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Gerson Nogueira: 'Papão começa a arrumar a casa'

Foto: Jorge Luís Rodrigues/Paysandu
Foto: Jorge Luís Rodrigues/Paysandu

Papão começa a arrumar a casa

O Paysandu agiu rápido e acertou a permanência da comissão técnica que dirigiu o time na Série C deste ano. Os custos da renovação ficaram acima de R$ 300 mil, segundo fontes seguras, patamar que a deixa entre as mais bem pagas da Série B nacional, onde os técnicos recebem em média R$ 150 mil. O anúncio oficial foi feito no início da noite de ontem.

Acontece que o Papão precisava se estruturar internamente para montar o elenco para a próxima temporada. A continuidade da comissão técnica, aliada à presença do executivo Ari Barros, que deve fechar acordo nos próximos dias, é um passo fundamental para iniciar a reformulação do elenco.

Muitos jogadores que participaram da campanha na Série C foram contratados por indicação do técnico Hélio dos Anjos – casos de Alencar, Kevin, Anilson, Mirandinha, Wesley, Matheus Nogueira, Gustavo Custódio, Ronaldo Mendes e Wellington Carvalho –, mas poucos irão ficar para a Série B.

Matheus Nogueira, Ronaldo Mendes, Alencar e Kevin são os mais cotados para ficar e compor elenco. Dos jogadores que já estavam no plantel quando o técnico chegou, Matheus, Robinho, Vinícius Leite, João Vieira e Mário Sérgio devem permanecer.

Em entrevista concedida ontem, o presidente Maurício Ettinger garantiu que os planos da diretoria é formar uma equipe para brigar pelo acesso à Série A. Não quer apenas disputar a Série B, mas alcançar a Primeira Divisão, tentando se espelhar no exemplo do Fortaleza.

Para isso, o clube não pretende economizar esforços. Começando pela comissão técnica, o processo de renovação passa por garantir que o artilheiro Mário Sérgio (22 gols na temporada) continue na Curuzu. As negociações estão em andamento.

A parte mais ambiciosa do projeto é buscar atletas de qualidade, em condições de garantir ao PSC um lugar entre os quatro primeiros colocados na Série B do ano que vem. Jogadores que venham para assumir a titularidade, não para servir de opção no banco.

Ettinger admite que está diante de um imenso desafio, difícil de alcançar, mas não pretende desistir sem luta. É a mesma obstinação que marcou as campanhas do clube nos últimos cinco anos de Série C.

A confirmação da comissão técnica é, para Ettinger e sua diretoria, um atestado da seriedade do projeto de busca pela Série A. A conferir.

 

Resultados deixam Diniz entre o céu e o inferno

No Brasil, a vida útil dos técnicos é regulada essencialmente pelos resultados, o que é sempre imprevisível. Por esse ponto de vista, é preocupante e curiosa a situação do técnico Fernando Diniz. Preocupante porque ele vê o Fluminense perder fôlego no Campeonato Brasileiro e amarga um mau começo na Seleção Brasileira na condição de interino.

E é curiosa porque até três meses atrás ele tinha a posição mais invejada pelos demais treinadores brasileiros. Além do polpudo salário, só inferior ao de Tite no Flamengo, Diniz viu seu prestígio aumentar.

Tudo parecia conspirar a favor. O Fluminense se mantinha entre os primeiros no Brasileiro e ia muitíssimo melhor na Libertadores, onde conseguiu chegar à decisão. A Seleção estreou bem, com uma goleada acachapante sobre a Bolívia em Belém.

De repente, após garantir a condição de finalista do torneio continental, o Flu começou a se atrapalhar em jogos fáceis. O último tropeço foi ontem à noite diante do Corinthians, de Mano Menezes. O time até conseguiu uma reação no segundo tempo, empatando em 3 a 3.

A questão é o nível técnico do adversário. O Corinthians é um time envelhecido, com poucas alternativas no elenco e uma campanha que o coloca entre os últimos da classificação. Ainda assim, conseguiu impor um placar de 3 a 1 na etapa inicial, com relativa facilidade. Quase fez 4 a 1.

Diniz, à beira do campo, parecia não entender direito como a sua equipe se deixava envolver pelos passes alongados e a pífia posse de bola do Corinthians. A mobilidade só reapareceu nos 45 minutos finais, quando Marcelo, Ganso e Arias conseguiram achar espaço para jogar.

O empate deixa o Flu distante das primeiras posições na Série A (caiu para o 9º lugar) e dependendo de uma atuação redentora na grande final da Libertadores contra o Boca Juniors para fechar a temporada em grande estilo. Diniz, logicamente, depende ainda mais desse título.

Caso perca, até mesmo o currículo que o levou ao comando da Seleção começará a ser questionado, depois das três atuações pavorosas contra Peru, Venezuela e Uruguai.

 

Efeito Garrincha nos gols improváveis de Junior Santos

Junior Santos, um ponteiro impetuoso e imprevisível (no bom e mau sentindo), virou o herói botafoguense do jogo com o América-MG, na quarta-feira, em Belo Horizonte. Com dois golaços, principalmente o segundo, ele se destacou usando um recurso improvável: o pé forte é o direito, mas ele marcou com o esquerdo.

Em outras palavras, a perna ruim é boa e a boa é ruim. Todos os quatro gols de Junior no Brasileiro foram de esquerda. Vá entender. Coisas de quem veste a camisa 7 do Botafogo, cujo patrono absoluto é o endiabrado Mané Garrincha, mas que já foi também de Jairzinho e Rogério.

Além de Junior, a partida fez justiça ao excepcional campeonato de Lucas Perri, responsável por três defesas espetaculares, que asseguraram o triunfo alvinegro. Foi daqueles jogos que marcam campanhas campeãs. O lanterna do campeonato jogando acima do nível normal e o líder tendo a sabedoria necessária para entender que 2 a 1 era mais do que suficiente.