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Andréa Brächer expõe “Ygapó - Floresta Encantada de Águas” em Belém

Pesquisadora de processos históricos da fotografia, Andréa Brächer usa a cianotipia para dar o clima onírico que persegue em suas imagens. FOTOs: andréa brächer/divulgação
Pesquisadora de processos históricos da fotografia, Andréa Brächer usa a cianotipia para dar o clima onírico que persegue em suas imagens. FOTOs: andréa brächer/divulgação

Texto: Wal Sarges

A flora amazônica inspirou a exposição “Ygapó – Floresta Encantada de Águas”, da artista Andréa Brächer, que abre nesta terça-feira, 17, às 19h, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Belém. O recorte da mostra reflete o olhar da artista a partir de imagens capturadas em Alter do Chão, região oeste do Pará.

Estão reunidas 14 fotografias resultantes de uma imersão fotográfica coletiva, coordenada pelo fotógrafo e curador Eder Chiodetto na famosa Pérola do Tapajós, onde foram capturadas mais de mil imagens, com expressiva presença de igapós, como é conhecida a parte da floresta amazônica que permanece alagada mesmo na estiagem dos rios.

“A intenção da viagem era fazer uma expedição fotográfica e imersão pelos rios a partir de Alter do Chão, conhecendo a atividade da população ribeirinha, a floresta e os igapós. A imersão durou de sete a oito dias nesta parte do estado do Pará. A partir das fotografias, tivemos uma seleção com a curadora, a Letícia Lau, que tinha um conjunto de imagens para inscrevermos em editais”, explica a artista, que pela primeira vez versa sobre a Amazônia em seu trabalho.

Natural de Porto Alegre (RS), Andréa Brächer começou a fotografar na década de 1980. Sua proposta de base fotográfica busca refletir sobre o universo onírico, por vezes fantasmático, de fabulações e invenções. No início, sua fotografia era em preto e branco e já naquela época ela tinha interesse pela água.

“[a exposição ‘Ygapó’] é como um retorno às minhas origens da fotografia. A exposição retoma a questão da água enquanto temática, mas sob um novo prisma. Eu acho que fotografar na Amazônia é de suma importância. É lembrar da nossa diversidade ecológica e também refletir sobre a importância da Amazônia para o equilíbrio do nosso clima”, analisa a artista.

Atualmente, Andréa Brächer é docente no Instituto de Artes da UFRGS. Tem trabalhos publicados sobre fotografia histórica/alternativa no Brasil e no exterior. Suas obras integram acervos públicos e coleções privadas. No doutorado, Andréa desenvolveu uma produção voltada para o universo infantil, a partir da leitura de contos de fadas e de horror, assim como da história da fotografia.

“As minhas imagens fotográficas não são em preto e branco e nem coloridas. Elas são feitas em registro digital e depois eu passo para uma técnica fotográfica histórica do século 19, que é a cianotipia. Então, a exposição é toda monocromática, em tons de azul. Eu venho trabalhando com processos históricos desde os anos 2002/2003, com a cianotipia, em particular. É uma das especialidades da minha trajetória artística, lidar com esses processos históricos, um processo híbrido entre o analógico e o digital”, classifica.

Trabalhar com esse processo antigo na contemporaneidade é algo experimental, que envolve muitas etapas, diz ela. “Isso quer dizer que se eu for repetir uma imagem, ela nunca vai ser igual a outra, porque a coloração muda, a pincelada também. Um dos motivos das escolhas é isso, que representa um processo artesanal da fotografia”, argumenta.

A escolha das imagens refletiu o encontro entre a temática da água e do “encantado”, que Andréa já trazia em seu trabalho. “Perto de Alter do Chão tem uma floresta que se chama Floresta Encantada e boa parte das imagens foram feitas nesse local. Eu trabalho desde 2005 com a ideia de encantamento, os contos de fadas, fabulações, por causa dos processos que uso. Então, a ‘Encantada’ do subtítulo tem a ver com as temáticas que eu exploro e o local da fotografia”, detalha.

PRESTIGIE

Exposição “Ygapó – Floresta Encantada de Águas” – Andréa Brächer
Abertura: Hoje, 17, às 19h.
Visitação: De 18 de outubro a 7 de dezembro, de segunda a sexta, das 9h às 17h.
Onde: Espaço Cultural do Banco da Amazônia (Av. Presidente Vargas, 800 – Campina)
Quanto: Gratuito.