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Pesquisadores realizam estudo sobre as florestas urbanas na Grande Belém

Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Com os termômetros chegando a alcançar 40° em algumas cidades, encontrar um lugar à sombra, especialmente embaixo de uma árvore, deixa de ser um privilégio e passa a ser uma necessidade. Se forem várias árvores crescendo juntas e formando uma floresta, melhor ainda.

Mas na área urbana,  onde elas estão? Desde 2018 professores e alunos do curso de engenharia florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Belém, realizam mapeamento e estudos de reconhecimento sobre as florestas urbanas do arranjo populacional de Belém.

O projeto “Dinâmica de florestas urbanas e seu efeito no planejamento de ecossistemas antropizados de Belém e região” visa entender como essas florestas estão funcionando ecologicamente, fitossanidade, quantas arvores estão crescendo, qual o ritmo de crescimento, uso do solo e como elas estão morrendo.

“A maioria das florestas de Belém são periurbanas. Nosso mapeamento em 2018 detectou que há 40% florestas periurbanas no arranjo populacional de Belém, compreendendo os municípios de Ananindeua, Marituba e Benevides. Já florestas urbanas, que são aquelas inseridas nas áreas urbanas consolidas e que estão isoladas, essas são pouquíssimas e se concentram especialmente em áreas militares”, explica o professor Fabiano Emmert, engenheiro florestal e coordenador do projeto. Outras áreas são a própria Ufra, Bosque Rodrigues Alves, Museu Emílio Goeldi e Parque do Utinga.

Segundo o professor, as florestas são um componente importante de ecossistemas urbanos, sobretudo quando se pensa em desenvolvimento de cidades sustentáveis. “Elas trazem vários benefícios, alguns intangíveis, como lazer, sombra, estar dentro da floresta. Outros benefícios são físicos, pois as florestas ajudam a reduzir escoamento superficial, são áreas de grande biodiversidade, atuam na regulação climática, promovem atenuação da poluição”, explica o professor Fabiano Emmert, engenheiro florestal e coordenador do projeto.

Desde 2018 professores e alunos do curso de engenharia florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Belém, realizam mapeamento e estudos de reconhecimento sobre as florestas urbanas do arranjo populacional de Belém. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Para começar as análises, foi feito um experimento em uma área de um hectare na Ufra, uma floresta de aproximadamente 30 anos e que está sendo monitorada desde 2018. O professor explica que somente nesse hectare de floresta foram encontradas em torno de 60 espécies de árvores, cerca de 4 mil árvores de diâmetro bem pequeno, à altura do peito, e 300 árvores acima de 10 cm.

“Com o monitoramento, nós já conseguimos compreender como essa floresta está funcionando. Ela representa bem as florestas de Belém de modo geral. É uma floresta secundária , que já serviu de plantio, de experimentos antigos, plantio de seringa, monoculturas e foi deixada, e começou a se recuperar por ela mesma, que é bem o retrato de várias florestas aqui da região. É um indicativo de possibilidades de regeneração de outras florestas com o mesmo perfil”, explica o professor.

A partir do experimento na Ufra os pesquisadores expandiram a a pesquisa para outras florestas da região. “Saímos do local e da escala ecológica de funcionando, até o entendimento de como a floresta urbana impacta a vida dos habitantes da cidade. Com isso desenvolvemos estudos para entender a diversidade de espécies, concentração de carbono, biomassa, de que forma áreas verdes estão relacionadas com maiores preços de imóveis, ou seja, florestas urbanas já mostram sinais de importância e especulação imobiliária”, disse.

Uma das florestas analisadas pelos pesquisadores foi o Bosque Rodrigues Alves, cuja localização está em uma das principais avenidas da cidade de Belém: a Almirante Barroso. No local foram feitos vários trabalhos de alunos a partir de parte dos dados de inventário florestal que o próprio bosque cedeu.

“O bosque é uma floresta madura, é uma floresta centenária que está lá e representa nosso desejo de que todas as florestas daqui chegassem ao porte do bosque. Em 15 hectares ele possui um estoque representativo de carbono, mas ainda não sabemos o quanto é sequestrado e o quanto é emitido, já que vez ou outra nos deparamos com quedas de árvores”, diz.

O próximo estudo será justamente voltado à mortalidade de árvores, sobre como elas estão respondendo à pressão antrópica e à mudança de clima. “No experimento na universidade, a floresta está crescendo, as arvores estão aumentando de tamanho, mas também estamos verificando sinais de mortalidade, muitas arvores morrendo, certa direção predominante de queda, modo de queda, impactos de tempestade chuvas fortes, dentre outros”, explica.

Fonte: Ascom Ufra