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Com dona Onete, Festival Pará toma conta do Rio

Dona Onete canta seu carimbó chamegado no Rio.
Dona Onete canta seu carimbó chamegado no Rio.

Da Redação

A produção paraense está em destaque no Brasil. No Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, este sábado, 23, e domingo, 24, são dias de Festival Pará, com diversas atrações relacionadas à cultura do estado, incluindo show da rainha do carimbó chamegado, Dona Onete. Dirigido à cultura popular, o museu também recebe a itinerância da 58ª Ocupação do Itaú Cultural, exposição dedicada à cantora paraense, com um vasto material sobre sua vida e carreira.

Além da autora de “Jamburana”, haverá a participação da neta da artista, Josivana Rodrigues, com a realização de uma oficina de “Contos de Dona Onete”. Com curadoria do Núcleo de Artes Cênicas, Literatura e Música do Itaú Cultural, a mostra ficará em cartaz para visitação gratuita até 25 de fevereiro no Museu do Pontal.

Neste recorte da Ocupação Dona Onete no museu carioca, o público poderá conhecer mais sobre ela por meio de fotografias, pôsteres de shows que ela fez pelo mundo, documentos, manuscritos de músicas como “Banho de Cheiro”, “Lua Morena”, “Jamburana”, “Sonhos de Adolescente”, “Feitiço Caboclo”, entre outros, além de audiovisuais com depoimentos, shows e entrevistas.

Dona Onete conta que está muito feliz com a fase que está vivendo, colhendo os frutos de seu trabalho. “Ser reconhecida representa muita coisa, principalmente agora que eu estou com 84 anos. É especial ainda porque traz a minha neta para compartilhar um pouco da história da gente”, diz ela, cuja obra foi recentemente reconhecida pela Assembleia Legislativa do Pará como patrimônio imaterial paraense.

Neste sábado à noite, vai um grande show, ela promete. “Estou contando com a presença do pessoal daqui do Rio, que eu sei que é o meu público, e estou sabendo também que o pessoal do Pará torce muito, além da minha saúde, pelo meu sucesso, que é nosso, porque o sucesso não é meu, mas é de todos os paraenses que gostam que falem da sua terra com sabor, com sorriso. É assim que Dona Onete fala com toda a coisa que é bela. Dou mais um sabor assim, com o meu sorriso, e falando no nosso sotaque, que é maravilhoso. Vou cantar ‘Meu curió cantador’, que remete a um pássaro da Amazônia, e que é uma das músicas do meu novo CD”, antecipa.

A construção do projeto da Ocupação Dona Onete surgiu de surpresa na vida da cantora, que diz ter ficado maravilhada com o resultado.

“Eu já estava, digamos que guardando todas as minhas coisas, e o tempo vai passando. De repente o Itaú Cultural apareceu querendo saber da minha história. Graças a Deus que eu ainda tinha muitas coisas para mostrar, porque muitas coisas já foram extraviadas. Tive a oportunidade de mostrar também a história de muitas pessoas do Pará, numa forma de difundir a cultura do estado. Quando me vi, com toda aquela história, desde o Hino de Nossa Senhora de Nazaré, da Nossa Nazinha, eu cantando e eles me filmaram, eu juro para vocês que eu me senti que ali eu já estava realizada de tudo”.

Depois de tudo filmado e comprovado, a artista participa dessa continuidade ao trabalho iniciado em março pelo Itaú Cultural. “Estou aqui no Museu do Pontal, trazendo de novo um show de continuação desse projeto do Itaú Cultural. E não sou só eu, tem muita gente no Pará que ainda precisa ser mostrada. A história não é só minha, a história é nossa. A história é de todos os paraenses”, diz a cantora.

E são muitos os paraenses representados no Festival Pará, além de Dona Onete. Dentre eles, Mestre Damasceno, que aos 68 anos continua ativo no carimbó, com seu grupo Nativos Marajoara, e vai ministrar oficina além de conversar com o público sobre carimbó. Também o guitarrista e percussionista Félix Robatto, além do multiartista Gust, que vai apresentar o set performance “Mata e Come”, com flash brega, guitarrada, cumbia, lambada, calypso e ritmos caribenhos, enquanto projeta imagens que exploram cosmovisões periféricas da Amazônia.

Ainda tem o Grupo Folclórico Cultural Flores da Alegria, com uma apresentação dança de carimbó de um projeto social de mulheres do município de Nilópolis, e os grupos Carimbaby e Carimbó da Pedra, este último com lendas brasileiras para falar de preservação da natureza. Também tem uma sessão de curtas-metragens de realizadores paraenses, num programa voltado especialmente para as crianças, com “A Turma do Jambu” (episódio Boitatá), “Contos Mirabolantes – O Olho do Mapinguari”, “As Icambiabas” (episódio Lagartas Boreais), e “Os Dinâmicos” (episódios Monstrinhos de Estimação e Lambada do Fantasma).