejam divulgados, para alívio do torcedor mais exigente. Por ora, as aquisições não chegam a empolgar a torcida. São atletas destinados a compor elenco, salvo uma ou outra exceção.
Depois de Diogo Silva, goleiro que estava no CRB e jogou no Vasco, ficou a expectativa de que o nível seria dali para cima, mas os demais jogadores contratados são pouco conhecidos, sem destaque maior na carreira.
Ontem, surgiram os nomes do volante Gabriel Bispo e do lateral-direito Bryan Borges, jogadores indicados pelo técnico Hélio dos Anjos. Bryan teve boa temporada no Náutico, há três anos, quando Hélio treinou o time pernambucano e Ari Barros era o executivo.
O problema é que Bryan, 27 anos, estava emprestado ao Novorizontino, onde fez apenas um jogo. Já o meio-campista Gabriel Bispo, 26, defendia o Kups, da Finlândia, desde 2022. Antes, passou por Juventude e Vitória.
Antes, foram anunciados o lateral-esquerdo Geferson, 29, que estava na Bulgária há sete anos, e o volante Netinho, de 25 anos, ex-Botafogo da Paraíba. Bons jogadores, mas sem o potencial de encher os olhos da torcida, que segue esperando notícias mais palpitantes.
Remo avança e já tem quase um time contratado
Até agora são nove jogadores anunciados. Os últimos foram o goleiro Léo Lang, os zagueiros Reniê e Ícaro, os volantes Daniel e Renato Alves, o meia Giovanni Pavani. Antes, o clube fechou com o artilheiro Ytalo e o meia Camilo, os nomes mais conhecidos entre os reforços.
As escolhas têm agradado a torcida, mesmo com restrições à faixa etária de Camilo e Ytalo, mas a qualidade de ambos, evidenciada pelos bons desempenhos na Série B 2023, torna a aceitação mais tranquila.
Sergio Papellin, o novo executivo de futebol, tem ido ao mercado com cautela e objetividade. Desfez boatos recentes sobre Mário Sérgio (ex-PSC) e Romarinho, do Fortaleza. Argumenta que o Remo não está interessado em fazer loucuras.
É certo que até o próximo dia 15 o Remo deve fechar a etapa de contratações, para que o técnico Ricardo Catalá possa iniciar os trabalhos preparatórios para a estreia no Parazão, em janeiro.
Lambança na CBF estraga festa do campeonato
O título nacional do Palmeiras nem havia completado 24 horas quando a notícia pegou todo mundo de surpresa: a Justiça do Rio destituiu Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Será substituído, interinamente, pelo presidente do STJD, José Perdiz. Uma nova eleição será realizada em 30 dias.
A 21ª Vara de Direito Privado do TJ-RJ julgou a legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a CBF e o Ministério Público do Rio em março de 2022, que garantiu o cargo de presidente da CBF a Ednaldo Rodrigues por um período de quatro anos.
De repente, assim meio de supetão, um caso de seis anos atrás serviu de base para que a Justiça decidisse intervir na confederação que comanda o futebol brasileiro. Como consequência imediata, nos próximos dias Fifa e Conmebol irão analisar a decisão, a fim de descobrir se houve ou não interferência externa – o que é proibido pelos estatutos da Fifa.
O risco de punição esportiva ao Fluminense, que vai disputar o Mundial de Clubes na Arábia Saudita, entre 12 e 22 de dezembro, está afastado. Ao mesmo tempo, não há possibilidade de sanção contra as seleções brasileiras de futebol e clubes que participem de outros torneios internacionais.
É possível, porém, que Conmebol e Fifa determinem uma punição no campo administrativo, como ocorreu com a com a Argentina, em 2016. Em meio a uma crise política, a Fifa fez uma intervenção na AFA (a CBF de lá) e nomeou um comitê para comandar a entidade. Só em 2017 a situação se normalizou com a eleição de novo presidente.
Em meio a tudo isso, há uma nuvem assombrando perigosamente a CBF e o futebol brasileiro. Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, ex-presidentes da entidade e banidos do futebol por decisão da Fifa, resolveram reaparecer nos últimos dias.
Teixeira é o caso mais inusitado. Longe das câmeras e dos holofotes, não era visto em público desde o escândalo que abalou a Fifa na gestão de Joseph Blatter. Só não foi preso à época porque estava no Brasil.
Encorajado pela possibilidade de turbulências na CBF, ele tem se encontrado com Del Nero. O ex-dirigente paulista chegou a criticar Ednaldo Rodrigues por “má gestão”, num caso clássico de cara-de-pau explícita. É o roto falando do esfarrapado.
Resta saber se a dupla tem pretensões de voltar a manobrar os destinos da CBF, agora que o caminho está aparentemente livre de novo.