Nesta
quinta-feira (25), o surfista paraense Noélio Sobrinho, de 53 anos, lança
oficialmente o livro “Auêra Auara: Pororoca – A Onda do Brasil”, obra que dá
continuidade à primeira edição “Auêra Auara: A História do Surf da Pororoca”,
lançado em 2014. O lançamento ocorrerá no Café NaMata, em Belém, e pretende
reunir simpatizantes do esporte nas águas. A entrada é franca e contará com
sorteio de exemplares.
Surfista
há 38 anos, 25 deles surfando no fenômeno da Pororoca, Noélio vai contar no
novo livro experiências e histórias vividas nesse tempo, em pororocas no
Brasil, França, Reino Unido, Malásia, China, Indonésia e no Alaska. “Tudo está
registrado por fotógrafos de nove países, entre eles, nomes paraenses”, diz
Noélio. Entre os nomes da fotografia local com registros no livro, estão Paulo
Santos e Raimundo Paccó.
Entre
os novos relatos com imagens inéditas, o surfista traz a experiência na mais
nova fronteira do surfe de maré no Brasil, a Pororoca de Chaves, no Arquipélago
do Marajó, registrada em expedição com grandes nomes do surfe nacional durante
a lua cheia de abril de 2022. Além disso, informações adquiridas em mais de 200
expedições estarão reunidas nas mais de 200 páginas do livro, que é um
verdadeiro marco documental sobre um dos fenômenos mais intrigantes da natureza
brasileira.
“Esse
livro é um documento que tem registro de duas décadas e meia de uma história
legal de jovens que têm uma procura pelo surfe. Antes de surfar a Pororoca,
viajei muito atrás de onda em diversos países, e depois que conheci esse
fenômeno, comecei cada vez mais a procurá-lo. Consegui mapear e surfar 28
Pororocas em lugares diferentes onde ela se concentra: Amapá, Pará e Maranhão.
Aqui no Pará tem o maior número: só em Chaves, são nove diferentes dentro da
região”, detalha Noélio.
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Segundo
o surfista, um dos principais diferenciais das Pororocas em Chaves, por
exemplo, está na altura – podendo chegar a ondas de até 4 metros – e no tempo
ininterrupto – com uma duração de até 50 minutos -, além da velocidade que
chega a 35 km/h. “A Pororoca acontece em toda lua cheia e lua nova, de
fevereiro a maio, no ápice do inverno amazônico, período em que ficam maior de
tamanho”, comenta.
A
nova obra, diz o surfista, representa uma vitória coletiva. “Para surfar
Pororoca, precisa de uma equipe para se deslocar até o local, para desbravar a
área remota, uma área em que realmente se corre risco de vida, muitas vezes
pelo próprio caminho. onde há onça, cobra, e pelo próprio fenômeno. É uma onda
muito viva, que dita horários de navegação na Amazônia e quem desrespeita, paga
um preço muito grande”, diz Noélio, usando a própria experiência para comentar.
Há
dez anos, por pouco ele não perdeu o movimento das pernas. “A prancha encalhou
numa curva que eu não sabia que existia e fui massacrado pela Pororoca”,
acrescenta.
Noélio
define o fenômeno da Pororoca como “uma espécie de Tsunami, que sai de
ondulações e encontra área rasa nos rios da Amazônia levantando ondas. São
viradas de maré na parte rasa”, diz o presidente da Associação Brasileira de
Surfe na Pororoca, e da Federação Paraense de Surfe.
Muitas pororocas já foram mapeadas pelo Brasil
Em 1998, um grupo de quatro pioneiros desbravadores adentraram a Floresta Amazônica em busca do fenômeno natural conhecido pelos índios e ribeirinhos como “Poroc-Poroc”, o “Grande Estrondo”. Munidos apenas de uma moto aquática, os quatro amigos enveredaram na imensidão da mata, mais precisamente no Canal do Perigoso, localizado no Marajó, e se depararam com uma das maiores descobertas dos esportes radicais modernos: a onda da Pororoca.
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Essa é uma das histórias relatadas no livro, cujo nome foi emprestado de um ritual se tornou tradição entre os surfistas de pororoca que se autointitularam “Guerreiros da Tribo dos Auêra Auara”. Usando pinturas tribais, eles sentam ao redor de uma fogueira e ouvem palavras que relembram a importância da preservação da natureza e da cultura local. “Auêra Auara” é uma saudação entre os praticantes do esporte, que significa “Tudo de bom que há no teu coração você deseja ao seu próximo”.
Desde a divulgação do fenômeno naquela região, muita coisa mudou. Hoje ele é conhecido em todo o mundo. A mais recentemente conquista do Surfe na Pororoca foi sua ascensão à categoria de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Pará, provando seu valor não somente para o esporte, mas também para a cultura e identidade locais.
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A Pororoca não se restringe aos rios paraenses e, entre eventos, surfes trips e expedições exploratórias, já foram mapeadas 28 diferentes pororocas. No Amapá: há a Sucuriju, Rio Congo, Arquipélago do Bailique, Rio Mandubé, Município de Amapá, Caborangi, do Rio Caciporé do Oiapoque. No Pará, há a Pororoca do São Gusmão, Rio Capim, Toyo, no Rio Guamá, a Pororoca do Igarapé dos Paus, no município do Bujaru, a Pororoca da comunidade de Pernambuco, no município Inhagapi. Só no Marajó, temos a Pororoca do Canal do Perigoso, da Ilha das Pacas, do Limão, do Arrozal, Caviana de Dentro, do Pracutuba, do Pernambuco, do Livramento, da Ilha Nova, do Papo-Amarelo.
Mais recentemente, a Pororoca do Pantanal, é tida como a melhor descoberta dos últimos anos. Hpa ainda registros no Maranhão: como a Pororoca do Rio Mearim, dentre outras que ainda não foram mapeadas.