Sustentabilidade

Crianças e adolescentes são mais vulneráveis às mudanças climáticas

Luiz Octávio Lucas

Quando se fala em vulnerabilidade frente às mudanças climáticas, se deve ter em mente que, com os impactos mais devastadores em longo prazo, crianças e adolescentes são os mais afetados. O alerta vem do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, que chama atenção para a ameaça direta à capacidade de uma criança de sobreviver, crescer e prosperar nessa situação.

ENTENDA O CASO

  • Eventos como ciclones e ondas de calor extremos destroem a infraestrutura crítica para o bem-estar das crianças e adolescentes. A água e o saneamento ficam comprometidos com as inundações e isso traz o risco de cólera, doença em que este público é particularmente vulnerável.
  • Já as secas e as mudanças nos padrões globais de precipitação pluviométrica prejudicam as safras e causam aumento dos preços dos alimentos. Aos pobres, isso significa insegurança alimentar e privações nutricionais, que trazem impactos ao longo da vida. Além de tudo, tal fenômeno impulsiona a migração e o conflito e prejudica as oportunidades para crianças, adolescentes e jovens.
  • Segundo o Unicef, cerca de 90% do peso de doenças provocadas por mudanças climáticas é suportado por crianças com menos de 5 anos. São males como malária e dengue.
  • A Organização Mundial de Saúde aponta que todos os anos, mais de meio milhão de crianças menores de 5 anos morrem de causas relacionadas à poluição do ar e um número maior sofre danos permanentes em seus cérebros e pulmões em desenvolvimento. A poluição do ar também é motivada pelas alterações climáticas e devastação ambiental.
  • A pneumonia mata cerca de 2.400 crianças por ano. Tal mortalidade está relacionada à subnutrição, falta de água potável e saneamento, poluição do ar interior e ao acesso inadequado a cuidados de saúde – desafios que são agravados pela mudança climática.
  • Hoje, aproximadamente 785 milhões de pessoas não têm acesso a serviços básicos de água em todo o mundo. E até 2040, a previsão é que quase 600 milhões de crianças e adolescentes estejam vivendo em áreas onde a demanda por água excederá a quantidade disponível.
  • De acordo com as últimas pesquisas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), temos menos de 11 anos para fazer as transformações necessárias para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. O nível de dióxido de carbono na atmosfera teria que ser cortado em 45% até 2030 para evitar o aquecimento global acima de 1,5º C.

SOLUÇÕES

  • O Unicef aponta que a ação climática oferece oportunidade excepcional para desbloquear enormes benefícios econômicos e sociais que podem ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso é fundamental para que a entidade proteja as crianças e os adolescentes mais vulneráveis do mundo.
  • A entidade trabalha com parceiros para garantir que as crianças possam viver em um ambiente seguro e limpo. As ações estão estruturadas em torno de quatro abordagens: tornar crianças e adolescentes o centro das estratégias e planos de resposta às mudanças climáticas; reconhecer crianças e adolescentes como agentes de mudança; proteger crianças e adolescentes do impacto das mudanças climáticas e da degradação ambiental; além de reduzir as emissões de gases e a poluição.
  • Crianças, adolescentes e jovens também podem desempenhar um papel fundamental na abordagem dos riscos relacionados ao clima, promovendo estilos de vida ambientalmente sustentáveis e dando um exemplo para suas comunidades.
  • Especificamente, o UNICEF pretende apoiar governos nas seguintes áreas: serviços de água, saneamento e higiene inteligentes em relação ao clima. O pacote de soluções inclui sensoriamento remoto para melhorar a identificação de fontes de água, energia solar para ajudar a bombear água e sistemas de gerenciamento inteligentes para usar a água de maneira eficiente.
  • Escolas que são ambientalmente sustentáveis e resilientes a desastres naturais são algumas das maneiras mais eficazes de proteger crianças e adolescentes contra as mudanças climáticas.
  • A energia renovável (por exemplo, energia solar) permite iluminação e conectividade em áreas onde a rede elétrica está faltando. Isso apoia a educação, permitindo que as refeições escolares sejam preparadas e lanternas solares carregadas para que estudantes levem para casa para fazer os deveres de casa. Nas unidades de saúde essa energia é fundamental para evitar fatores como a perda de vacinas por falta de refrigeração.
  • Tomar medidas decisivas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa para desacelerar e, em última análise, interromper o avanço das mudanças climáticas é crucial para enfrentar a crise climática antes que seja tarde demais.

COMO COLABORAR?

Os programas do Unicef dependem integralmente de contribuições voluntárias. Por isso, o Unicef trabalha para arrecadar recursos, como forma de assegurar os direitos de cada criança e cada adolescente. Todas as pessoas físicas, empresas e instituições podem contribuir com o trabalho da entidade no Brasil. Para saber como contribuir, acesse: https://www.unicef.org/brazil/faca-parte

Fonte: Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)