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Simpósio discute regeneração natural em áreas degradadas da Amazônia

Estado diminuiu área recoberta por alertas em 1.199 km2, de acordo com dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Dados do Inpe apontam redução equivalente a 35,3% de toda a região no período de agosto a dezembro de 2023 Foto: Agência Pará

As pesquisas realizadas nos últimos 30 anos demonstram que um dos caminhos para mitigar as   mudanças   climáticas, conservar a biodiversidade e restaurar o ecossistema passa pela regeneração natural das florestas tropicais. Estratégias desse tipo serão discutidas no simpósio científico “A regeneração natural da floresta amazônica no contexto da regularização ambiental e da restauração florestal”, que ocorre no dia 25 de setembro, no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). As inscrições estão abertas e são limitadas.

O objetivo do evento é reunir pesquisadores, técnicos e demais especialistas e interessados na área para apresentar dados, experiências e discutir o potencial de contribuição desse processo para o reestabelecimento das condições ecológicas da floresta e o aumento dos estoques de carbono, por exemplo.

A pesquisadora do MPEG, Ima Vieira, esclarece que a regeneração é o processo natural de estabelecimento de espécies nativas em uma área alterada ou degradada, enquanto que a restauração envolve as ações de auxílio na recuperação de ecossistemas degradados, em que se busca resgatar aspectos estruturais e funcionais observados nos sistemas de referência.

Na Amazônia, 23% das áreas desmatadas já estão em processo de regeneração, no entanto acredita-se que essa estratégia pode ser reforçada, visto que cerca de oito milhões de hectares precisam ser restaurados dentro de propriedades rurais da região, de acordo com as exigências da Lei de Proteção da Vegetação Nativa.

“Consideramos que o aproveitamento da regeneração natural em áreas que foram desmatadas e abandonadas ou degradadas pelo fogo é importante para além de cuidar de processos naturais de sucessão, pois pode agregar valores econômicos pelo menor custo de sua implantação. Não há um só modelo de restauração, mas certamente aproveitar a regeneração natural de uma área degradada ou alterada é super importante para a restauração dos processos ecológicos”, ressalta Ima Vieira.

Nesse sentido, o simpósio contará com uma série de exposições que abordam as iniciativas, os avanços e desafios do tema, explorando aspectos como o mapeamento e monitoramento da regeneração natural na região, as transições de usos da terra na Amazônia e as medidas de governança das florestas secundárias.

Outro destaque da programação será o lançamento do website, de infográficos e dados do projeto Regenera – Amazônia, coordenado pelas doutoras Rita Mesquita e Catarina Jakovac, que visa elaborar indicadores de monitoramento e avaliação do processo de regeneração em projetos de recuperação de áreas degradadas.

“Pautar políticas e ações baseadas em evidências e não em opiniões é fundamental na Amazônia, onde vários interesses se estabelecem, muitos deles conflituosos. E no meio de tantas informações, projeções, opiniões, é desafiador tentar mostrar resultados de pesquisa para a utilização destes pelos formuladores de políticas públicas. É o que pretendemos com esse Simpósio Científico”, afirma a pesquisadora.

Para o secretário adjunto de meio ambiente e sustentabilidade, Rodolpho Zaluth, a proposta do simpósio fortalece a perspectiva de que a ciência deve ser uma aliada para a implementação de políticas públicas por ser um campo capaz de evidenciar os contornos sociais, econômicos e culturais da questão ambiental.

“Isso reforça o papel crucial da interação entre ciência e poder público na elaboração de políticas de restauração florestal, garantindo que as tomadas de decisão política de estratégias de restauração florestal estejam ancoradas em conhecimento científico e, portanto, melhor adaptadas às dinâmicas territoriais e socioeconômicas do estado do Pará”, destaca.

O simpósio é promovido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e do programa Regulariza Pará; com apoio do projeto SinBiose, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Equatorial Energia.

Fonte: Agência Museu Goeldi