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Pará registra 20 mil tentativas de golpe em 30 dias

De acordo com o processo, em setembro de 2023 o homem, então com 41 anos de idade e morando no interior de SC, conheceu pela Internet uma certa “Alice”, que estaria em serviço militar na Síria, Oriente Médio.
De acordo com o processo, em setembro de 2023 o homem, então com 41 anos de idade e morando no interior de SC, conheceu pela Internet uma certa “Alice”, que estaria em serviço militar na Síria, Oriente Médio.

Wesley Costa

O Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian registrou em agosto de 2023, o maior número de tentativas de fraudes do ano. Ao todo, foram 924.017 investidas criminosas mal sucedidas. De acordo com o levantamento, uma tentativa de golpe foi registrada a cada 2,9 segundos, sendo o menor tempo até agora. As ações dos bandidos puderam ser evitadas graças às tecnologias de prevenção e autenticação, apontou o indicador.

O setor de bancos e cartões (52,0%) é o que concentra a maior parte das tentativas criminosas desde o início do ano. Em seguida aparecem os setores de serviços (27,0%), financeiros (16,7%), varejo (3,0%) e telefonia (1,3%). Com 266.407 casos, o estado de São Paulo aparece no topo do ranking das tentativas. O Pará, mesmo estando na 13ª posição, também possui um número expressivo de tentativas, com 20 mil casos.

O Serasa Experian afirma que 35,8% das investidas foram sofridas por pessoas entre 36 e 50 anos. “Com o advento dos bancos digitais, os criminosos conseguem observar algumas oportunidades e as classificam por idade. Então, a gente observa que essa faixa etária é a que está fazendo maior uso desses serviços financeiros e, consequentemente, se tornam vítimas com frequência”, disse o professor federal e doutor em cibersegurança, Allan Costa.

Mesmo com campanhas de conscientização sobre riscos é difícil parar com as ações golpistas. “Infelizmente, não temos como simplesmente estancar uma vulnerabilidade que está no elo mais frágil, o ser humano. O que acontece é que, muitas vezes, os criminosos conseguem persuadir os clientes a fornecerem senhas e códigos, facilitando as fraudes”, admite.

Allan lembra ainda que os setores, principalmente os financeiros, estão investindo constantemente em sistemas de segurança, mas que os criminosos também estão se modernizando e inovando nos golpes. Por isso, é necessário ficar o tempo todo em alerta.

Para evitar cair nas estatísticas de vítimas de fraudes, o professor diz que algumas atitudes simples podem ser tomadas. “Atualmente, recebemos diversas mensagens pedindo para atualizar cadastros ou clicar em links. Mas vale lembrar que é muito difícil os bancos entrarem em contato assim ou solicitarem qualquer tipo de senha e código aos seus clientes. Quando as instituições fazem essa comunicação através dos robôs, por exemplo, utilizam um perfil verificado. Então as atenções devem estar nesse selo”.

INFORMAÇÕES

Além disso, é importante que as pessoas mantenham as suas informações pessoais seguras. “Um exemplo simples é: perdeu um documento de identificação? Registre um boletim de ocorrência e emita o mais rápido possível uma segunda via. Hoje existe uma rede de criminosos que coletam informações até quando há boas intenções, já que na tentativa de localizar um dono de uma documentação perdida, muitas vezes, as pessoas divulgam fotos da documentação expondo os dados que ali contêm, o que é um risco”, alerta.

O especialista orienta que as pessoas fiquem sempre cientes sobre os finchs de e-mails, que coletam informações sensíveis e senhas que precisam ser seguras e complexas. “Nada de colocar número de telefone, CPF ou RG. Se possível, habilite os fatores de identificação em duas etapas e gerenciadores de seguranças. As pessoas costumam não ligar muito para isso, até que se veem vítimas tendo perfis e números clonados ou rackeados”.

Por fim, Allan reforça a importância de monitorar as contas bancárias e ter cuidado ao acessar redes sem fio. “Acesse nem que seja uma vez por dia a sua conta, para ver se houve alguma movimentação suspeita. Mantenha os softwares atualizados e lembre que toda rede sem fio tem vulnerabilidade. Se na nossa casa é assim, imagine em redes públicas. Então, tenha muito cuidado quando for se conectar fora de casa”, orienta.