Pará

Caso “Hétero Top”: morte de Luma Bony completa um ano

A fotógrafa morreu após vídeo íntimo ter sido publicado na internet pelo acusado, que responde a outros crimes parecidos contra mulheres
A fotógrafa morreu após vídeo íntimo ter sido publicado na internet pelo acusado, que responde a outros crimes parecidos contra mulheres

Há um ano, a morte da fotógrafa e digital influencer Luma Bony, 23 anos, repercutia nacionalmente. Um vídeo íntimo publicado na internet, sem o seu consentimento, seria a principal causa da tragédia que ainda causa dor e sofrimento a família. A luta na justiça para que o principal acusado, Mauricio Mendes Rocha Filho, conhecido como “hétero top”, seja condenado pela suposta atitude de vazar a gravação, continua sendo travada pelos parentes e amigos de Luma.

O advogado criminalista Filipe Silveira, que atua na defesa da família Bony, explica que existem dois processos judiciais em andamento, que tratam do evento ocorrido com Luma.

O primeiro deles diz respeito ao fato do Mauricio ter divulgado nas redes sociais imagens íntimas, sem o consentimento de Luma, crime caracterizado no art. 218-C do código penal.

“Nesse processo, o Maurício foi condenado e atualmente está aguardando o julgamento de recurso de apelação. Ao todo, a justiça determinou quatro anos de prisão em regime fechado, e um valor mínimo de reparação de danos, fixado em R$ 100 mil”, disse o advogado da família.

O segundo processo diz respeito ao estupro de vulnerável. “O que se discute neste processo é o ato sexual que o próprio Maurício confessou ter ocorrido. Porém, a análise busca investigar se essa relação foi de maneira consciente ou não. Esse segundo processo está em fase inscrição e que deve terminar agora, neste segundo semestre de 2023”, detalhou Filipe Silveira.

Com a repercussão do caso Luma, o “hétero top” também foi acusado de ter cometidos outros crimes contra mulheres. “Fora essa investigação da Luma, existem investigações que se transformaram em processos judiciais. O que tenho de conhecimento é que são mais três, totalizando cinco processos contra Maurício. Nessas outras, o ministério público pediu a condenação por estupro, e outros dois estão em fase inicial na vara de violência doméstica”, revelou o advogado.

Ainda de acordo com a acusação, a prisão preventiva de Maurício se dá pelo fato que o Juiz reconheceu “uma espécie de periculosidade do indivíduo, acusado de crimes por outras vítimas e de tentativa de ocultação de prova no processo”, pontuou Filipe. “A expectativa é que, considerando essa quantidade de provas existentes, ele continue e responda pelos processos preso”, disse.

O pai de Luma, Bony Monteiro, diz que a família ainda vive momentos difíceis, após um ano da tragédia. “Hoje, em especial, está muito difícil. Mas nos lembramos todos os dias da Luma. Andávamos muito juntos e, tanto eu, quanto a minha esposa e as duas irmãs, sentimos de forma muito cortante essa ausência em nossas vidas. Até hoje nos perguntamos o porquê de tudo isso. O pior é viver esse pesadelo todo o dia”, contou.

Além de justiça pela filha, Bony espera que a sociedade também se conscientize para que crimes da mesma espécie não ocorram com outras mulheres. “Temos uma juventude que não vê limites e acha que essas coisas não dão em nada. Então, mais do que conseguir uma condenação específica para o caso da Luma, o que esperamos é que as pessoas entendam que fazer o que ele fez e ainda postar é muito errado e tem consequências”, reforça.

O pai lembrou de um recente caso, ocorrido no Rio de Janeiro, onde um vídeo de um estupro de uma jovem também foi divulgado na internet. “Essa pessoa ainda teve a sorte de viver para denunciar e contar o que aconteceu, diferente da minha filha. É impossível imaginar que, depois de tudo que foi provado, ele (acusado) ainda ache que tenha o direito de ficar em liberdade. Todos nós, enquanto sociedade, precisamos abrir os olhos para que outras mulheres não se tornem vítimas”, diz.