A quinta-feira foi bastante movimentada na Basílica Santuário e na Casa de Plácido, ponto de apoio para receber os peregrinos que saem de várias cidades do interior do Estado rumo a Belém para pagar promessas ou renovar pedidos à Nossa Senhora de Nazaré. E muitos devotos da padroeira dos paraenses cumpriram na manhã desta quinta sua longa caminhada e, apesar do semblante cansado, havia a satisfação de missão cumprida.
Na última quarta-feira, 4, centenas de devotos de Nossa Senhora de Nazaré iniciaram a 44ª Romaria de Castanhal até Belém, uma das caminhadas mais tradicionais do Estado.
A chegada estava prevista para às 11h desta quinta-feira, 5, totalizando um percurso de 79 quilômetros. E, após quase 28 horas de caminhada, o grupo chegou ao seu destino. A caminhada ocorre há 44 anos e há 33 está sob a coordenação do professor José Nazareno Abraçado Henrique, 69 anos.
“A romaria foi criada por duas mulheres e um homem, que carregava uma cruz, isso há 44 anos. Eu estou há 33 anos coordenando esse grupo, junto com a minha família. Chegamos com quase 800 pessoas, paramos em 10 locais e onde a gente passa somos bem acolhidos”, declarou.
No mesmo grupo estava a estudante Wellen Nascimento, de 16 anos. Ela participa da caminhada há três anos. “Minha caminhada é mais pela fé. Significa muito vir andando. Desde que comecei falei que ia até onde Deus e Nossa Senhora me acompanhasse. Para mim, o Círio só tem sentido se eu vier andando”, disse ela, que revelou ter iniciado a peregrinação em 2021 pela cura de um primo que tinha epilepsia e que, segundo ela, hoje vive bem melhor.
Outro grupo chegou ainda pela manhã até a Basílica, vindo de uma cidade um pouco mais distante em relação a Castanhal. Os ‘Romeiros do Asfalto’ vieram de Primavera, deixando o município da região nordeste paraense no último sábado.
“É uma experiência agradável. Durante o percurso durante as passagens do Evangelho a gente medita, reflete, vê como Nossa Senhora se doou, isso fortalece nossa caminhada. É cansativo, mas temos muita gratidão. Teve um rapaz em que a mãe teve câncer, e veio pedir a cura para ela, então cada um tem seu pedido em seu coração”, disse Dezinete Gomes Monteiro, 59, professora.
Outro participante do grupo, o zelador Antônio Costa, de 43 anos, não escondia a emoção ao concluir o trajeto.
“Esse momento é difícil, é longa a caminhada, mas quando se tem fé a gente consegue vencer. É um momento para agradecer e agora é olhar para frente e superar todas as dificuldades. Ano que vem estaremos aqui de novo. Com a graça de Deus e Nossa Senhora de Nazaré chegamos inteiros e com saúde”, disse ele, que participa caminhando pelo segundo ano. Antônio contou que já fez o percurso por cinco anos pedalando em sua bicicleta.
Outro grupo reuniu vários idosos atendidos pela Unidade Básica de Saúde do Telégrafo, em Belém, que fazem o percurso há bastante tempo.
“Esse grupo de idosos dura 17 anos e é nossa 11ª caminhada. Eles fazem várias atividades entre eles e para congregar com as festividades do Círio a gente fez essa caminhada como atividade também. São pessoas de muita fé e o mais legal é que além dos católicos os evangélicos participam da caminhada. É uma forma de todos se sentirem incluídos no Círio, mesmo os que por conta da saúde não conseguem participar das procissões, então fazemos esse trajeto da Praça Brasil até a Basílica”, revelou Thereza Christina, 55 anos, psicóloga da UBS, coordenadora do Grupo de Idosos Saúde, Fé e Esperança”.
Colaborou Irene Almeida