Diego Monteiro
O arroz, um dos principais alimentos presentes na mesa dos paraenses, está se tornando mais oneroso para os consumidores. Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) revela que nos últimos 12 meses, ficou evidenciado que esse item teve um aumento de 12,33% nas prateleiras dos supermercados do Estado.
Em setembro de 2022, o quilo do arroz custava R$ 5,27. No entanto, no mesmo mês deste ano, esse valor subiu, alcançando R$ 5,92, o que representa um acréscimo de R$ 0,65. O levantamento aponta ainda que o preço do arroz vem aumentando em janeiro, o produto estava sendo comercializado por R$ 5,61, e em agosto, subiu para R$ 5,86.
As variações acumuladas no preço do quilo do arroz consumido pelos paraenses superam em mais do que o dobro a inflação calculada em 2,91%, com base nas taxas do Índice de Preços ao Consumidor (INPC), divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Dieese/PA ressalta que a tendência é de novos aumentos no produto em breve.
DIEESE
Para o supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, as intensas flutuações climáticas que afetam as regiões produtoras explicam esses reajustes. “Somos um dos maiores consumidores de arroz. Esse item é parte essencial da cesta básica e, por isso, há uma grande demanda. Não possuímos uma produção suficiente para atender essa demanda, então precisamos recorrer a outros estados”, afirmou.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço desse grão continua aumentando, especialmente devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul (RS), um dos principais produtores da cultura. Até o dia 20 de outubro, apenas 45% da área prevista para o plantio de arroz estava semeada. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 59%.
Além de impactar as atividades no campo, as chuvas dificultaram ainda o transporte do arroz. “Então, nesse momento de variações climáticas de quebra de produção, nós vamos pagar mais caro por dois motivos: não produzimos tudo aquilo que a gente necessita; as nossas distâncias deixam cada vez mais cara aquilo que a gente precisa”, completa.
“O que precisamos é montar um plano para que possamos sair desse alto grau de dependência e pagar mais caro devido a distância. O Pará é um estado de dimensões continentais, então temos condições de, com tecnologia, pesquisa e investimento, produzir arroz e feijão”, conclui Everson.