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Gerson Nogueira: 'Poder que vem das arquibancadas'

Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu
Foto: Jorge Luís Totti/Paysandu

Poder que vem das arquibancadas

Nenhum dos clubes classificados para os quadrangulares da Série C carrega o patrimônio popular do PSC, cuja torcida bate seguidos recordes de comparecimento nos jogos decisivos. Nas duas primeiras rodadas – contra Volta Redonda e Botafogo-PB –, foram cerca de 60 mil pagantes, em partidas realizadas na Curuzu e no Mangueirão. Para o terceiro confronto, domingo, diante do Amazonas, o público deve chegar a 45 mil espectadores.

Ao todo, só no quadrangular, cerca de 100 mil pagantes. Média superior a 33 mil por jogo, superior ao público de grande parte dos times das Séries A e B. Demonstração de pujança e de força de mobilização do representante paraense. O apoio do torcedor impressiona jogadores do próprio PSC. A maioria nunca atuou em times de massa e em estádios apinhados de gente.

Esse cenário, que vem transformando jogos de futebol em autênticas catarses, distingue o Papão dos outros clubes que lutam pelo acesso à Série B – o Brusque já está garantido. Acima de tudo, essa força nas arquibancadas funciona como fator de intimidação.

Os clubes que visitam Belém sabem que, além do que ocorre no campo de jogo, há uma torcida vibrante empurrando o time alviceleste. Não é surpresa para quem está acostumado com o fervor da torcida paraense, que ano após ano dá provas de sua devoção ao futebol.

Domingo, contra o Amazonas, o PSC pode entrar em campo já com o acesso assegurado – caso o Volta Redonda não consiga vencer o Botafogo, sábado, em João Pessoa –, mas isso não importa muito para o torcedor. A festa será realizada com ou sem a luta pelo acesso.

Até porque, independentemente de qualquer coisa, o PSC tem a legítima ambição de garantir o primeiro lugar na chave C para decidir o título da Série C contra o Brusque. Caso vença o Amazonas e o Voltaço na última rodada, o Papão pode garantir uma pontuação superior à do time catarinense. Com isso, terá direito a jogar a finalíssima em Belém.

São muitos os motivos para dar ao jogo contra o Amazonas um colorido especial e um ambiente de intensa celebração, com mosaico, fumaça colorida e faixas que têm o objetivo de incentivar e saudar o time comandado por Hélio dos Anjos.

Presidente do Fortaleza não passa pano para hooligans

Por inusitada e rara, repercute intensamente a declaração do presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, feita depois do jogo com o Corinthians, pela Copa Sul-Americana, na terça-feira (26). O dirigente fez questão de condenar os atos de violência de torcedores de uma facção do clube nas arquibancadas da Neo Química Arena. E foi além: pediu desculpas aos torcedores vitimados pela selvageria dos adeptos do Tricolor cearense.

Paz é um dirigente diferenciado. A gestão que comanda é uma das mais brilhantes do futebol brasileiro moderno. Transformou o Fortaleza de um mero emergente regional em clube com aspirações a alargar presença no mercado continental.

A fala que proferiu, sem alterar o tom de voz, foi certeira. Alvejou os maus torcedores, geralmente baderneiros empenhados exclusivamente em tumultuar eventos esportivos, mesmo como visitantes.

Muitos clubes têm sido vítimas desse tipo de adepto. O PSC teve que cumprir duas punições impostas pelo STJD devido a ocorrências envolvendo seus torcedores em estádios de Santa Catarina e Paraná. Ao contrário do que fez o presidente do Fortaleza, nenhum dirigente bicolor se manifestou para reprovar a atitude dos baderneiros.

Ao repudiar o ocorrido em Itaquera, Paz deixa um recado muito claro aos delinquentes da arquibancada: o Fortaleza não quer saber deles em seus jogos. E vai providenciar uma investigação para identificar os valentões, a fim de encaminhar o caso à esfera policial.

Os clubes precisam de uma vez por todas entender que o futebol profissional não comporta mais ações de marginais, cuja presença nas praças esportivas não tem como objetivo apreciar o espetáculo. São pessoas que se organizam para brigar, assaltar e até matar. Nada a ver com o verdadeiro espírito esportivo.

Paz mandou muito bem. É um exemplo para dirigentes bananas e de rabo preso com torcidas ditas organizadas.

Justiça do Trabalho debate situação das categorias de base

Uma reunião realizada na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), na segunda-feira (25), discutiu detalhadamente a situação das categorias de base do futebol paraense. Além do TRT8, representantes do Ministério Público do Trabalho PA-AP, do Ministério Público do Estado da Federação Paraense de Futebol e da dupla Re-Pa, puderam expor suas sugestões sobre o tema.

Segundo o procurador-chefe do MPT, Sandoval Silva, as melhorias devem ser gradativas e priorizar a proteção da criança: “É necessário diálogo intersetorial entre Estado, mercado e ONGs, cooperação entre os clubes maiores e menores e direitos econômicos repartidos entre atletas e famílias”.

Tanto a Justiça do Trabalho quanto o MPPA defenderam a necessidade de oferecer condições dignas às crianças, como educação, saúde, convivência familiar e direito ao esporte. Um dos pontos cruciais, porém, é como financiar esses patamares mínimos aos atletas de base.

A FPF quer retomar as competições sub-15, sub-13 e sub-9, considerando que as competições são importantes para a formação técnica dos jogadores. Remo e Paysandu concordaram em trazer para discussão os pontos colocados pela Federação e MPT em nova conversa agendada para 4 de outubro.