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Gerson Nogueira: 'Os méritos da torcida Fiel'

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Os méritos da torcida Fiel

 

Quando o PSC patinava na fase de classificação, muita gente colocou em dúvida a própria permanência na Série C. Ali pela 10ª rodada, após a derrota para o Botafogo-PB, a situação era realmente periclitante, e não havia perspectiva de uma reação. O que viria a seguir, com a troca de treinador e a entrada em cena de uma nova comissão técnica, faria com que o time se reinventasse dentro da competição.

Essa reinvenção levou à arrancada rumo à classificação, que ganhou fôlego a partir da vitória no clássico Re-Pa. A torcida entrou em cena com apoio e incentivo em todos os jogos. A confiança no desempenho foi imediata, provando uma vez mais que a massa torcedora pode sempre fazer a diferença.

Mesmo quando veio a punição de dois jogos sem mando de campo, depois flexibilizada para um público formado por mulheres, adolescentes e crianças, não faltou a presença intensa e vibrante na Curuzu.

Nas partidas do quadrangular, veio a gigantesca demonstração de força com 100 mil torcedores no estádio Jornalista Edgar Proença em dois jogos – Botafogo e Amazonas. Uma presença de público tão avassaladora acabaria por empurrar naturalmente o time ao acesso.

Aliás, seria uma crueldade do destino se o PSC não obtivesse o passaporte para disputar a Série B em 2024. Sem o mesmo quantitativo, logicamente, a torcida também se fez presente em todos os jogos fora de casa. Em número expressivo e com a mesma pegada de vibração e entusiasmo.

No sábado à noite, em Volta Redonda, mesmo distante de sua torcida, o PSC jogou com a aplicação necessária para fazer o placar que lhe interessava. Marcou muitíssimo bem no primeiro tempo, conseguindo travar o jogo do adversário, mesmo que por conta disso tenha sacrificado a parte ofensiva.

Ocorre que o objetivo a ser alcançado era o acesso, não necessariamente vencer a partida. Nesse sentido, a estratégia foi a mais adequada e contou para o êxito a entrega e a disciplina tática de todos os jogadores, inclusive dos que entraram na parte final, como o zagueiro Naylhor.

A maneira pragmática de atuar deixou certamente muita gente com o coração na mão, vendo o jogo pela TV, principalmente quando o Voltaço fez o gol aos 17 minutos do segundo tempo, com Bruno Barra, e com a bola na trave há 8 minutos do fim.

Para felicidade geral da nação bicolor, a derrota pelo placar mínimo foi suficiente para garantir a impressionante festa pelo acesso, iniciada no estádio Raulino de Oliveira e se estendendo por todo o Estado do Pará.

Foram cinco anos de muito esforço e dinheiro desperdiçados. Nesta temporada mesmo, o clube investiu pesado em contratações (50 no total) que em grande parte não vingaram. Da insistência, porém, veio o êxito.

O Papão está na Série B e, com isso, passa a ter um orçamento muito mais robusto para investir no futebol e na estrutura interna, incluindo o CT. O presidente Maurício Ettinger, ao final da partida, disse que a meta é conduzir o PSC à Série A em 2025. Pensar grande é fundamental.

 

 

Recuperação do Fogão expõe o risco de manter técnicos arrogantes

A atuação encaixada e convincente do Botafogo sobre o Fluminense, por 2 a 0, ontem, deixa evidente mais uma vez o mal que certos técnicos podem causar a um time de futebol. Bruno Lage, o breve, deixou um rastro de terra arrasada no clube após tentar reinventar a roda.

Disposto a impor uma assinatura autoral a todo custo, meteu os pés pelas mãos, trocando jogador de posição e – pecado maior – barrando simplesmente o artilheiro do time, Tiquinho Soares, contra o Goiás.

Foi justamente o tropeço diante do Goiás, completando quatro jogos sem vitória, que determinaram a demissão do português. Para tanto, a direção da SAF precisou ser pressionada pelos representantes do elenco.

Os jogadores foram até a cúpula cobrar providências diante da visível queda de rendimento do time, causada pelas amalucadas mudanças promovidas por Bruno Lage. Não se tratou de motim, mas de tomada de providências pelo bem do próprio Botafogo.

No clássico com o Fluminense, o comandante foi Lúcio Flávio, que trabalhou como auxiliar de Luís Castro e de Lage, e os efeitos da troca já puderam ser observados. O time voltou a jogar com alegria e, acima de tudo, com a mesma confiança dos melhores momentos da campanha.

Tiquinho voltou a marcar, alcançou 15 gols na tabela de artilheiros, e Junior Santos confirmou a excelente fase – é o maior driblador do campeonato –, jogando sempre de forma vertical e marcando o gol que abriu caminho para a grande e redentora vitória.

Que sirva de exemplo para o Botafogo e para outros clubes, que muitas vezes se deixam enredar pelas ideias mirabolantes de técnicos que pautam seu trabalho exclusivamente pela régua da vaidade, da soberba e da arrogância.

O perigo ronda sempre os clubes, pois muitos gestores de futebol não se julgam capacitados para contestar decisões tomadas aleatoriamente, sem qualquer razão lógica. Por cerca de seis rodadas, o Glorioso colocou em risco uma campanha fantástica por força de um Professor Pardal mequetrefe.

Técnicos não podem ter poderes excessivos e absolutos, que não comportem a crítica correta, justa e responsável. No futebol paraense mesmo é possível observar aqui e ali arroubos de egocentrismo que ferem de morte bons e vitoriosos trabalhos. Olho vivo.