COP

Pará quer chegar a 2026 com 100% de todo seu rebanho bovino rastreado

O governador Helder Barbalho, a vice Hana Ghassan, secretários de Estado e parlamentares durante o lançamento do Programa. Foto: Cintia Magno/Diário do Pará
O governador Helder Barbalho, a vice Hana Ghassan, secretários de Estado e parlamentares durante o lançamento do Programa. Foto: Cintia Magno/Diário do Pará

Cintia Magno
DUBAI, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

Em uma iniciativa de monitoramento ambiental e sanitário grandiosa, o Governo do Estado do Pará pretende chegar a 2026 com 100% de todo o seu rebanho bovino rastreado. A medida, que pretende garantir maior sustentabilidade e competitividade para o gado paraense, é prevista pelo Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária de Bovídeos Paraenses, lançado pelo Governador Helder Barbalho no início da noite de ontem (1º) durante a 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), que é realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Durante o evento, realizado na sala do Consórcio Amazônia Legal na COP28, foi assinado um termo de cooperação que garante parcerias com a iniciativa privada e com o terceiro setor para a viabilização do plano. O Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária foi lançado já com um incentivo financeiro que soma R$ 123 milhões, sendo R$ 80 milhões destinados pelo Fundo Bezos e R$ 43 milhões investidos pela JBS nos próximos três anos.

De acordo com o Governador do Pará, Helder Barbalho, o programa pretende não apenas atender às exigências ambientais, como também promover o desenvolvimento da cadeia pecuária do Estado. “A intenção é que nós possamos demonstrar que a pecuária sustentável pode convergir com a preservação e respeito às normas ambientais e, por outro lado, abrir novos mercados quando se tem uma pecuária íntegra e uma cadeia que esteja dentro das conformidades ambientais. Abrindo novos mercados, agrega valor à atividade e incrementa a renda do produtor, desde a agricultura familiar até o produtor de larga escala”, considerou.

“Nós instituímos um decreto governamental discutido com a Federação da Agricultura, com o setor produtivo, para que nós pudéssemos até 2026 estar com 100% de todo o rebanho bovino do Estado do Pará rastreado, chipado, com tags em todos os animais, desde o nascimento até o abate, garantindo que esses que estejam em conformidade ambiental possam estar dentro de um mercado que valorize e alavanque o preço da comercialização da pecuária do Estado”.

O governador destacou, ainda, que há uma exigência do próprio mercado da pecuária e da indústria da carne pela segurança de comprar animais que comprovadamente sejam oriundos de propriedades que respeitam o meio ambiente. “Constatado este desafio, nós estamos, junto com a atividade produtiva do Estado do Pará, demonstrando que nós podemos tirar a fotografia de que a pecuária é responsável pelo desmatamento, e construir uma nova cultura de uso do solo, em que se produza com sustentabilidade, em que se garanta alimento e a vocação econômica que gera emprego através da atividade do agro no Pará, com sustentabilidade e preservação da floresta”.

PIONEIRISMO

O pioneirismo da iniciativa anunciada pelo governador durante a COP28 foi elogiado durante a cerimônia. Para a diretora executiva de assuntos corporativos da JBS, Marcela Rocha, o programa é diferente de tudo o que já se viu não apenas no Brasil, como também em outros países do globo. “O que a gente faz aqui, tanto do ponto de vista sanitário como do ponto de vista de sustentabilidade, não tem em lugar nenhum do mundo. A gente atua em todos os continentes e não tem lugar nenhum no mundo que faça isso que o senhor vai fazer agora. A gente não vê nos Estados Unidos, não vê na Europa, não vê na Austrália”, comentou, dirigindo-se ao governador.

Da mesma maneira, ainda durante o evento de lançamento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também destacou a importância da iniciativa. “Infelizmente, a atividade pecuária na Amazônia é vista como se fosse uma atividade criminalizada e o que está se propondo aqui é o contrário, mostrando como ter uma atividade pecuária na Amazônia de forma sustentável”.

Também estiveram presentes na cerimônia de lançamento do programa, em Dubai, a vice-governadora e coordenadora do Comitê da COP30, Hana Ghassan, além de secretários de Estado e deputados estaduais do Pará. Além do lançamento do programa, o governador e a comitiva do Governo do Estado também participaram de outras programações neste que foi o segundo dia de COP28.

No intervalo de algumas agendas, ele destacou que a participação do Estado do Pará é importante não apenas para dar prosseguimento à apresentação e entregas que o Governo do Pará tem exercido no que se refere aos avanços da agenda ambiental, mas também para trocar experiências que contribuirão com o planejamento da COP30, prevista para 2025, na capital do Estado do Pará.

“Também é a oportunidade do nosso time poder vivenciar de dentro, com a organização da COP de Dubai, com as Nações Unidas, todo o desafio de um grande evento, para que nós possamos lá em 2025 promover um grande momento, uma grande discussão, uma COP muito especial, que será na mais importante floresta tropical do mundo, a floresta amazônica, pela primeira vez. Onde nós estaremos imersos em uma discussão que envolva floresta, mas, acima de tudo, uma oportunidade única de mostrar os milhões de brasileiros amazônidas com desafios extraordinários. Amazônidas que vivem nas cidades, nos centros urbanos, com os problemas dos centros urbanos brasileiros, mas acima de tudo também os amazônidas da floresta, povos tradicionais que possam trazer todo o seu conhecimento e os desafios para que nós possamos vencer naquilo que é fundamental para a humanidade, a preservação ambiental e a transformação e as conquistas sociais”.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (iCS)