Candidata afirma que TRE não quer foto com turbante na urna

Candidata afirma que TRE não quer foto com turbante na urna

O período de preparação dos candidatos que irão pleitear uma vaga nas eleições 2022 já se iniciou. Este é o momento ideal para deixar muito bem definido o que cada um irá defeder diante da população e, claro, organizar toda a campanha, para estar apto a receber votos no mês de outubro. Nesse período também, a atenção dos órgãos responsáveis pelo pleito fica redobrada, em relação às ações de cada candidato.

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Lívia Noronha é candidata a deputada estadual no estado do Pará pelo PSOL, e relatou uma complicação que está enfrentando em sua candidatura. Ela informou que recebeu do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) uma intimação para que ela mudasse a foto que encaminhou junto com a documentação para registro de candidatura, tudo porque no retrato ela aparece com um turbante.

De acordo com Lívia, o turbante é usado como parte de sua fé na religião de matriz africana. Para o TRE, a imagem não segue a lei que proíbe a “utilização de elementos cênicos e de outros adornos”. O mesmo texto legal, no entanto, assegura utilização de indumentárias étnicas ou religiosas.

A candidata criticou duramente a alegação do TRE, afirmando que se trata de racismo “O juiz entendeu que o turbante é um adorno e não uma peça étnica e religiosa. Isso é fruto do racismo estrutural”, afirmou em entrevista ao UOL.

Caso não atenda às exigências do TRE, ela corre o risco de ter a candidatura indeferida. Os advogados do partido vão encaminhar contestação à Justiça Eleitoral. “A leitura do juiz é fruto de uma educação que não nos dá o direito de saber sobre nossa ancestralidade no Brasil, que é mais de 80% negro”, acredita a psolista.

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“Muita gente não sabe qual é a origem do turbante, acha que é apenas um acessório de moda”. Livia, que é professora de Filosofia e já foi candidata a prefeita da cidade de Ananindeua, diz que usa turbante todos os dias. “Faz parte da minha identidade religiosa, étnica e racial”, define.

Ela espera que o episódio tenha ao menos uma consequência útil. “Talvez seja bom aproveitar o momento para educar, inclusive os eleitores”, concluiu.