““Pra Ficar de Olho” traz ao público uma profusão de talentos das artes que estão se destacando no cenário cultural paraense. A exposição será aberta ao público neste domingo, 12, no Terrace AP (sede social da Assembleia Paraense), das 10h às 16h, dentro da programação do Circular Campina Cidade Velha. Como bem reflete o tema, é um convite para o espectador ficar de olhos atentos à bela produção desses artistas. São eles: Antônio Dias Júnior; Carla Duncan; Diego Azevedo; Jéssica Soares e Ori Júnior.
“A mostra celebra as vozes criativas que emergem do sempre rico cenário artístico paraense e oferecem uma visão das questões quotidianas que nos cercam. Cada obra é um convite à contemplação, à empatia e à crítica, cuja criação representa um espelho de nossa sociedade, um testemunho das esperanças e tensões que moldam nosso tempo em uma sinestesia imagética de impressões e percepções.”, destaca o curador da exposição, Thiago Lima de Souza, diretor artístico-cultural da AP.
Os artistas e suas obras
Natural de Abaetetuba (PA) e com 26 anos de idade, Antônio Dias Júnior é acadêmico de artes visuais na UFPA. Este ano, conquistou o prêmio Novos Contemporâneos, da Fundação Cultural do Pará. Na exposição, apresenta a série “Realidades e a violência normalizada” que fala sobre questões consideradas abusivas em nossa sociedade, como violência em corpos negros, exploração e mais-valia. E a série “Garis” que retrata, com olhar crítico, os profissionais responsáveis pela limpeza das ruas e praças da cidade.
“As obras buscam promover uma reflexão sobre as discrepâncias de tratamento dado a diferentes categorias profissionais. Também traz uma pauta racial. Mostra que estes garis, tão desvalorizados são, em sua grande maioria, pessoas negras ou pardas, de baixa escolaridade e oriundas de uma camada social pobre.”, explica o artista.
Jéssica Soares, 28 anos, é uma artista autodidata. Em 2015 desenvolveu técnicas de realismo e hiper-realismo em retratos com lápis de cor. Em 2020, redescobriu a técnica de pintura em aquarela. Na exposição, apresenta 08 obras que abordam as perspectivas sobre o Brasil e a Amazônia. Em quatro delas, retrata cenas do cotidiano e reforça o imaginário afetivo que faz parte da identidade brasileira. Nas outras, resgata diversas identidades visuais do Pará, como o Ver-o-Peso, a Estação das Docas, o Combu e outras regiões ribeirinhas.
“Essa combinação permite que o observador estabeleça uma relação visual onde pode identificar as semelhanças e os contrastes entre o espaço urbano e o ribeirinho. As obras dialogam com memórias afetivas, criando proximidade com o observador, que encontra tranquilidade e identificação com o que é corriqueiro e habitual.”, explica.
O fotógrafo Ori Júnior, 41 anos, mora em Barcarena (PA). Na exposição apresenta imagens da série fotográfica “Penas, Plumas e Penugens” que captura, por meio da técnica da macrofotografia, a exuberância escondida nos detalhes da fauna amazônica. São composições abstratas, onde as penas de pássaros da Amazônia brasileira são as protagonistas.
O artista conta que as imagens foram coletadas da fauna presente no Mangal das Garças. “Adentro o mundo fascinante dos pequenos detalhes, revelando uma beleza oculta que geralmente escapa à nossa percepção cotidiana. A beleza dos pequenos detalhes que se escondem na simetria das linhas, na exuberância das cores e texturas presentes em penas de araras, papagaios, periquitos, flamingos entre outras aves.”, conta.
Carla Duncan é muralista e instrutora de desenho e pintura. Na exposição apresenta obras da série “Retratos Urbanos”, com desenhos e pinturas desenvolvidos com técnica mista, acrílica e óleo sobre papel. Segundo a artista, a série faz uma reflexão sobre as memórias pessoais do cotidiano amazônico e as contradições da experiência urbana, com suas restrições e possibilidades.
“A série pesquisa como a cidade molda nossa identidade e como nossa presença molda a cidade. Investiga a realidade das cidades amazônicas contemporâneas, a dicotomia entre as limitações e as oportunidades que a experiência urbana oferece e a forma como os espaços se metamorfoseiam dentro da cidade, onde as lutas se desenrolam.”, explica a artista.
Diego Azevedo, 34 anos, iniciou sua formação artística em oficinas da Fundação Curro Velho. Desde 2020 desenvolve trabalhos sobre cotidiano e micro sistemas sociais, a partir de questionamentos sobre os temas infância, família, igreja e periferia. Em 2023, foi contemplado no prêmio Novos Contemporâneos, da Fundação Cultural do Pará.
Na exposição, apresenta pinturas com a técnica óleo sobre tela. Obras da série “Quando os Sonhos Cedem ao Dever”, que utiliza símbolos do cotidiano doméstico, trazendo à luz a figura matriarcal das periferias, inspirado na própria mãe, dona Icleia, como centro visual das pinturas.
Na série “Memórias Vivas”, Diego traz representações do universo infantil em suas diversas interações com o mundo adulto. Privilegia cenas quase singelas, mas carregadas de simbolismos afetivos que buscam sair do adultocentrismo. E na série “Cores” faz uma reflexão sobre cor , luz e espaço, onde a Amazônia é materializada. “O açaí, a manga, o rio, são justificativas para leituras pictóricas pontuais de uma região.”, destaca o artista.
Serviço: A exposição “Pra ficar de Olho” será aberta ao público neste domingo, 12, no Terrace AP (sede social da Assembleia Paraense – Av. Presidente Vargas, 762 – Campina ), das 10h às 16h. A partir do meio-dia haverá música ao vivo com a cantora Amanda de Paula.
Créditos
Com informações de Iva Muniz / NRT
Foto: Divulgação