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Virada Sustentável realiza sua primeira edição em Belém

O cantor AQNO, uma das grandes revelações da música pop latina paraense, será atração na abertura da Virada Sustentável. FOTO: Ítalo Campos/Divulgação
O cantor AQNO, uma das grandes revelações da música pop latina paraense, será atração na abertura da Virada Sustentável. FOTO: Ítalo Campos/Divulgação

Texto: Aline Rodrigues

Música, dança, teatro e exposições estão entre as atrações que vão movimentar vários pontos de Belém, entre esta quinta, 23, e domingo, 26 de novembro, durante a Virada Sustentável Amazônia. Com a proposta de celebrar a cultura da Amazônia, chamar a atenção para a produção artística da região e a necessidade de proteção da maior floresta tropical do mundo, o evento será realizado pela primeira vez em Belém.

“Toda a programação, todo o processo criativo e de chegada da Virada a Belém foi feito a partir da nossa ótica, a partir da nossa perspectiva. Geralmente existem três formas de você atuar na nossa região: é na Amazônia, para a Amazônia e com a Amazônia. No caso da Virada, a gente fez um trabalho conosco. Sou daqui, estive à frente de todo esse processo. Então, sei o quão importante foi trabalhar com a população de Belém, com as pessoas daqui, com os atores locais. A Virada Sustentável chega nessa primeira edição com essa característica, que muito me orgulha enquanto belenense, porque não é uma coisa que é feita para nós e sim conosco”, esclarece Mayrá Casttro, coordenadora da Virada Sustentável em Belém.

A coordenadora destaca que a programação foi feita com uma curadoria local, de pessoas que já estão no mercado com as suas linguagens. “A gente tem, por exemplo, a [produtora cultural] Renée Chalu, do Se Rasgum, que trouxe a perspectiva da música para dentro da Virada. Justamente falando dessa linguagem, a gente tem uma diversidade de atores que está muito legal, além das outras linguagens que têm total representatividade local. Tem todo esse olhar de dentro para fora”, diz Mayrá.

O Clube da Guitarrada recebe a guitarrista Renata Beckman no Píer das Onze Janelas. FOTO: Kleyton Silva/Divulgação
MÚSICA

Dividindo-se entre o Complexo Ver-o-Rio, o Píer das Onze Janelas, o Porto Futuro e a UsiPaz Jurunas/Condor, a Virada vai apresentar apresentações musicais, dança, teatro, contações de história, performances e instalações artísticas, exposições de arte e muito mais. Hoje, primeiro dia, no Píer das Onze Janelas, a partir das 19h, tem show do cantor AQNO, uma das grandes revelações da atual música pop latina paraense. Tem ainda Trio Manari e o Clube da Guitarrada com a guitarrista Renata Beckman como convidada, para celebrar a herança cultural latina da região.

Amanhã, dia 24, também no Píer, a banda Móbile Lunar se apresentará com a cantora Júlia Passos, e no dia 25, o grupo Charme do Choro volta a se reunir para um show especial na Virada, celebrando a música brasileira através do chorinho. Mestre Damasceno e Bando Mastodontes também estarão na programação, que terá como um dos pontos altos o espetáculo protagonizado pela Orquestra Amazônia, convidando grandes nomes da música paraense, como Aíla, Gigi Furtado, Jeff Moraes, Juliana Sinimbú, Luê e Naieme. A orquestra será regida pelo jovem maestro paraense Renan Cardoso.

CÊNICAS

Na área teatral, uma das peças de maior sucesso da produção recente do Pará, “Solo de Marajó”, do Grupo Usina, vai ocupar as ruas do Complexo Ver-o-Rio. No monólogo, protagonizado por Cláudio Barros, são apresentadas oito histórias que constroem um retrato da vida do povo amazônida, especialmente o marajoara, inspiradas no universo literário de Dalcídio Jurandir. Tem ainda o Grupo Dirigível de Teatro, com uma poética história sobre existir na Amazônia, em “Manga Curumim”. Já “Dança das Cabeças” propõe uma narrativa em formato de bailado, que inicia com um cortejo onde o ator Cléber Cajun encarna vários personagens, representados pela troca das várias cabeças dispostas no cenário e que simbolizam a trajetória de uma alma que vai atravessando o tempo.

Na dança, o festival ocupa vários pontos da cidade, com apresentações do Grupo Folclórico Amazônia, da Cia de Danças Folclóricas Trilhas da Amazônia, do grupo Sabor Marajoara, do Grupo Parafolclórico Frutos do Pará entre outros, trazendo toda a tradição das danças típicas de vários cantos do Pará.

VISUAIS

Já nas artes visuais, 17 artistas atuantes na cena amazonense e paraense foram convidados para compor uma exposição que ficará exposta no Porto Futuro. Cada artista criou uma arte para representar um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organizações das Nações Unidas (ONU).

Outra intervenção que promete chamar a atenção é a Eggcident, do artista holandês Henk Hofstra. A obra, que já foi exibida em diversas cidades do mundo, é uma metáfora em tamanho gigante sobre os riscos que enfrentamos por causa do aquecimento global. Nela, Hofstra traz ovos estalados e prontos para serem fritos, com o nosso planeta sendo a própria frigideira. A obra será instalada no Porto Futuro, entre os dias 23 e 26 de novembro.

“Existem inúmeras formas da gente se apropriar dessa ferramenta [Virada Sustentável] para fazer alguma transformação na cidade. O mundo está olhando para nós agora, estamos cada vez mais nos posicionando e acredito que a Virada veio justamente como uma contribuição, para que a gente consiga mostrar um pouco para o mundo essa Amazônia belenense e também acolher coisas que façam sentido para nossa região, para o nosso território. Até porque a Virada é uma marca, um projeto muito bem consolidado no Brasil há quase quinze anos”, diz Mayrá

A Virada Sustentável traz, também, uma exposição a partir de fotos de Araquém Alcântara, a partir do livro “Amazônia das Crianças”, que retrata a vida, brincadeiras e o cotidiano de 14 crianças em seus diferentes territórios. E, celebrando a cultura amazônica, o artista visual Kauê Lima fará uma série de projeções em dois edifícios da cidade, durante os quatro dias de festival. Serão 10 artes diferentes, criadas pelo ilustrador Rodrigo Cantalício, que mostram uma visão artística de uma escuta realizada junto ao Conselho Criativo da Virada Sustentável de Belém, formada por representantes da cultura local, que destacaram os temas mais relevantes para se construir uma Belém mais sustentável.

“Nessa primeira edição a gente está plantando uma semente no nosso território belenense. A perspectiva é que essa semente comece a florescer nas próximas edições, para que a gente daqui consiga utilizar essa ferramenta que é a Virada para mostrar um pouco do que é essa Belém”, diz Mayrá, lembrando que além da programação cultural o evento inclui uma Feira de Bioeconomia, organizada com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade-Semas e com o Sebrae.

NÃO PERCA

Virada Sustentável Amazônia
Quando: Hoje até domingo, 26.
Onde: Complexo Ver-o-Rio (Telégrafo), Píer das Onze Janelas (Cidade Velha), Porto Futuro (Campina) e UsiPaz Jurunas/Condor.
Quanto: Gratuito.