SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Equipes de resgate encontraram ao menos 260 corpos no local onde a rave Universo Paralello, festival criado por brasileiros, acontecia no último sábado (7), em Israel.
A edição do festival de música eletrônica, que era realizada na região sul do país, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza, foi interrompida pelos ataques terroristas do grupo islâmico Hamas.
O Universo Paralello em Israel foi organizado por um produtor israelense, que licenciou os direitos de uso do nome da festa. A região é tradicionalmente conhecida por promover festivais do gênero, outra rave havia acontecido no local um dia antes.
O Ministério das Relações Exteriores informou, na tarde deste domingo (8), que um brasileiro está ferido e outros três desaparecidos na área de conflitos entre Israel e o grupo Hamas. O brasileiro ferido recebeu tratamento hospitalar e teve alta. As identidades não foram divulgadas pela pasta.
Todos eles têm dupla nacionalidade e estavam na festa, no sul de Israel,, segundo o Itamaraty. A rave foi interrompida pelo ataque surpresa de combatentes do Hamas ao país, que se infiltraram por terra, mar e ar em solo vizinho no sábado (7). O ataque fez eclodir uma nova guerra na região, declarada pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu.
Um dos brasileiros desaparecidos seria Ranani Glazer, gaúcho que vivia em Israel há sete anos. Ele estaria acompanhado da namorada e de um amigo durante a festa.
A rave publicou nota em seu perfil nas redes sociais e lamentou o ocorrido. “Estamos consternados, chocados e assustados com tudo que aconteceu e deixamos explicitamente a nossa revolta e nossos sentimentos às vítimas desse ataque perverso”, disse. “Não temos informações precisas sobre o ocorrido e sobre o público que estava no festival”, afirmou.
O pai do DJ Alok, o também DJ Juarez Petrillo, mais conhecido como DJ Swarup, estava presente na edição israelense do festival e iria se apresentar quando os bombardeios disparados pelo Hamas começaram a ecoar na região. Ele publicou vídeos do momento em que a festa foi interrompida em seus perfis nas redes sociais.
No sábado (7), o DJ Alok se pronunciou na plataforma X (ex-Twitter). “Sobre os acontecimentos de hoje, estou consternado e ainda chocado com o ataque covarde aos milhares de inocentes com o uso de mais de 2500 mísseis na invasão em diversos locais no sul de Israel”, disse. “Ainda sobre o meu pai, ele está seguro em um bunker aguardando direcionamento para retornar ao Brasil.”
Gabriela Barbosa, uma brasileira que estava na plateia do evento, também compartilhou detalhes em seu perfil no Instagram. Segundo ela, houve pânico e caos, e as pessoas foram instruídas a se deitarem no chão por 15 minutos antes de receberem a orientação para sair do local com urgência.
Barbosa mencionou que o grupo extremista Hamas chegou a invadir o local do festival. Em sua fuga, ela relatou ter visto uma mulher ferida e um veículo com vidros estilhaçados.
Em seu relato nas redes sociais, ela acrescentou: “Dois dos nossos amigos ainda estão na área, pois as estradas foram fechadas, mas estão bem. Outros dois foram atingidos quando tentavam chegar a Tel Aviv. Não temos notícias do que aconteceu com eles, pois não estão conseguindo se comunicar, mas estão recebendo tratamento e estão em boas mãos”.
A Universo Paralello foi criada em 2000. As primeiras edições foram realizadas em Goiás, e traziam uma forma diferente de festa do que era feito até então. O evento cresceu e se tornou uma das marcas mais conhecidas da música eletrônica brasileira.
A versão de Israel do Universo Paralello foi anunciada em agosto e fazia parte de uma turnê internacional do festival.
O Itamaraty deixou dois telefones e números de WhatsApp da embaixada em Tel Aviv à disposição para o atendimento de brasileiros em situação de emergência em Israel: +972 (54) 803 5858 e +972 (59) 205 5510. Além disso, o plantão consular geral também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
A embaixada em Tel Aviv colheu, até o momento, por meio de formulário online, os dados de cerca de mil brasileiros e de seus dependentes, a maioria deles turistas, hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. O formulário pode ser preenchido neste link. Nem todos pediram repatriação ou ajuda para deixar Israel.
O governo brasileiro fechou um plano para tirar cidadãos do país que estão em Israel, na Palestina e demais países do Oriente Médio, após os ataques iniciados no sábado. A FAB (Força Aérea Brasileira) terá quatro aviões à disposição do governo Lula (PT) para o resgate, além de duas aeronaves da presidência, de capacidade menor, caso sejam necessárias.