Site reúne obra da liderança afro-religiosa Tata Kinamboji

Texto: Aline Rodrigues

A criação de um arquivo aberto, por meio de um site, com objetivo de fazer com que mais pessoas conheçam o trabalho do artista visual Arthur Leandro/Tata Kinamboji, é o que pretende o projeto “Poética das Encruzilhadas de Arthur Leandro/Tata Kinamboji”, da pesquisadora e artista Bruna Suelen, que estará acessível nesta terça-feira, 05.

“O Arthur Leandro foi um grande artista das artes visuais, um professor de artes, um militante das políticas nacionais para os pobres de matriz africana. A minha ideia é que esse site seja um grande arquivo aberto, para que pesquisadores em arte e em políticas públicas antirracistas na nossa região, tenham acesso e possibilidades de pesquisa”, destaca Bruna.

O projeto foi premiado pelo edital de Pesquisa e Experimentação da Fundação Cultural do Pará (FCP) e joga luz ao trabalho de Arthur Leandro, que dedicou a vida à luta pelos direitos sociais dos povos tradicionais de matriz africana, tendo sido uma importante liderança para os afro-religiosos da Amazônia e do Brasil. Ele desenvolveu diversos projetos e ações de valorização e difusão do patrimônio cultural afro-brasileiro, contribuindo para o combate ao racismo e à intolerância religiosa. Ele também foi professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, e faleceu em 15 de maio de 2018, vítima de um infarto.

“Arthur Leandro foi um artista que tinha uma lógica de compartilhamento de informações muito grande. Era um homem generoso, que dividia tudo que tinha de conhecimento, disparava na gente, em pessoas que conviviam com ele ou alunos, uma vontade de movimento, uma vontade de potência, podemos dizer. Ele tinha uma lógica de registro muito forte. Iniciou a carreira com a fotografia, então tinha uma postura de fazer registros para documentar momentos que era, além de uma poética, uma ação política de compartilhar memórias”, sintetiza a pesquisadora, que é doutora em arte e fez sua pesquisa de doutorado sobre a poética do artista.

A ideia de criar o arquivo aberto veio durante a qualificação da pesquisadora, em 2021, onde ela percebeu que tinha muito arquivo digital que uma tese escrita não daria conta. Desde então, começou a desenhar esse site-arquivo, e o Prêmio de Pesquisa e Experimentação da FCP tornou essa ideia mais consistente e possível.