Pará

Projeto de inclusão do Pará é premiado nos Estados Unidos

Canoagem adaptada, uma das modalidades oferecidas pelo CIIR. 19/10/2023. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Canoagem adaptada, uma das modalidades oferecidas pelo CIIR. 19/10/2023. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Na última semana, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) conquistou o primeiro lugar na categoria ‘Pôster’, com o projeto “Meninos do Rio”, na Conferência Internacional Planetree, realizada em Boston, nos Estados Unidos, que agraciou ações de saúde focadas nas pessoas e reuniu profissionais do mundo todo.

O projeto, que integra o Sistema Único de Saúde (SUS), é desenvolvido por meio da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) e foi o único selecionado e premiado no âmbito da saúde pública. A iniciativa oferece a prática de canoagem, stand up paddle, caiaque e outras modalidades adaptadas para pessoas com deficiências físicas, visuais, auditivas e intelectuais.

Em celebração à conquista pelo reconhecimento do trabalho realizado no projeto, cerca de 20 alunos do projeto participaram ontem da sessão especial da Canoagem Adaptada, na Baía do Guajará, em frente à orla do CIIR.

A iniciativa oferece a prática de canoagem, stand up paddle, caiaque e outras modalidades adaptadas para pessoas com deficiências físicas, visuais, auditivas e intelectuais. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

No comando da atividade, o profissional de educação física e condutor da terapia, João Rodrigues, explicou que, antes de cair na baía, os alunos praticam atividades de musculação e desenvolvem as técnicas de canoagem na piscina do centro, a fim de proporcionar condicionamento físico, amplitude dos movimentos e equilíbrio. Para ele, a premiação é um reconhecimento jamais imaginado.

“Nem eu, que sou um dos idealizadores, imaginava que poderia dar tão certo. É surpreendente a gente parar para pensar e começar a lembrar de como tal paciente chegou aqui há três meses, assim como os mais antigos, e perceber a evolução de cada um. É incrível, então, é um prêmio super justo. O mérito também é deles, porque a evolução de cada um já é um prêmio para a gente sempre”, ressalta.

E toda essa evolução é percebida de maneira muito prática no dia a dia de dona Margarete Soares, de 54 anos, que há cinco anos acompanha o filho, Felipe Soares, 29, pessoa com paralisia cerebral, nas atividades e oficinas do CIIR. Emocionada, a mãe de Felipe, comentou que é maravilhoso ver o filho tendo qualidade de vida, sendo incluído na sociedade, participando de um projeto que ela define como transformador.

“É maravilhoso ver a evolução do meu filho. Hoje ele vai sozinho ao banheiro, se veste sozinho, são coisas simples para muitas pessoas, mas que significam muito para nós. Quando ele me chamou de mãe então… muito emocionante! São evoluções que não são imediatas, mas aos poucos é muito bom. Ver ele desenvolvendo a autonomia é maravilhoso”, completa.

HISTÓRIAS

Histórias como a de Felipe não faltam. O cozinheiro Valdo Silva, de 54 anos, chegou ao CIIR sem conseguir andar e falar, vítima de um AVC hemorrágico. Há três anos praticando as atividades de canoagem, ele também afirma que participar do projeto foi algo transformador em sua vida.

“Cheguei aqui de cadeiras de rodas e hoje sou muito grato ao Centro Integrado e todos os profissionais que me capacitaram novamente a estar aqui, falando com você, em pé, dando o meu melhor. Esse projeto transformou a minha vida”, ressalta.

Para a coordenadora do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP), Alene Quadros, o CIIR se destaca por não fazer apenas o necessário, mas aquilo que precisam para proporcionar qualidade de vida aos pacientes.

“O CIIR é um centro de excelência, que tem como foco o cuidado centrado na pessoa, então poder de fato incluir e proporcionar qualidade de vida para que eles possam retornar para a sociedade e ser quem eles quiserem ser, da forma que quiserem, é o nosso foco principal”.