Pará

Pará enfrenta calor até novembro, segundo a meteorologia

Pryscila Soares

Com poucos registros de chuvas e altas temperaturas, o estado do Pará enfrenta desde agosto deste ano um período de calor intenso, o que reflete em uma elevada sensação térmica. A região está sob a influência do fenômeno El Niño, que provoca o aquecimento da temperatura no Oceano Pacífico equatorial, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-Pará).

Nos últimos dias, foram divulgados diversos alertas sobre uma possível onda de calor, que atingiria diversos municípios paraenses. Os informes sinalizam uma elevação em 5°C acima das temperaturas médias mensais. Contudo, de acordo com o Inmet, existe um critério técnico para definir a ocorrência de uma onda de calor, que corresponde exatamente ao aumento das temperaturas máximas em 5°C com relação à média mensal.

Para a emissão de um aviso especial de onda de calor, é necessário observar o critério do número de dias consecutivos de atuação do fenômeno. Quando há persistência do fenômeno por dois ou três dias consecutivos, há emissão de aviso meteorológico especial de nível amarelo, que indica perigo potencial. Se a persistência for de três a cinco dias, o aviso é de perigo. E se ultrapassar mais de cinco dias será de grande perigo.

Para o coordenador do 2° Distrito de Meteorologia do Inmet/Pará, José Raimundo Abreu, apesar das altas temperaturas, este padrão não está sendo observado no Pará. “Não concordo com essa onda de calor envolvendo o Pará. Nada se enquadra aqui para a nossa região. Nunca a temperatura aumentou 5°C em Belém de um dia para o outro ou de uma semana para a outra. Embora esteja muito calor”, disse. “As maiores temperaturas são no Sul do Pará, mas mesmo na sexta-feira (22) teve uma quebra porque choveu em grande parte do estado”, informou o especialista, acrescentando que, inclusive, houve a ocorrência de chuva de granizo no município de Placas, oeste paraense.

BELÉM

Abreu informou ainda que a capital paraense está há quase 60 dias com as temperaturas máximas em torno dos 35°C, sendo que a maior do ano foi registrada na última quarta-feira (20), quando os termômetros marcaram 36°C. “Agosto, setembro, outubro e novembro são os meses menos chuvosos. O fenômeno El Niño reduziu as chuvas e nuvens, e favoreceu as altas temperaturas. A população tem razão de achar que está muito quente. Mas, o máximo que vai aumentar em Belém é meio grau, podendo chegar até 36°C”, reforça.

Além disso, o meteorologista lembrou que a maior temperatura foi registrada em Belém em 2017, quando a capital alcançou 37°C. Até novembro deste ano, é possível que a temperatura alcance novamente esta marca. A influência do El Niño somada a outras condicionantes como a posição geográfica distante do oceano atlântico contribuem para o registro de temperaturas mais elevadas em outras regiões do estado, a exemplo do sul, sudeste e oeste paraense. Segundo José Raimundo, o município que registra as maiores temperaturas neste período é Itaituba, no oeste paraense, alcançando 38.8°C.

No extremo sul, Santana do Araguaia marcou 38.3°C; Dom Eliseu entre 36°C e 37°C; Redenção entre 37°C e 38°C; Tucuruí 37°C; Santa Maria das Barreiras 38.1°C; Tomé-Açu 36°C; Tucumã 36.4°C; Xinguara 36.7°C; Transamazônica 36°C a 37°C; Breves 35.5°C e Monte Alegre 35.5°C.

“As menores máximas são na região litorânea, com Salinas e Bragança marcando entre 32°C a 33°C. Em linha reta, se pegarmos Salinas até o sul do Pará, as temperaturas vão aumentando, porque lá não tem a ventilação do oceano atlântico. Muito cuidado no sul e sudeste para não provocar incêndios, porque a mata está seca e com muitos dias sem chuva”, disse Abreu, acrescentando que podem ocorrer chuvas pontuais em áreas isoladas pelo estado.

O calor tem incomodado os belenenses até mesmo no período noturno e prejudica o sono. É o caso do despachante Silvio Souza, 60. O morador do bairro do Marco conta que utiliza o ventilador não está ajudando a reduzir a sensação térmica dentro de casa. “Até pela madrugada, mesmo com ventilador, a gente fica suando. A quentura é demais. Só não é mais quente porque em frente de casa tem várias árvores e a gente fica de tarde lá embaixo, porque não dá para ficar dentro de casa. É muito quente”, disse.