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Artilheiro do Remo cansa de esperar e anuncia fim de ciclo

Tylon Maués

A quarta-feira foi de despedidas no Baenão. Primeiro foi o volante Anderson Uchoa, que utilizou as redes sociais para informar que não continuaria no clube. Depois, o atacante Muriqui confirmou que estava deixando Belém, cansado de esperar por um aceno da diretoria sobre uma possível renovação. Em entrevistas recentes, Muriqui comentou ter sido procurado pelo grupo que posteriormente venceu a eleição, com uma sinalização de que estaria nos planos. Mas não foi procurado. O jogador foi o artilheiro do Leão Azul em 2023 com 12 gols. Muriqui já teria recebido propostas de clubes que estão na Série C, mas não deixou claro qual seu destino.

O atacante chegou ao Remo em dezembro de 2022. Aos 37 anos, Muriqui tem passagens por Vasco-RJ, Paysandu, Atlético-MG e Avaí-SC, entre outros. Mas foi na China que conseguiu maior destaque na carreira. Foram dez anos jogando na Ásia, onde conquistou uma Champions League da Ásia, cinco campeonatos chineses e uma Copa da China. Ele falou com a reportagem do Bola sobre sua saída e fez um balanço da temporada no Baenão.

O que pesou na decisão de ir embora? O clube chegou a te procurar com alguma proposta oficial?

R – O único momento que o clube me procurou foi antes da eleição. Logo no início, assim que acabou a Série C, eles me procuraram, sinalizando que tinham interesse na minha renovação. Mas, para isso, a chapa de Tonhão tinha que vencer a eleição. E aí eles me procurariam para tratar dessa renovação. Isso nunca aconteceu. Até hoje, nunca mais falei com ninguém do clube. Então, em nenhum momento fizeram proposta pra mim.

Você disse algumas vezes que sua família se adaptou bem à cidade. Isso pesou para que você esperasse um contato até esse limite?

R – Minha família se adaptou super bem em Belém, minha esposa e meus filhos gostaram bastante da experiência que a gente teve. Mas é importante frisar que isso, o fato de eu ter esperado até o final, não foi por conta dessa adaptação, foi por conta que meu filho estava estudando e na minha cabeça não fazia sentido fazer essa mudança. Eu já tinha decidido antes mesmo de o clube sinalizar que queria renovar comigo que não sairia naquele momento por conta dos meus filhos, tanto que tive propostas de outros clubes da Série B e optei por não ir pra poder ficar com a minha família. Seria um período curto, um contrato de dois meses e meio, então eu decidi não ir por conta disso pra ficar em Belém junto com a minha família.

Qual o balanço que você faz de sua temporada em 2023, sendo o artilheiro do Remo no ano?

R – O balanço que eu faço, assim, é difícil falar quando você não consegue os objetivos. Por mais que eu tenha sido artilheiro do time na temporada, eu acho que eu poderia ter rendido mais, eu acho que eu poderia ter feito mais gols. Acho que gente, como time, na parte coletiva, poderia ter rendido mais, principalmente na Série C, que era o carro-chefe do clube. Fica o sentimento de que poderia ter alcançado mais, sabe? Tanto eu, individualmente falando, quanto o clube. Acho que ficou aquele gostinho de que poderíamos mais, até porque a gente viu time pior que o nosso que conseguiu acesso. E a gente começou o ano muito bem e não conseguiu manter regularidade, não conseguimos manter a eficiência que a gente teve no primeiro semestre.

Por força das circunstâncias você teve que jogar mais recuado na parte final da temporada, atuando mais como um meia do que um atacante. Nesse período você ajudou bastante o time, mas não com tantos gols. Você acha que a torcida entendeu esse momento seu na equipe?

R – Olha, é complicado você falar isso depois que você passa pelo processo, né? Então, assim, quando eu fui recuado pra jogar de meia, não foi nada imposto. Foi uma coisa que o (Ricardo) Catalá entendeu que eu poderia fazer aquela função. A gente conversou sobre isso, eu perguntei pra ele e tal, ele me explicou a posição dele. E fazia algum sentido aquilo que ele me passou, mas hoje eu me arrependo de ter feito isso, até porque eu fiquei longe da área. Fiquei mais sobrecarregado na marcação, tive que voltar mais para armar jogadas. Automaticamente você fica um pouco mais longe da área, né? Então, enfim, se você me perguntasse isso hoje, provavelmente eu não faria. Eu ficaria na posição que eu vinha atuando, até porque eu fui contratado pra jogar nessa posição, de nove. Mas, fica aquela coisa, naquele momento ali a gente vinha num momento ruim e eu queria ajudar o time de qualquer forma. Enfim, procurei fazer o meu melhor, procurei me esforçar, procurei render o máximo que eu pude. Infelizmente não deu certo. Assim como o restante do time, eu não consegui ter o destaque que eu tive no primeiro semestre. É difícil você falar que o torcedor vai entender, porque o torcedor quer que o time dele vença, ele quer que o time dele tenha resultados, ele quer que o time dele obtenha as vitórias. Quando você não tem vitórias, dificilmente você vai pegar um torcedor que seja racional e falar assim, “ah, fulano de tal, ele tá fora de posição, fulano de tal tá jogando fora daquilo que é de origem”. O mais importante é que eu tenho consciência tranquila de que eu procurei fazer o meu máximo olhando o clube. Infelizmente, as coisas não deram certo.