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Paysandu renova torcida e dá show na arquibancada

O Paysandu conheceu neste sábado quase todos os adversários que vai encarar na Série B do ano que vem, além de Manaus, Brusque, Operário-PR. Foto: Jorge Luís Totti/PSC
O Paysandu conheceu neste sábado quase todos os adversários que vai encarar na Série B do ano que vem, além de Manaus, Brusque, Operário-PR. Foto: Jorge Luís Totti/PSC

Nildo Lima

A torcida do Paysandu vem dando um show na reta final da Série C do Brasileiro, se constituindo, verdadeiramente, no 12º jogador do time. A prova maior da força da Fiel foi dada na vitória sobre o Botafogo-PB, na 2ª partida do Papão, em Belém, valendo pela fase de quadrangular de acesso à Série B de 2024. Quase 50 mil torcedores bicolores ocuparam as arquibancadas e cadeiras do Mangueirão, superando até mesmo o público de Brasil e Bolívia, no mesmo local, pelas eliminatórias do Mundial de 2026. Um panorama que, tudo indica, deve se repetir no próximo dia 1º de outubro, contra o Amazonas-AM.

Com tanta empolgação, independente do resultado do jogo de ontem, contra o mesmo Botafogo, só que em João Pessoa, a Fiel deve voltar a lotar o Colosso do Bengui, com cerca de 40 mil entradas já tendo sido vendidos, segundo informações do clube. O esperado novo grande público, com toda a certeza, fará com que o Papão se isole ainda mais na liderança do ranking de público da Série C. Com um público total de 117.345 torcedores e média de 11.735 pessoas em dez jogos, o Paysandu ocupava até a última sexta-feira a 22ª colocação no ranking de público, juntando todas as Séries do Brasileiro – A, B, C e D.

A façanha protagonizada pela Fiel faz com que a torcida bicolor seja motivo de comentários positivos na mídia nacional. E nem poderia ser diferente, afinal de contas, mesmo disputando a Terceira Divisão do Nacional, o Paysandu consegue superar em público alguns dos clubes que disputam a elite do futebol brasileiro. Entre estes está o Santos-SP, 23º do ranking, com uma legião de torcedores espalhados pelo país inteiro. O Peixe, como é apelidado o time santista, arrastou em oito jogos um total de 90.256 torcedores à Vila Belmiro, com média de 11.282 pessoas por partida.

Para não ficar apenas no Santos, o Papão também tem marca superior a do Goiás-GO (97.2776/ 88.106), 26º e do Bragantino-SP (64.826/5.402), 32º da lista. Motivo de orgulho para um clube da Região Norte, quase sempre desprezada pelos chamados grandes centros. Em se tratando de B,, o “banho” bicolor é ainda maior, com o Papão só ficando atrás do Ceará-CE, Vitória-BA, Sport-PE e Criciúma-SC. Na Série D, que foi disputada por um total de 64 clubes, o Paysandu superou, com folga, todos os participantes da última série do Brasileiro. Caso chegue ao título da Série C, grande parte da conquista pode ser, sem favor, creditado à Fiel.

 

Clube ganha forças das mulheres e crianças

O fato de o time ter sido obrigado a disputar dois jogos com público limitado a mulheres, crianças e adolescentes – Pouso Alegre-MG, 1ª fase, e Volta Redonda-RJ, 2ª etapa -, longe de ter feito mal ao Paysandu parece ter permitido ao clube a descoberta de um novo “filão”, sobretudo no que diz respeito ao público feminino. O mulherio parece ter descoberto de vez a magia de um estádio de futebol, antes preterido por elas em detrimento de outras formas de lazer. Isso ficou evidenciado no jogo contra o Botafogo-PB, que voltou a ter público geral, mas com uma grande participação das mulheres.

 

Não existe estatística oficial quanto ao número de mulheres presentes no domingo passado no Mangueirão, mas, se valendo do “olhometro” qualquer observador atento ao público nos jogos do Paysandu pôde constatar, sem dificuldade, um número bem maior de mulheres em relação a partidas anteriores com público sem restrições. Uma dessas mulheres que estiveram no estádio foi Cláudia Santos de Almeida, de 42 anos, moradora do bairro do Marambaia. Sua estreia em estádio se deu no jogo da Curuzu, contra o Volta Redonda-RJ, o último com limitação de público imposta pela Justiça Desportiva.

“Nunca tinha ido a um estádio de futebol. Sempre passei pela frente da Curuzu indo e vindo do meu trabalho, mas jamais tinha ido ao estádio”, conta. “Com o incentivo do meu marido e do meu filho, que também são Papão, acabei criando coragem e topei ir ao jogo. Foi uma experiência maravilhosa e agora, sempre que possível, estarei nas arquibancadas, como aconteceu no jogo passado”, relata a torcedora. Afora o encanto do futebol, outros fatores que também despertaram o desejo das mulheres em comparecer ao Mangueirão, sem dúvida, foi a reforma do estádio e também o fato de o Papão cumprir boa jornada no Brasileiro.