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Gerson Nogueira: 'Paysandu a três pontos do paraíso'

Eltinho, lateral-esquerdo, foi desligado do Payandu. Foto: Márcio Melo/Paysandu
Eltinho, lateral-esquerdo, foi desligado do Payandu. Foto: Márcio Melo/Paysandu

A três pontos do paraíso

O Papão faz amanhã, no estádio Almeidão, em João Pessoa, o jogo mais importante da temporada, talvez até da década. Uma vitória vale a conquista do acesso à Série B 2024. Diante do Botafogo-PB, corações e mentes bicolores estarão em campo e fora dele mentalizando por um resultado vitorioso.

São boas as possibilidades bicolores na partida, embora seja evidente que o dono da casa irá partir para um jogo desesperado e perigoso. Acontece que um time atormentado pela necessidade de fazer resultado fica também mais sujeito a tomar contra-ataques e entregar o ouro em casa.

Com um meio-de-campo que deve mesclar a qualidade individual de Alencar e Robinho com a combatividade de Jacy Maranhão, o técnico Hélio dos Anjos parece disposto a estender a capacidade de tocar a bola utilizando Ronaldo Mendes e Vinícius Leite na frente.

A formação no 4-3-2-1 foi a que terminou o confronto contra o mesmo Belo, domingo passado, no estádio Mangueirão. E funcionou muitíssimo bem, com a exploração inteligente dos espaços permitidos pela equipe paraibana, muito em função do cansaço e da desorganização da zaga.

Ronaldo Mendes, que estreou diante do Náutico na Curuzu, contribuindo para a reação espetacular que levou ao placar de 4 a 2, vem aprimorando sua capacidade de funcionar como suporte das ações pelos lados.

Além de dispor de recursos para a troca de passes, ele consegue avançar pelos lados, trocando figurinhas com os laterais. Vinícius Leite tem a mesma capacidade de reter a bola e destaca-se ainda pelos cruzamentos bem calibrados, como o que conduziu a bola até Jacy para o gol salvador no Mangueirão.

Eltinho deve ser lançado na lateral-esquerda, substituindo a Kevyn, cujo rendimento tem sido abaixo do esperado. No miolo da zaga, segue a dupla Wanderson-Wellington Carvalho. No geral, o PSC de amanhã será o mesmo que vem jogando (e vencendo) desde os últimos jogos da etapa de classificação do campeonato.

Marinho Peres, o adeus discreto de um beque das antigas

Capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, Marinho Peres morreu na segunda-feira (18), aos 76 anos. Foi um zagueiro de trajetória singular e comportamento imprevisível. Naquele Mundial, coube a ele servir de uma espécie de escudo para os confrontos entre Emerson Leão e Marinho Chagas.

Ao lado de Luís Pereira, ele era o homem do primeiro combate na linha final, razão de ter encarado uma batalha inglória com Johan Cruyff e seus companheiros no jogo que eliminou o Brasil.

Elegante na postura e pinta de galã, comparado ao astro hollywoodiano Burt Lancaster, Marinho era um boa-praça e levava a vida de forma tranquila. Construiu uma carreira sólida e respeitável, desde o início no S. Bento de Sorocaba. Passou pela Portuguesa de Desportos, Santos, Barcelona, Internacional e Palmeiras.

No Santos, viveu o período final de Pelé na Vila Belmiro. Entre 1972 e 1974, disputou 94 jogos e fez cinco gols. A passagem pelo Barcelona foi curta, mas no retorno ele foi defender o Inter, onde foi campeão brasileiro na temporada de 1976.

Como técnico, ele se aproximou do torcedor paraense, dirigindo o PSC. Foi treinador do Santos em duas oportunidades (1988 e 2008). Na nova função, venceu a Taça Guanabara, pelo Botafogo, em 1997, e a Taça de Portugal pelo Belenenses, em 1989.

A passagem pelo Papão foi marcada por um episódio meio inusitado. Marinho costumava andar nu pelo vestiário e entrava na banheira com os comandados, para espanto de auxiliares e dirigentes.

Muricybol (e suas vertentes) jamais sai de moda no Brasil

Contra o Grêmio, ontem à noite, em Porto Alegre, o Palmeiras cruzou nada menos que 43 bolas na área, revelando que o boquirroto Abel Ferreira não está muito longe da formulação de jogo que fez a glória de Muricy Ramalho no São Paulo, responsável pelo batismo da jogada de ataque mais rotineira e manjada do futebol brasileiro.

Chuveirinho fez a fama também de Cuca, em período mais recente, mas o Palmeiras de Abel leva a nível máximo a prática de mandar bolas na área na esperança de que alguém chegue para cabecear ou meter a perna.

Quando treinadores ficam falando, de forma didática e entusiasmada, sobre a eficácia dos cruzamentos, obviamente estão querendo enganar neófitos na matéria. Quem acompanha futebol sabe que não há ciência possível em bolas erguidas em direção ao ataque.

Tudo ali é intenção de jogadas aleatórias. A ampla movimentação de defensores e atacantes na área não permite que se estabeleça um mínimo de estudo eficiente sobre onde a bola vai cair ou bater. É claro que, se houver um descuido e a bola se oferecer a um atacante, aumenta exponencialmente a possibilidade de gol.

Ocorre que a bola pode esbarrar num zagueiro ou desviar em alguém e entrar, o que segue confirmando o sentido aleatório da jogada mais recorrente no futebol brasileiro desde os anos 90.

Contra o Grêmio, o Palmeiras botou em prática o que sabe fazer de melhor: repetir cruzamentos exaustivamente. Às vezes, até pela insistência, dá certo e a vitória vem. Outras vezes, não adianta e mesmo que o jogo tivesse 120 minutos a bola não entraria, como ocorreu ontem.