COP

Estado irá recuperar 140 mil hectares de terras sustentáveis até 2025

Cintia Magno

DUBAI, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

Com o objetivo de conciliar floresta e produção alimentar, o Estado do Pará lançará, no próximo dia 08 de dezembro, o Plano Estadual de Agricultura Regenerativa. O anúncio foi feito pelo Governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, ainda durante a programação da 28ª Edição da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), quando ele participou do painel “COP28 – Agenda de ação em paisagens regenerativas”, no Al Waha Theatre, na Expo City Dubai.

Na programação que envolveu representantes não apenas do Brasil, mas também de outros países, o Governador destacou a importância de se discutir sobre agricultura regenerativa, tema que é um desafio para um Estado da Amazônia que tem como objetivo conciliar a floresta com a produção de alimentos. “O Estado do Pará tem extensão territorial similar a Portugal, Espanha e França, juntos. E neste território de 1,246 milhão de quilômetros quadrados nós temos 75% de floresta nativa e os 25% restantes são fortemente voltados, dentro do zoneamento econômico e ecológico, à atividade da agricultura e da pecuária. O Estado do Pará, hoje, é o 10⁰ maior produtor de grãos do Brasil e o segundo maior produtor de pecuária bovina do nosso país, com 26 milhões de cabeças de gado”, apresentou.

“O nosso objetivo, portanto, é introduzir uma nova cultura de uso da terra, a partir da agricultura regenerativa, da pecuária regenerativa, e da inclusão e integração das atividades econômicas a partir do sistema agroflorestal. Estas têm sido políticas e missões do Estado, envolvendo produtores rurais, inserindo dentro do programa territórios sustentáveis a lógica da intensificação produtiva e da escolha de atividades e culturas produtivas que estejam dialogando diretamente com o processo de regeneração”.

Em meio a este cenário, o governador destacou o pioneirismo do Estado do Pará ao criar, em lei, o programa que prevê a rastreabilidade de 100% da cadeia da pecuária do Estado, além de fazer o convite a todos para a apresentação do Plano Estadual de Agricultura Regenerativa, no dia 08. Algumas das medidas que vem sendo apresentadas pelo Governo do Estado nesta conferência do clima.

“Nós temos trabalhado para conciliar a agenda de preservação da floresta, com produção regenerativa que possa recompor áreas, conciliando a vocação produtiva, garantindo a geração de alimentos, com preservação ambiental. Este é o contexto ideal para que nós possamos fazer a integração Pecuária, Lavoura e Floresta”. Helder apresentou a estimativa de recuperar 140 mil hectares, envolvendo 4 mil famílias fortemente voltadas à agricultura familiar no Estado. “Isso paara integrar mais gente, envolver mais produtores e, claro, fazer o chamamento para que o financiamento climático possa colaborar com assistência técnica, com segurança jurídica, com apoiamento para que esses produtores efetivamente tenham capacidade de ser competitivos e, com isso, nós possamos fazer a intensificação produtiva, seja da agricultura, seja da pecuária”.

Ainda segundo o governador, essas medidas estão alinhadas a uma estratégia de transição do uso do solo, em que se consegue valorizar a floresta viva por um lado e, por outro, no que já está antropizado busca-se o reflorestamento, sem abrir mão do papel de produção alimentar que faz a grande vocação do Estado. “É esta conciliação, demonstrando que é possível produzir alimentos sem derrubar uma árvore sequer, buscando intensificação de produção e, por outro lado, fazer com que floresta viva tenha valor e consequentemente nós possamos fazer a composição das estratégias econômicas fazendo a floresta compor entre as grandes vocações do Pará”.

GOVERNADORES

Ainda como parte de sua agenda na COP, logo na manhã de segunda-feira (04), o Governador Helder Barbalho, que também é Presidente do Consórcio Amazônia Legal, se reuniu com governadores de oito estados amazônicos para debater uma transição econômica para a Amazônia a partir do desenvolvimento socioeconômico baseado em baixas emissões.

Durante o painel, os governos puderam fazer um breve relato das ações que cada um, individualmente, vêm realizando na pauta ambiental e destacaram a importância de uma atuação conjunta em busca do desenvolvimento sustentável da região. Além de falar sobre as ações que vem sendo realizadas pelo Estado do Pará, algumas anunciadas dentro da programação da COP28, o Governador destacou que o legado que deverá ser deixado pela COP sediada no Estado do Pará também é de todos.

“A COP tem o objetivo de deixar um legado. É um legado de infraestrutura, e este sim será um legado para Belém e para a região Metropolitana, para o Estado do Pará, é fato. Mas tem um legado que é o mais importante de todos, que é o legado ambiental. O legado ambiental não será apenas para o Estado do Pará, ele é um legado da Amazônia porque toda a agenda que nós temos a obrigação de inserir, é um legado floresta”, considerou. “Nós precisamos fazer com que floresta tenha valor. A floresta só entra na agenda global, pelo romantismo da importância da floresta, mas a floresta nunca foi colocada de maneira efetiva como riqueza necessária à preservação, com conciliação com o aspecto social”.

Helder apresentou, ao lado da delegação paraense, da apresentação do Plano de Agricultura Regenerativa, além de debates com os governadores da Amazônia FOTOs: Cintia magno