FABIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal prendeu no domingo (12) um terceiro homem suspeito de atuar no Brasil para o grupo Hezbollah.
O nome do alvo não foi divulgado. A Folha de S.Paulo apurou que ele foi detido no Rio de Janeiro e é um dos suspeitos de ter sido recrutado pelo grupo libanês para ações de logística e levantamento de pessoas e endereços no Brasil.
O preso, segundo fontes da investigação, tem passagem pela Justiça e já viajou para o Líbano nos últimos anos. Também no domingo, o Fantástico, da TV Globo, mostrou que o principal alvo da investigação é o sírio naturalizado brasileiro chamado Mohamad Khir Abdulmajid.
De acordo com a reportagem, ele é procurado pela Interpol e chegou em 2008 ao Brasil. O Fantástico também aponta Mohamad como proprietário de duas lojas de produtos para tabacaria em Belo Horizonte.
Um dos investigados por supostamente ter sido recrutado pelo Hezbollah, ainda segundo a reportagem, disse que Mohamad se parece com uma pessoa que teria encontrado no Líbano durante sua ida ao país.
Todos são investigados na operação Trapiche que, na quarta (8), fez uma série de diligências para avançar na apuração sobre a atuação do Hezbollah no recrutamento de brasileiros para atos preparatórios de terrorismo.
Uma das linhas de apuração da PF indica que o grupo preparava ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil.
Além do preso no Rio de Janeiro neste domingo (12), dois homens foram detidos e outros dois que estariam no Líbano tiveram seus nomes incluídos na difusão vermelha da Interpol, o canal de foragidos da polícia internacional.
Na sexta (10), em continuidade da investigação, a PF cumpriu mais um mandado de busca e apreensão contra um brasileiro residente em Goiás.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, um dos investigados disse em depoimento que recebeu cerca de R$ 2.200 para viajar ao Líbano em abril deste ano. Segundo sua versão, ele foi orientado, por meio do WhatsApp de um número paraguaio, a ir a Beirute para um encontro.
Ele alegou que não sabia para que tipo de trabalho estava sendo chamado e que só descobriu isso na capital libanesa, onde foi entrevistado pelo que seria o “chefe” de um grupo extremista. Só quando voltou da viagem ele concluiu que poderia ser o Hezbollah.
O investigado que esteve no Líbano disse à PF não saber o nome de quem o recrutou no Brasil, dando apenas algumas características do homem: branco, aproximadamente 1,87m, cerca de 42 anos de idade, cabelos castanhos bem claros, nariz grande, magro e barba clara, de acordo com a sua descrição. O encontro para receber o dinheiro teria ocorrido na estação de trem do Brás, em São Paulo.
Ele também deu a sua versão de como foram os dias em Beirute e de como se deu o contato com o grupo extremista. Afirmou ter sido levado até um beco, próximo a um campo de futebol, e colocado em um veículo de cortina preta que o levou até um prédio.
No local, segundo falou à PF, homens armados vestidos de preto o conduziram até uma “sala de entrevista”. Ali, um suposto “chefe” o aguardava acompanhado de um segurança, que deixou o local logo em seguida e foi substituído por um tradutor.
No encontro, o suposto chefe teria dito ao brasileiro que o trabalho para o qual ele havia sido procurado “não era limpo” e que precisava de “gente capaz de matar e sequestrar”. Ele, então, teria desconversado e dado a entender que não teria capacidade de fazer o que havia sido solicitado.
“O declarante olhou para o chefe e falou claramente: eu não sou a pessoa certa para realizar este serviço. E afirmou que não queria desperdiçar o tempo deles”, segundo o relato à PF.