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Paraenses protagonizam debates na Feira do Livro em Belém

Vencedora do Jabuti, a paraense Monique Malcher participa de duas mesas com autores.

FOTO: divulgação
Vencedora do Jabuti, a paraense Monique Malcher participa de duas mesas com autores. FOTO: divulgação

A escritora e artista visual Monique Malcher, vencedora do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Contos, com o livro “Flor de Gume”, é uma das autoras convidadas que participarão da feira este ano. Ela conta que estará em dois momentos na Feira do Livro.

Um como mediadora na mesa “Pará das letras: Terra de escritores”, no dia 16, em que estará ao lado dos escritores Airton Souza e Fábio Horácio-Castro, ambos autores premiados nacionalmente. Noutro, enquanto autora, no mesmo dia, ao lado novamente de Airton Souza e do escritor Edyr Augusto, onde conversarão sobre produção literária e o caminho para o reconhecimento, no estande da Fundação Cultural do Pará.

Nascida em Santarém, oeste do Pará, Monique Malcher hoje reside em São Paulo. Mestre em Antropologia pela UFPA e doutoranda interdisciplinar em Ciências Humanas pela UFSC, ela pesquisa literatura e quadrinhos produzidos por mulheres.

É a segunda autora paraense a ganhar um Jabuti no eixo literatura, em 64 anos de premiação – Olga Savary foi premiada em 1971. Em 2021, seu livro “Flor de gume” foi um dos mais lidos pelo projeto “Leia Mulheres” – que promove rodas de leitura em todo o Brasil, para divulgar obras de autoras mulheres – e, dois anos depois, continua rendendo frutos.

Já em 2023, o livro foi homenageado em Boston, nos Estados Unidos, em eventos das bibliotecas Cambridge Public Library e Boston Public Library, além de ter sido incluído em estudos de gênero na prestigiada universidade de Harvard.

Na primeira mesa, ela diz que quer instigar os dois escritores, que foram ganhadores recentes do Prêmio Sesc de Literatura, a falarem sobre suas diferentes formas de criar, seus processos artísticos que são atravessados por suas raízes amazônidas, que são plurais e complexas.

“Ser uma escritora nascida no Pará, em Santarém, e especificamente ter crescido em um contexto de periferia, moldou muito o meu interesse em temas em que pessoas trabalhadoras e mais pobres sejam a centralidade de minhas histórias”, diz a escritora. Nesse aspecto, Monique Malcher diz que os próprios autores amazônicos ainda buscam mais espaço.

“O que melhorou foi o alcance de nossa voz como artistas/ escritores, mas o panorama ainda é de disputa quando falamos de identidade, pois existem muitas pessoas falando sobre a Amazônia, mas como estão falando? A disputa da qual falo é fazer com que outros lugares compreendam de onde falo e que minha existência e experiência não é a única que representa nosso lugar; que a literatura produzida por nós é literatura brasileira, pois construímos e morremos na construção desse território”, aborda.

“São escritores que leio, admiro, e sei a importância de cada um para outras pessoas e para a literatura brasileira. Todos temos em comum o gosto pela palavra poética, que aponta para questões que são feridas. Escrever, para mim, é relatar aos que chegam neste mundo, aos que estão e aos que vão chegar quando eu não estiver mais, além de como é pisar e lutar neste território. As histórias que conto e quero contar não são para fazer nenhum colonizador dormir. Meu prazer e objetivo é retirar o sossego”, observa Monique Malcher.