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Theatro Fúria faz performance dentro da Bienal das Amazônias

Performance é inspirada na obra de Yuval Noah Harari. FOTO: DIVULGAÇÃO
Performance é inspirada na obra de Yuval Noah Harari. FOTO: DIVULGAÇÃO

Dentro da programação da Bienal das Amazônias, direto do Mato Grosso, o Theatro Fúria encena neste sábado (28), em Belém, a performance Nó’sapiens, uma provocação à reflexão sobre a “ditadura” dos formadores de opinião no cotidiano.  Na sequência, o espaço abrigará a performance “Nêngua Territórios Sagrados – Romaria”.

Desde agosto, o espaço de 7,4 mil metros quadrados cravado no centro comercial da capital paraense (antiga loja matriz da Y.Yamada, na rua Sen. Manoel Barata) tem sido vitrine para os trabalhos dos 115 artistas selecionados para a primeira edição da Bienal das Amazônias. O Theatro Fúria foi um desses selecionados pelo corpo curatorial Sapukai – formado pelas curadoras Sandra Benites, Flavya Mutran, Vânia Leal e Keyna Eleison.

Grupo teatral  aborda temas existencialistas

O grupo teatral existe há 23 anos e, segundo seus criadores, “tem como prioridade a construção e divulgação de espetáculos com dramaturgia própria, abordando predominantemente temas existencialistas”. A pesquisa do grupo está focada nos eixos de teatro dramático, teatro narrativo e performatividade.

Para Belém, o grupo trouxe dois trabalhos. Um deles é a performance “Nó’Sapiens”, inspirada no livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” de Yuval Noah Harari. O grupo propõe “uma reflexão a respeito das narrativas ditadas pelos chamados ‘formadores de opinião’ ditando e/ou sugerindo os rumos de nossas vidas”.

“Como e porquê seguimos estas narrativas e por que nós – homo sapiens – não temos a capacidade de sobreviver sem acreditar em alguma(s) narrativa(s)?”, provocam. No livro que inspira a performance e que se tornou um clássico da literatura contemporânea, o autor israelense divide a história da humanidade em três grandes revoluções que seriam a cognitiva, a agrícola e a científica.

Público é convidado a participar da performance

Para explorar essa temática, o grupo convidou o público de Belém a participar efetivamente da performance. Na sexta-feira, os inscritos previamente participaram da Oficina Furiosa – Prospecção Performativa. Puderam participar pessoas com experiência em performance e leigos.

O grupo considera a experiência importante para que o público tenha “a oportunidade de contato com outros performadores a fim de juntar forças em prol da

realização de um trabalho performativo coletivo e também para a formação de coletivos ativos para a realização de performances em grupo”.

Theatro Fúria já apresentou performance no Ver-o-Peso

O Theatro Fúria também trouxe para Belém a performance “Horário Comercial”. A apresentação foi feita no mercado do Ver-o-Peso. Na calçada em frente ao Solar da Beira, os artistas chamaram a atenção dos trabalhadores e quem mais passasse pelo local para um momento de reflexão sobre o trabalhar. Durante oito horas seguidas, uma pessoa trabalhou amarrando e desamarrando nós em um cabo, tendo um intervalo de uma hora para o almoço, sem construir ou concretizar nada.

“O que é o nosso trabalho? A que se destina? É importante para quê? Compreendemos plenamente a importância das ações mecânicas ou intelectuais que tanto usamos para trabalhar? Como nos sentimos em relação à carga horária que dedicamos de nosso tempo de vida para realizar os trabalhos que fazemos?”, provocaram.

A performance é inspirada no livro “A Vida Não é Útil”, de Ailton Krenak. A obra é uma coletânea de entrevistas e palestras do escritor indígena, jornalista, filósofo e ativista organizada pela jornalista Rita Carelli. Nela, o autor expõe a cultura globalizada de realização humana através do trabalho e do consumo, escolhas opostas à preservação do meio ambiente.