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Desemprego recua a 7,7%, menor taxa para o 3º trimestre desde 2014

Leonardo Vieceli/Folhapress

 

Com recorde de pessoas trabalhando, a taxa de desemprego do Brasil recuou a 7,7% no terceiro trimestre de 2023. Trata-se do menor patamar para esse intervalo desde 2014 (6,9%), ano em que a economia nacional entrou em crise. É o que indicam dados divulgados nesta terça-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Considerando os diferentes períodos da série histórica iniciada em 2012, a taxa de 7,7% é a mais baixa desde o trimestre até fevereiro de 2015 (7,5%), segundo o instituto.

Com o novo resultado, a população desempregada recuou a 8,3 milhões. O número era de 8,6 milhões nos três meses imediatamente anteriores. A taxa de 7,7% ficou em linha com as previsões do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg também projetavam 7,7%.

O indicador estava em 8% no segundo trimestre deste ano, o mais recente da série comparável da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Por meio da Pnad, o IBGE investiga tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, analisa desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.

No terceiro trimestre, o número de trabalhadores ocupados com algum tipo de vaga alcançou 99,8 milhões, diz a pesquisa. É o recorde da série histórica. O contingente cresceu 0,9%, o que representa um acréscimo de 929 mil trabalhadores frente aos três meses anteriores.

Na visão de economistas, os dados mostram um mercado de trabalho aquecido, ainda sob impacto do desempenho positivo da atividade econômica no primeiro semestre. A desaceleração da economia esperada até o final do ano ainda não teria afetado a geração de empregos. “Em geral, demora um pouco para a economia bater no mercado de trabalho”, afirma o economista Daniel Duque, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

“A geração de empregos [no terceiro trimestre] vem de uma economia resiliente no primeiro semestre”, acrescenta.

VAGAS FORMAIS

O IBGE disse que o aumento da população ocupada foi puxado pela criação de vagas formais no período até setembro. Nesse sentido, o grupo dos empregados com carteira assinada no setor privado teve alta de 1,6% (ou mais 587 mil). O contingente se aproximou de 37,4 milhões, o maior nível para o terceiro trimestre desde 2014 (37,6 milhões).

“A queda na taxa de desocupação foi induzida pelo crescimento expressivo no número de pessoas trabalhando e pela retração de pessoas buscando trabalho no terceiro trimestre de 2023”, afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

Questionada por jornalistas se os dados refletem uma melhora da atividade econômica neste ano, a pesquisadora disse que o mercado de trabalho indica esse panorama. “Até porque o crescimento da ocupação está sendo acompanhado pelo crescimento do rendimento, pelo crescimento dos trabalhadores com carteira.”

Beringuy, contudo, lembrou que o país ainda tem um número expressivo de informais. A população atuando sem carteira ou CNPJ foi de 39 milhões no terceiro trimestre, o equivalente a 39,1% do total de ocupados. O recorde da série ocorreu no terceiro trimestre de 2019, quando a taxa de informalidade alcançou 40,9%.

Os dados divulgados nesta terça ainda não refletem os possíveis impactos do Censo Demográfico 2022. O recenseamento é a base para a atualização da amostra populacional da Pnad.

Segundo analistas, a amostra pode sofrer alterações porque o Censo contabilizou uma população menor do que as estimativas usadas na pesquisa do mercado de trabalho. O recenseamento também apontou um envelhecimento dos brasileiros e uma presença mais elevada das mulheres.