Pará

Açaí se torna a fruta brasileira mais amada no mundo

Paraenses apreciadores questionam guia de internet que colocou o fruto em 9º lugar entre as melhores frutas do mundo. Foto: Mauro Ângelo/ Diário mdo Pará.
Paraenses apreciadores questionam guia de internet que colocou o fruto em 9º lugar entre as melhores frutas do mundo. Foto: Mauro Ângelo/ Diário mdo Pará.

Carol Menezes

Desde o dia 30 de novembro o açaí é a fruta brasileira melhor ranqueada na lista das 84 melhores frutas do mundo do guia gastronômico online Taste Atlas (tasteatlas.com), em 9º lugar com avaliação de 4,4 estrelas – sendo 5 a nota máxima.

O ranking não é oficial ou elaborado por especialistas ou críticos, mas por votos de visitantes do site, e a lista é atualizada a cada 15 dias – na atualização anterior, do dia 16 de novembro, por exemplo, a jabuticaba estava em vantagem, na 2ª posição, enquanto o açaí estava em 7º. Agora a jabuticaba também caiu, e para a 10ª posição.

As listas podem comparar diferentes pratos com os mesmos ingredientes ou técnicas de preparo, pratos de determinada culinária com uma melhor nota geral ou ainda classificações mais abrangentes.

Vale reforçar que, pela descrição do Taste Atlas, o açaí tem gosto da mistura de “chocolate e frutas silvestres”, o que sugere que o açaí avaliado pelos usuários do site é do tipo consumido mais ao sudeste do Brasil, e que lá chega praticamente pasteurizado. Quem toma, bebe e come açaí no Pará não concorda nem um pouco com a posição da fruta na lista, e a opinião é unânime: deveria estar é 1º.

“Imagina só, nunca no Brasil que alguma outra fruta podia ficar na frente do açaí. Não tem melhor, o açaí pode ser tomado de qualquer jeito. Eu já vi gente pedir até sal para colocar no açaí. E não tem problema, a gente providencia o sal. Trabalho aqui há mais de 20 anos, não tem outra coisa que pedem mais”, conta Fabrício Monteiro, de 41 anos, que trabalha em um box do Ver-o-Peso onde é possível pedir os tradicionais pratos feitos (PFs) acompanhados do fruto batido na hora, por um preço médio de R$ 25.

A atendente Mari Santos, 38, está só há três meses no mesmo box junto com Fabrício, mas conta que já consegue entender o gosto da maioria dos frequentadores. “A maioria quer o peixe e o camarão para acompanhar. Quem é daqui, toma sem açúcar, quase todo mundo daqui. Mas quem é de fora, pede pra adoçar, às vezes até com adoçante”, relata.

A paulista Dalva Santana, 70, aproveitou a sexta-feira para fazer uma das refeições que mais ama na maior feira livre a céu aberto da América Latina. Entre uma colherada e outra, contou que visita a capital paraense há muitos anos, pelo menos uma vez por ano, por conta de um irmão que mora aqui, e que a paixão pelo açaí com peixe frito já tem muitas décadas.

“Eu amo, e gosto de vir comer aqui, não tem gosto melhor”, garantiu, sentada no banco de madeira de outro box de comidas do Ver-o-Peso. Apesar de consumir como parte da refeição, o açaí de Dalva leva açúcar, além de farinha e gelo. “Esse ranking não é justo, tinha que estar em 1º. A nossa família toda é apaixonada pelo açaí, e quando volto para São Paulo tenho que levar um isopor para minha filha, senão depois vem problema para mim”, revelou, enquanto almoçava na companhia do irmão que mora em Belém e outros parentes.

Paraenses apreciadores questionam guia de internet que colocou o fruto em 9º lugar entre as melhores frutas do mundo. Para quem toma quase diariamente, ou trabalha com o produto, era para estar no topo da lista
Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

A autônoma Eliane Abreu, 41, estava em Belém de passagem esta semana, vinda do Marajó, onde mora, e aproveitou o início do fim de semana para almoçar o açaí com peixe acompanhada de uma amiga e do filho dela. “Olha, eu gosto, mas acho que o lá do Marajó é melhor, hein. Não sei, esse daqui está meio fino…”, criticou. “Eu acho que, se quem vota tomar o açaí lá do Marajó, fica em 1º lugar na lista, na mesma hora!”, brincou.

O box onde trabalha Ronaldo Barbosa, de 44 anos, desde 2017, já era do pai dele, que trabalhou muitos anos na feira. Ele contou que, além de servir, faz questão de responder às curiosidades dos turistas que querem saber mais do açaí. “Eu mostro que a gente bate na hora, mostro a diferença da fruta antes e depois, mostro que tem o açaí branco, mais comum na época do verão. É o que mais pedem aqui, sempre. O açaí, o peixe. E 80% dos que vêm aqui não querem com açúcar!”, finalizou.